Presidente da Confraria Tucuju, a advogada Telma Duarte |
Ela é falante, polêmica até por seus posicionamentos sempre firmes e retórica contundente. Mas ninguém tira de Telma Duarte a vocação para agregar valor à tradição de reunir o povo a cada 4 de fevereiro em torno da programação de aniversário da cidade de Macapá, que na próxima terça-feira vai completar 256 anos de fundação. Ela preside a Confraria Tucuju, que reúne pioneiros do antigo território do Amapá e seus descendentes para resgatar a memória daqueles que ajudaram a construir a cidade e a torná-la uma capital importante. Telma foi ontem ao programa Conexão Brasília, na Diário FM, ocasião em que falou do esmero em preparar uma festa digna da relevância da aniversariante da semana.
Cleber Barbosa
Da redação
Diário do Amapá – No convite para a festa de aniversário da cidade a senhora resgata aquele velho bordão de Macapá Cidade Jóia da Amazônia. Como é isso?
Telma Duarte – É, neste ano, Macapá está completando 256 anos e essa festa foi resgatada pelos pioneiros da cidade através da Confraria Tucuju há 17 anos. Então eu sempre bato na mesa e digo: “Essa festa é nossa”, porque todo mundo quer tomar conta agora, porque ela cresceu.
Telma Duarte – É, neste ano, Macapá está completando 256 anos e essa festa foi resgatada pelos pioneiros da cidade através da Confraria Tucuju há 17 anos. Então eu sempre bato na mesa e digo: “Essa festa é nossa”, porque todo mundo quer tomar conta agora, porque ela cresceu.
Diário – Até no tamanho do bolo.
Telma – Isso. Começou com um pequeno bolo na porta da Igreja Matriz de São José, com 15 ou 20 pioneiros cantando o ‘Parabéns a Você’ no 4 de fevereiro, uma festa que ficou esquecida por muitos e muitos anos. Nós éramos parte do estado do Pará e depois passamos a ser Teritório Federal, em 1943 e essa data do 4 de fevereiro ninguém nem sabia que existia no calendário dos eventos quando da criação do Estado do Amapá.
Diário – E por que a Confraria Tucuju decidiu resgatar a festa?
Telma – A Confraria surgiu como um braço de resistência em favor da cultura e da história deste estado. Agora chegamos à 17ª edição da festa, pois a Confraria está completando 18 anos. Daí o nosso empenho em fazer neste ano uma festa ainda mais bonita.
Diário – E maior, não é?
Telma – Essa festa cresceu tanto que aquele bolo pequeno se transformou num bolo de 50 metros. A festa de menos de 20 pioneiros se tornou um evento para 5 mil a 6 mil pessoas, uma festa realmente que cresce a cada ano. Mas o importante neste dia não é só o bolo, a feijoada, o show sabe? Eu acho que o mais importante é o sentimento que a gente tem que ter por esta cidade. Não é só fazendo discurso, mas tomando atitudes.
Diário – Por exemplo?
Telma – Tomando atitudes para desenvolver, fazer crescer nossa cidade. Nós munícipes somos responsáveis também por essa cidade, não é coisa só para os políticos não, a gente fica cobrando, mas também devemos fazer a nossa parte, mantendo a frente das nossas casas sempre limpa, acondicionando o nosso lixo, não jogando entulho na rua, quer dizer, nós temos que começar a nos educar para nos tornar um povo desenvolvido.
Diário – E sobre o bordão da Cidade Jóia que falei antes?
Telma – Pois é, pegamos emprestado esse bordão do radialista Jota Ney para motivar mesmo, afinal se ela não está joia agora esperamos que volte a ser uma cidade joia da Amazônia. Só depende de nós. A gente tem que ter essa consciência no 4 de fevereiro. Por isso eu queria convidar todos os munícipes a participar da nossa grande programação, que já é tradicional.
Diário – Como vai ser então?
Telma – Começa a missa às 8 horas da manhã na Matriz de São José, que foi o primeiro prédio da cidade de Macapá, ela é mais antiga que a Fortaleza [de São José de Macapá] e você sabe que a cidade de Macapá se desenvolveu em torno daquela igreja mesmo, por isso que tem essa missa todos os anos. É uma missa muito linda, totalmente diferenciada. Depois teremos o encontro das bandeiras, são as bandeiras do Marabaixo do Laguinho e da Favela se encontrando na porta da Igreja, representando um fato histórico. Depois tem os parabéns para a cidade com o corte do bolo de 50 metros, dividido para todos os bairros de Macapá e distribuído aos presentes. Depois teremos a feijoada do povo tucuju servida na Praça Veiga Cabral, o almoço dos pioneiros que é servido a partir do meio-dia no Largo dos Inocentes pela Confraria Tucuju e um grande show começando a partir das 13 horas se estendendo até às 22 horas.
Diário – Quem participa desse show?
