Empresário. Robert Noh fala sobre as possibilidades que se abrem para o Amapá como exportador de minério. |
Nascido na Coreia, mas com cidadania americana, Robert Noh é um cidadão do mundo. Um exemplo de como é possível vencer pelos estudos. Primeiro colocado na tradicionalíssima Universidade de Harvard nos Estados Unidos, ele logo conseguiu as melhores colocações no mercado da computação. Depois, tornou-se um executivo de sucesso e agora investidor. Robert Noh está em Macapá cuidando pessoalmente de seu mais novo empreendimento, como presidente da Durbuy Natural Resources, atual controladora da veterana Icomi, que está retomando seus negócios no Amapá. O que pensa um homem de negócios como ele e os planos para ajudar o Amapá a se desenvolver estão nesta entrevista exclusiva ao Diário do Amapá.
Cleber Barbosa
Da redação
Diário do Amapá – Quando o nome Amapá surgiu na sua vida?
Robert Noh – Quando nós estávamos à procura de negócios, em setembro de 2011.
Robert Noh – Quando nós estávamos à procura de negócios, em setembro de 2011.
Diário – E o projeto era para a área da mineração, com manganês?
Robert – Nós já tínhamos negócios na Bolívia, com compra e venda de minérios e tivemos a informação de que havia minério de manganês no estado do Amapá, através da Icomi, que estava voltando às operações, então decidimos investir nessa empresa.
Diário – E que informações o senhor tinha sobre a história da Icomi em sua primeira passagem pelo Amapá?
Robert – Uma empresa muito importante e querida da população do estado.
Diário – E sobre a figura de Augusto Antunes, o empresário fundador da Icomi?
Robert – Que ele foi mesmo um pioneiro, um dos grandes marcos da mineração no Brasil, especialmente por pegar os recursos que ele lucrava e reinvestir em ações para o desenvolvimento das sociedades onde manteve seus negócios, no Brasil e principalmente no Amapá. E esse legado nós queremos continuar, com as contrapartidas sociais e tudo aquilo que possa representar um ganho para as comunidades.
Diário – E hoje quais são os principais mercados para a futura produção mineral de Serra do Navio?
Robert – Eu tenho residência tanto na Coréia quanto nos Estados Unidos e todas as pesquisas de mercado apontam para a China e a Coréia, que é meu país, como sendo os principais consumidores de minério de manganês em todo o mundo. Eles são responsáveis pela maior parte das demandas e é para esses mercados consumidores que nós iremos vender a maior parte do manganês.
Diário – E para que tipo de indústria existe mercado para o emprego desse minério de manganês atualmente?
Robert – Existem vários tipos de destinos para o manganês de Serra do Navio, mas o principal consumidor é a indústria siderúrgica e as aciarias, produtoras de aço. Existe também devido a outro tipo de manganês existente em Serra do Navio a indústria de eletrônicos, a chamada eletrolítica, que vai também poder consumir o produto final que queremos produzir em Serra do Navio. Vamos atender a esses dois mercados inicialmente.
Diário – Existe a possibilidade dessa matéria-prima ou pelo menos parte dela ser beneficiada no Amapá?
Robert – Existe já o interesse e nós recebemos de grandes corporações que são responsáveis pelo segundo estágio da cadeia produtiva para agregar valor e criar as ligas de manganês, então obviamente que nós estamos estudando principalmente devido ao fator custo, pois o maior custo dessa operação não seria nem o beneficiamento da mineração, mas o transporte logístico para o outro lado do mundo, onde estão os principais mercados consumidores. Então beneficiarmos a matéria-prima aqui é agregar valor e isso, claro, trará benefícios não só para nós enquanto negócio, mas também para o cenário do mercado local.
Diário – Que possibilidades são essas que poderiam de alguma forma aumentar o cenário local?
Robert – Existem várias vertentes de trabalho. Uma é o fino do manganês para micronutrientes, é uma demanda. O óxido de manganês, utilizado na indústria siderúrgica, o carbonato, na indústria do manganês eletrolítico, que já é um outro mercado. O que é importante salientar são as parcerias e o desejo até dos próprios consumidores finais do retorno da empresa, pois sabem do potencial de reserva remanescente que ainda se encontra lá.
Diário – E com relação aos passivos que a empresa terá que assumir a partir das outras tentativas que sucessoras da Icomi, que buscaram nos últimos anos, sem sucesso, voltar a operar?
Robert – A primeira coisa que a Durbuy fez quando chegou ao Amapá, antes de negociar passivos com fornecedores, passivos trabalhistas, enfim, foi ir ao Ministério Público no intuito de entender o passivo ambiental. Independente disso já havia uma consultoria independente contratada pelo grupo para estudar os efeitos da paralisação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas [PRAD]. A partir daí a Durbuy percebeu a possibilidade de investimento, pois a consultoria provou para o grupo que isso era possível, pois apenas em um período houve essa paralisação. Buscamos entendimentos com as autoridades locais e nós com toda boa-fé fizemos isso, culminando com um acordo judicial que está possibilitando a continuidade do projeto da volta da Icomi.
Diário – E o foco desse projeto é a retomada da lavra de minério?
Robert – Exatamente, a reabertura das minas.
Diário – E em que fase está esse processo da volta da Icomi?
Robert – Cumprir as condicionantes e buscar nossos licenciamentos.
Diário – Que impressões o senhor tem sobre a população brasileira e, em especial, sobre o povo do Amapá?
Robert – Se você me perguntar sobre o jeito de ser do povo de São Paulo ou do Rio de Janeiro eu não saberia dizer, pois não estive lá, nunca fiz negócios, não convivi. Mas pelo tempo que estamos no Amapá eu percebo que as pessoas aqui são muito boas e que o Estado tem muito potencial para o desenvolvimento, não é um estado que chegou ao seu estado máximo de desenvolvimento e é por isso que nós estamos aqui, para ajudar, para contribuir com o crescimento e o desenvolvimento daqui. O Amapá é uma riqueza inexplorada.
Diário – E sobre a estrutura de Estado, que informações o senhor possui.
Robert – Vi o governador discursando estes dias, um político jovem que dizia como não acreditavam mais no Amapá lá em Brasília, das dificuldades para conseguir os recursos que o estado tanto precisa para o seu desenvolvimento e que ele foi lá e conseguiu resgatar a credibilidade do estado. Então esse é também o nosso legado, pois as outras tentativas frustradas de operar Serra do Navio e o manganês de lá causaram um enorme transtorno e falta de credibilidade para o mercado internacional. Agora chegamos com a Durbuy para mostrar que Serra do Navio e que o Amapá são sim viáveis e que a Icomi está de volta, diferente daquela de cinquenta anos atrás, pois os cenários são outros, mas disposta a honrar suas tradições, ter uma segunda chance, inspirados na biografia do idealizador da primeira versão da empresa, que foi o doutor Augusto Antunes.
Perfil...
Entrevistado. Robert Hosik Noh tem 52 anos, é casado e pai de um filho. Nasceu em Seul, na Coreia do Sul. Seu pai prestava serviço para as bases norte-americanas instaladas em seu país até que quando tinha 15 anos de idade foi morar nos Estados Unidos, onde adquiriu cidadania americana, indo residir no Oregon. Formou-se em Ciências da Computação, pela tradicional Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachusetts. Foi o primeiro colocado da Academia, tendo recebido a honraria “Cum Laude” e indicações para o mercado de trabalho, atuando em potências como HP e IBM. Logo ganhou projeção e know how indo atuar junto à Coreia, grande consumidora de minério. Preside um grupo de investidores em recursos naturais.
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