Cleber Barbosa
Editor de Turismo
Ele morou por 18 anos na Argentina, tem forte sotaque hispânico, que impregnou nas cinco línguas que fala, entre elas o nosso português. Mas este suíço de nascimento é um cidadão do mundo e alguém que se diz apaixonado pela Amazônia e em especial o Amapá, onde nasceram duas filhas e, claro, sua esposa. A convite da Rádio Diário FM ele compareceu ao programa Conexão Brasília, para fazer um diagnóstico sobre como reencontrou o Estado onde morou por 14 anos, quando era gerente do – à época – imponente Novotel Macapá.
Ele chegou ao antigo Território Federal do Amapá em outubro de 1984, sendo o segundo gerente-geral do Novotel, que pertencia a um grupo francês de hotelaria, o Accor, hoje o maior do mundo neste segmento. “Hoje esse grupo possui seis redes hoteleiras, como Ibis, Mercure, Sofitel, entre outras espalhadas pelo mundo todo, além de restaurantes industriais que eu também fiz parte, como a GR do Brasil”, diz ele.
Cachoeira de Santo Antônio, no Rio Jari |
O especialista topou falar sobre como reencontrou a Macapá trinta anos depois. Sua crítica construtiva vai direto ao estado de conservação das ruas e avenidas da cidade. “Totalmente esburacadas e sem calçadas”, diz.
Pontos turísticos estão mal cuidados, diz Born
Mas nem tudo são rosas na visão de Diego Born sobre o Amapá. Nessa volta ao Estado ele faz críticas ao estado em que se encontram muitos locais turísticos de Macapá, como a Praça Beira Rio. “Eu me lembro que em 1984 se eu botasse os pés na grama da Praça Zagury tinha uma guarda que apitava e me fazia sair de cima da grana na hora! Era cuidada a praça”. Ele também faz críticas ao estado do Trapiche Eliezer Levy, das rampas do Santa Inês que ele diz terem ficado em posição incorreta devido não terem observado o real movimento das marés. Diego diz ter percorrido a orla, desde em frente a Residência Governamental, passando pelo Igarapé das Mulheres e o Perpétuo Socorro e diz ter encontrado tudo muito sujo, quebrado e sem a menor condição de receber tanto turistas como moradores da cidade. “E inseguro, principalmente, como o Araxá, caindo aos pedaços”, diz, desolado.
Ele também visitou o Curiaú e a Fazendinha, que naqueles tempos eram o ‘point’ da cidade, um local de referência, para onde todo mundo que visitava Macapá era encaminhado a visitar a Fazendinha e comer camarão. “Hoje está uma vergonha. O que foi feito com Macapá?”, indaga o especialista em turismo.
O que o turista de fora mais gosta ao visitar o Brasil é a hospitalidade local
Como exemplo de que só potencial não adianta, cita a Cachoeira de Santo Antônio, no Rio Jari, cujas fotos sempre aparecem nas folheterias e material promocional do Amapá como destino turístico. “Porém é preciso ter um programa de visitas regulares para lá. É preciso também falar a língua, pensar no conforto e na segurança desse turista, não precisa nem ser um hóspede de hotel cinco estrelas ou um mochileiro, mas todas as informações turísticas precisam ser confiáveis, dar as garantias de que vai acontecer”, diz o especialista. Diego compara o receptivo a um turista como o gesto de receber um visitante em casa. Nessas ocasiões as pessoas verificam se o banheiro está limpo, arrumam um quarto com a melhor roupa de cama e servem uma boa comida. “E deve ser exatamente a mesma coisa com o turista, em qualquer lugar do mundo, onde todos querem ser bem atendidos”, completa.
Ele diz que o turismo passou por mudanças importantes desde os anos 80 para cá. Países como a Espanha, a própria Suíça, Itália e França tem um número de turistas igual ao de suas próprias populações. “Nós temos hoje no Brasil 200 milhões de habitantes e só recebemos em 2013 5,7 milhões de turistas. Enquanto isso, países em desenvolvimento como o Peru, com uma população de 3,5 milhões de habitantes que recebe a mesma quantidade de turistas, como o Chile também, o Uruguai com 3,2 milhões de turistas e a Argentina com 2,4 milhões de visitante por ano”, enumera. Diego Born diz ser verdade aquela frase comum de que o turismo é uma fábrica sem chaminé, só que não dá voto aos políticos, daí entender que por aqui o turismo é visto como algo que não rende politicamente. “Mas têm países que veem o turismo como a primeira, a segunda e a terceira atividade econômica mais importante”, exemplifica.
CURIOSIDADES
"O que mais chama a atenção dos turistas estrangeiros que vêm ao Brasil é a maneira com que os brasileiros os recebem".
Diego Born, Turismólogo
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- O setor deverá gerar 8,9 milhões de empregos diretos e indiretos este ano, segundo dados do Ministério do Turismo.
R$ 466 Bilhões
O impacto do turismo na economia do Brasil/ano.
VISTA AÉREA
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