Telma – Vai passar pelo nosso palco tudo aquilo que se faz de música no estado do Amapá. É brega, é hip-hop, é marabaixo, é samba, é pop, é rock, enfim é tudo que se faz em termos de música vai estar presente nessa apresentação. Vamos finalizar com um grande show da Lia Sophia, que é amapaense de coração, criada aqui e que está estourada no sul maravilha. A gente tem mais é que prestigiar a prata da casa né?
Diário – Ela é uma artista realmente completa e que o Brasil está descobrindo.
Telma – Pois é, nós da Confraria Tucuju já havíamos trazido a Lia para um show que era na época de chuva e aconteceu dentro do Sesc Araxá, era o nosso Sarau. A Lia me disse que sempre teve vontade de se apresentar no Largo dos Inocentes e agora vai poder realizar esse sonho. Ela se apresenta a partir das 19 horas, pois a Confraria faz programação para a família e tudo acaba sempre antes da meia-noite.
Diário – A senhora também anunciou uma alvorada diferente este ano, em parceria com o Sindicato dos Panificadores. Como será isso?
Telma – É porque antigamente a gente usava os canhões da Fortaleza, mas com a morte do Inspetor Ítalo Picanço, que era a única pessoa que ainda manuseava esses canhões, ficou quase que impossível continuar aquela tradição, pois hoje os equipamentos estão praticamente inservíveis. Até porque a gente não tinha o rio Amazonas tão movimentado como ele é hoje com relação ao tráfego de navios. Então para resgatar esse barulho e acordar a cidade às 6 horas da manhã pedimos o apoio do Sindicato dos Panificadores e Confeiteiros, através da Dona Alice Caxias, que é uma amapaense de coração, pois é ela que faz o bolo de 50 metros também, o que é muito trabalhoso. Então a ideia é combinar para que o maior número possível de padarias espalhadas pela cidade possam soltar fogos e assim fazer uma grande alvorada festiva, afinal em todos os bairros tem sempre uma padaria.
Diário – E dizer que saiu o pão também...
Telma – Exatamente... [risos] Pois é o principal. Mas também é bom dizer que desde sábado na porta da Confraria Tucuju nós vamos estar adesivando os carros que passarem por lá com a logomarca da festa de 256 anos da cidade. Vamos lá pessoal, fazer esse carinho em nossa cidade! Eu queria convidar todos os munícipes para cantar os parabéns a nossa cidade, participe, é um dia de entretenimento e nós vamos estar lá recebendo bem todas as pessoas, juntamente com os pioneiros, juntamente com todas as pessoas que fizeram e fazem essa cidade crescer e se desenvolver.
Diário – E quem está ajudando na realização dessa programação presidente?
Telma – Sim, é importante dizer, pois a Confraria é uma instituição sem fins lucrativos e só funciona através de projetos e financiamento. Eu agradeço ao Governo do Estado do Amapá, na pessoa do governador Camilo Capiberibe que tem sido parceiro da Confraria desde a hora que assumiu o governo. É importante dizer isso, pois tem muita gente que vira a cara para a gente. E olha que a Confraria pega dinheiro, presta conta direitinho. Somos uma das poucas instituições que está em dias com todas as suas prestações de contas, até porque o dinheiro que a Confraria recebe é repassado para o público, seja através de uma garrafa de água mineral até o show que se assiste, da feijoada que é servida, enfim tudo é transparente. O prefeito também está patrocinando o show da Lia Sophia, mas a Prefeitura tem sido parceira nestes últimos dois anos. Ao empresário Edevaldo Xavier, da Center Kennedy e também ao Evandro Coelho da Cimento e Cia.
Diário – Para fechar, deixe uma mensagem final aos nossos leitores para participar da festa.
Telma – Macapá precisa resgatar sua história, precisa fortalecer a sua cultura. Somos um estado altamente emigrante, então vem muita gente de fora e se a gente não fincarmos o pé e colocarmos nossa cultura na frente perderemos nossa identidade. Precisamos lutar por isso daí a importância da Confraria Tucuju que os nossos pioneiros fundaram. Eu tento fazer o meu papel. Espero contar com a presença de todos para cantar parabéns para Macapá que nossa cidade merece.
Perfil...
Entrevistada. Telma Terezinha da Silva tem 55 anos de idade. Passou a ser chamada Telma Duarte em função do pai, Henrique Duarte, ter se destacado na sociedade local, um de seus pioneiros. Sua mãe, a professora, Maria de Nazaré da Silva Costa. Telma é formada em Direito pela Universidade Federal do Pará, em 1979, trabalhou nas empresas do pai, entre elas o combativo Jornal do Povo, que ele tocava na companhia do amigo Haroldo Franco. Também atuou como procuradora federal na extinta Legião Brasileira de Assistência, a LBA. Sempre foi advogada militante, com passagens também pelo Ministério Público do Estado, onde atua como assessora jurídica. Assumiu em 2008 a presidência da Confraria Tucuju e está em seu segundo mandato.
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