domingo, 25 de janeiro de 2015

A CONQUISTA DO CHUÍ: Uma rota turística de norte a sul do Brasil

A foto histórica da realização de uma aventura do tamanho do país no Arroio Chuí, ponto mais ao sul do Brasil. Os pilotos do Amapá fazem história e promovem como destino turístico o estado onde começa a nação, no marco norte de Oiapoque.
Cleber Barbosa
Editor de Turismo

Uma nova conquista do Arroio Chuí, no Extremo Sul do Brasil. Mas não se trata de uma conquista pela força, não era guerra. Uma conquista pelo carisma. Além do enorme apelo geográfico e turístico que a marca “Do Oiapoque ao Chuí” empresta à expedição idealizada pelo empresário Manoel Mandi, que é presidente do Jeep Clube de Macapá. Os aventureiros terminaram na quinta-feira, dia 22 de janeiro, a viagem iniciada no dia 05 deste mês na divisa do Brasil com a Guiana Francesa.
Só a mobilização das mais de 300 cidades visitadas pela expedição já teria valido a pena. Mas não foi só isso. Pelo que dizem os pilotos Manoel Mandi, José Maria Esteves, Otávio Neto e Vilmar Walendowsky, além dos copilotos Alan Souza, Adenildes Esteves, Humberto Rezini e Eduardo Júnior, bem como o mecânico José de Andrade, o popular Papagaio. “Por onde a gente passava as pessoas queriam tirar fotos, especialmente com os jipes, que chamam muito a atenção por serem antigos”, diz Mandi.
Jipeiros amapaenses Otávio e Dudu
Mecânico Papagaio
Emoções - O também empresário José Maria Esteves, que pilotava um Jeep Willys 1951, diz que essa foi a maior expedição que já fez e considera ter valido muito à pena. “Foi uma demonstração de muita coragem, de arrojo de nossa parte, então a concretização dessa viagem, a emoção de chegar ao Chuí foi alguma coisa que não dá para definir em palavras, toda a emoção, toda a alegria de realmente chegar ao ponto mais meridional do Brasil”, derrete-se o piloto.
Ele e sua esposa Adenildes fizeram todo o trajeto no velho jipe, que não tem direção hidráulica, ar-condicionado, freios ABS ou outros recursos das novas tecnologias embarcadas nos utilitários de hoje. “O companheiro Mandi, que vai retornar a Macapá numa picape Amakok certamente vai sentir muita diferença na viagem, mudando do passado para o presente, uma dupla experiência”, disse o piloto que agradeceu ao amigo pelo convite e o desafio de cumprir o gigantesco trajeto: “Agradeço pessoalmente por toda a determinação que ele teve, bem como aos demais companheiros de viagem, sobretudo o mecânico Papagaio, que foi incansável nessa aventura e às duas mulheres guerreiras”.
Por fim, Manoel Mandi disse que ter concretizado o projeto da viagem foi mais do que a realização de um sonho pessoal. “Foi uma expedição que marcará para o resto da minha vida minha relação com o Jeep, o carro em que eu aprendi a dirigir quando ainda era um garoto e que ainda faz parte da minha vida”, disse o presidente do Jeep Clube.

“Acho que não vou mais conseguir correr”.
"Mais que a realização de um sonho pessoal, foi uma expedição que me marcará para o resto da minha vida".
Manoel Mandi, jipeiro.
Uma grande contribuição que a Expedição do Oiapoque ao Chuí está dando tem a ver com a segurança no trânsito. Ocorre que o Jeep Willys é tido como um veículo de mais força do que propriamente velocidade. Ele nem foi projetado para longas viagens, mas sim para vencer trechos de estrada ou mesmo trilhas de difícil acesso, como os cenários de uma guerra. Neste sentido, a velocidade média da expedição foi de 60 km/h, segundo conta o piloto Manoel Mandi. Ele diz ter mudado seus conceitos desde então. “Me acostumei a andar a 60 por hora, acho que não vou mais conseguir correr em outras viagens”, diz.
E isso pode virar objeto de uma campanha educativa, pois as autoridades locais manifestaram interesse nessa constatação de que devagar é mais certo de chegar a seu destino, já que com velocidades mais altas, os riscos de se envolver num acidente de trânsito são bem maiores. Os jipeiros amapaenses também são engajados em muitas ações sociais, como transporte de equipes de saúde nas campanhas de vacinação das crianças, bem como transporte de donativos à vítimas de enchentes e outras mazelas que assolam as comunidades mais carentes do interior do Amapá.

Jipeiros levam água do Rio Oiapoque para ser misturada à do Arroio Chuí
"Foi uma demonstração de muita coragem, de arrojo de nossa parte e valeu a emoção de chegar até o Chuí".
José Maria Esteves, jipeiro.
Numa feliz iniciativa, os participantes da expedição “Do Oiapoque ao Chui” decidiram levar uma garrafa com a água do Rio Oiapoque para ser misturada à do Arroio Chuí, no outro Extremo do Brasil. José Maria Esteves, que teve essa brilhante ideia, diz que apenas a metade do frasco foi atirada no riacho que banha o Chuí. “Como símbolo de união entre o norte e o sul, com a miscigenação de nossa vasta cultura, num simbolismo de um abraço de fraternidade de todo mundo, mas a outra metade foi guardada para ter como recordação, vai ficar guardada na sede dos jipeiros de lá, com um rótulo fazendo menção à presença dos jipeiros amapaenses no Chui”, explica Esteves.

Embaixadores - Mas não foi apenas a água do Oiapoque que fazia parte da bagagem dos jipeiros do Amapá. Também reuniram impressos e muito material promocional do turismo tucuju, como exemplares de um livro sobre o fenômeno natural da Pororoca, artesanato e miniaturas de telas do artista plástico Wagner Ribeiro. Receberam das mãos de autoridades amapaenses exemplares de bandeiras oficiais do estado, de Macapá e de Oiapoque. Entre os objetivos da viagem estava o de divulgar o Amapá como destino turístico.
No encontro que tiveram na passagem por Macapá, os jipeiros anunciaram que durante a viagem realizariam gestões junto a outros jipeiros do país no sentido de retribuírem a visita vindo ao Amapá durante o Fest Jeep no Meio do Mundo, que acontece em setembro no Complexo Turístico do Marco Zero do Equador, em Macapá. “Os prefeitos de Brusque, em Santa Catarina e de Chuí se comprometeram a visitar nosso estado por ocasião do nosso grande evento”, concluiu Mandi.

CURIOSIDADES
Beto e Negão, de Brusque (SC) que integravam a Expedição
- A distância em linha reta entre Chuí (Rio Grande do Sul) e Oiapoque (Amapá) é 4180.41 km, mas a distância de condução é 5.577 km.
- O Chuí é a cidade mais meridional do país, a qual faz fronteira com a cidade do Chuy, no Uruguai.
- Possui uma população de 5.919 habitantes, constituída por brasileiros, uruguaios e árabes palestinos (estes últimos muito ligados ao comércio). .

6.000Km
Estimativa da distância a ser percorrida entre Oiapoque e o Chui.

OIAPOQUE

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