Vumbora!
Essa era uma das expressões mais proferidas por
nosso presidente Manoel Mandi, num sotaque todo particular que misturava a base
do nordestino, a influência do amazônida e tucuju, com o perfil despojado e
aventureiro de um piloto Off-road, mas ser mais formal, ou de um jipeiro dos
bons, para ser mais popular.
Apresentar as despedidas a Manoel Mandi não é uma
tarefa fácil.
Mas ao mesmo é nosso dever reverenciar sua memória
num momento como esse, destacar seus feitos esportivos, citar as inúmeras
funções públicas que desincumbiu, agradecer pela humanidade de seus projetos
sociais e reconhecer o político diferenciado que ele foi.
Era voz corrente entre seus amigos que essa ficha
insistia em não cair, quando da chegada da notícia daquele desfecho triste do
fim de semana passado.
Algumas pessoas até diziam que ele não precisava
estar ali, pois poderia perfeitamente escalar um de seus colaboradores para
fazer a viagem de carreta.
Mas como julgar você amigo?
Só quem o conhecia bem como seus familiares e seus
irmãos do Jeep Clube é que poderia saber que ali era seu habitat natural, por
assim dizer, o quintal da casa, uma extensão do próprio corpo.
Sim, amigos, o Mandi na estrada era a mesma coisa
que água no aquário, o pires debaixo da xícara, a bola no pé do craque.
Mandi começou e terminou sua trajetória
profissional fazendo exatamente a mesma coisa: dirigindo um caminhão. No
velório, a gente até percebia restos de graxa e pó de borracha em sua mão,
sinal de que ele pessoalmente se empenhou em montar cada uma das mais de trinta
rodas de sua carreta.
Sua generosidade era tamanha que ele renegou a
própria saúde e não descansou até encontrar seu amigo e colaborador que havia
sido levado pelos assaltantes.
Dono de um grande coração, cativava a todos,
transitava em qualquer corrente política, não tinha rejeição alguma.
Era respeitado no Jeep Clube não por ser o
presidente, mas por sua inconteste liderança, alguém que tinha uma determinação
muito grande de projetar a instituição, não por vaidade, mas porque sabia que
onde quer que chegue o jipeiro certamente encontra outros, que indagarão de
onde está vindo e isso nos remete a falar do Amapá, estado que ele tanto amava
e tanto defendia.
Mandi acreditava na força do Amapá como destino
turístico, tanto que perseguiu o objetivo de promover o nosso estado para que
mais e mais pessoas pudessem vir conhecê-lo.
O turismo impacta mais de cinquenta atividades
econômicas e ele dizia que o esporte Off-road poderia agregar valor a tudo
isso, tanto que procurou autoridades e gente influente do meio, como Ehrlich
Cordão, do Cerapió – maior Rally de Regularidade do Nordeste – e também Vilmar
Valendowsky, o popular Negão, da FenaJeep, a Festa Nacional do Jeep, em
Brusque, Santa Catarina.
Sua ideia era organizar um Rally internacional no
Amapá, onde o fato de estarmos no meio do mundo pudesse potencializar o
ineditismo de uma competição acontecer em plena floresta amazônica e mais que
isso, no estado mais preservado do país.
Esse era apenas um de seus projetos que ficaram por
ser completados.
Cabe a todos nós, tanto do Jeep Clube de Macapá
quanto do Estado, deste Parlamento, da Associação Comercial e Industrial,
enfim, dos inúmeros segmentos da sociedade onde nosso amigo tinha trânsito fácil,
dar continuidade e respeitar sua memória.
De nossa parte, tudo faremos para que o Jeep Clube
siga trilhando os caminhos por ele projetados, no binômio do lado esportivo,
onde ele defendia a qualificação e a capacitação de pilotos e navegadores, como
também do lado social, garantindo a permanência dos programas e até mesmo a
ampliação do alcance de nossas ações.
Lembrando a expressão com a qual iniciamos essa
mensagem, não vamos dizer adeus, mas um até breve ao nosso amigo, que agora ao
lado do Criador e de tantas pessoas justas e boas que ele passa a conviver lá
no alto.
Certamente irá acelerar a todos, com sua marca de
mobilizar dizendo: VUMBORA!* Extraído do Blog Sou Jipeiro.
Cleber Barbosa é jornalista, editor do Blog e diretor de Comunicação do Jeep Clube de Macapá.
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