O governador Camilo Capiberibe manifestou, ontem, ao ministro do trabalho e emprego, Manoel Dias, preocupação com o iminente fechamento de garimpos na Guiana Francesa. O gestor amapaense, como ele disse ao representante do governo federal, teme que caso os garimpos guianenses venham a ser fechados, haja um fluxo migratório de desempregados para o Amapá.
Camilo conversou com Manoel Dias, no Palácio do Setentrião. O ministro veio a Macapá para participar da posse da superintendente da Delegacia Regional do Trabalho no Amapá (DRT-AP), Joelma Santos, ocorrida ontem.
Camilo conversou com Manoel Dias, no Palácio do Setentrião. O ministro veio a Macapá para participar da posse da superintendente da Delegacia Regional do Trabalho no Amapá (DRT-AP), Joelma Santos, ocorrida ontem.
O governador pediu ajuda ao ministro no sentido de que seja feito acordo com o governo francês para que a garimpagem do outro lado do rio Oiapoque não venha a ser encerrada. Evasivo, Manoel Dias disse: “Vamos verificar o modelo de acordo dentro do que foi recentemente aprovado, em termos de leis internacionais, no Congresso Brasileiro”
Outro lado da moeda
Provavelmente, a evasiva do ministro Manoel Dias tem a ver com informações privilegiadas sobre a total impossibilidade do Brasil influir a França acerca do assunto “garimpagem ilegal e fechamento de garimpos”. Inclusive, porque isso fere a soberania nacional francesa e é tratado pelo Palácio do Eliseu (sede do governo francês) como tema de Estado.
É que para a União Europeia (bloco econômico do qual faz parte a França) está fora de qualquer cogitação permitir a garimpagem – ilegal ou autorizada – no Parque Nacional Amazônico da Guiana, que engloba 30% do território guianense. O parque é uma área estritamente fechada para qualquer tipo de atividade, seja ela comercial, industrial ou extrativista, incluindo aí a lavra de ouro. A maior parte dos garimpos da Guiana Francesa fica dentro da área do parque, que consome 33,9 mil quilômetros quadrados (a Guiana Francesa inteira tem 91 mil quilômetros quadrados). Somente as populações indígenas é que vão ficar morando dentro do parque a partir de agora.
Criado em 28 de fevereiro de 2007, o Parque Nacional Amazônico da Guiana abriga garimpeiros ilegais há décadas. Mas foi só a partir dos anos 1980 que o fluxo de brasileiros aumentou. O maior medo das autoridades francesas é que a abertura da ponte binacional sobre o rio Oiapoque estimule boa parte dos 19 milhões de brasileiros que vivem an Amazônia a cruzarem a fronteira em busca de melhores condições de vida nos garimpos ou na construção civil. O risco é iminente. Tanto que num plebiscito ocorrido há dois anos a po-pulação da Guiana Francesa optou por não se desligar do governo central, de Paris, a fim de garantir a segurança nacional contra uma suposta invasão brasileira ao outro lado da fronteira.
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