Cleber Barbosa
Editor de Turismo
A velocidade nem conta. O fato é que a bordo de um Jeep Willys, sem direção hidráulica, ar-condicionado, freios ABS ou mesmo um banco com o mínimo de conceito de ergometria você pode atravessar o Brasil – de norte a sul – com estilo. Esse é o jeito jipeiro de fazer turismo. Só que a expedição “Do Oiapoque ao Chuí”, organizada pelo Jeep Clube de Macapá, tem muitos outros objetivos, como chamar a atenção para essa rota que virou referência do quão continental é o país, além de infindáveis diferenças culturais, econômicas e sociais.
O fato é que os pilotos Manoel Mandi, José Maria Esteves, Otávio Neto e Vilmar Walendowsky, com seus copilotos Alan Souza, Adenildes Esteves, Eduardo Schmidt e Humberto Rezini estão fazendo história. O diferencial desta aventura é que a condição para cumprir o gigantesco trajeto é estar a bordo de um Willys, um ex combatente que atuou na Segunda Guerra Mundial e que ainda hoje garante a seus proprietários lazer, aventura e adrenalina. São quase 6 mil quilômetros de viagem, quando devem percorrer mais de 300 cidades em todas as regiões do Brasil. A largada, em Oiapoque, foi na última segunda-feira, dia 5.
Segundo o idealizador da expedição, o empresário Manoel Mandi, a ideais na verdade é um antigo sonho de muitos amigos do Jeep Clube. “E tenho certeza que de muita gente por esse país afora. A gente cresceu ouvindo falar que o Brasil vai do Oiapoque ao Chui. Tudo bem que depois veio essa constatação de que o Monte Caburaí fica mais acima, mas Roraima fica mais pro lado no mapa, o Brasil de Norte a Sul mesmo vai do Oiapoque ao Chuí...”, desconversa o piloto, que em 2012 sagrou-se campeão brasileiro de Rally, na categoria Graduados.
"Temos esperança que essa rota possa atrair muito mais pessoas a virem também visitar o nosso Amapá".
Edevaldo Xavier, jipeiro
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Missão - A aventura até o Chuí ganhou contornos de missão diplomática no Amapá, onde o grupo de desportistas foi recebido pelas mais altas autoridades do estado e também dos municípios de Oiapoque e Macapá. Na cidade fronteiriça, levam a água do Rio Oiapoque e a bandeira da cidade. “Além de muita esperança de que essa rota possa atrair outras pessoas a virem visitar o Amapá e as belas localidades ao longo da nossa estrada”, diz o empresário Edevaldo Xavier, que é diretor de Ações Sociais do clube.
Em Macapá, os jipes foram abastecidos com farto material de promoção do Amapá como destino turístico. Levam as bandeiras do estado e da capital, além de artesanato, livros, telas e cd’s de músicas regionais. “Vamos ao Chuí”, encerra Mandi.
Terra, água e ar estão na rota da viagem
Depois de percorrer o único trecho de terra na viagem, entre os municípios de Oiapoque e Calçoene, os quatro exemplares raros do Jeep Willys (dois fabricados em 1951, um em 1969 e outro em 1973), foram embarcados em uma balsa da empresa Norte Log. São 36 horas até Belém, onde quatro alguns pilotos e seus copilotos fizeram questão de ir a bordo. A saída de Belém foi na última sexta-feira (09), mas uma quebra de diferencial do Jeep pilotado por Vilmar Walendowsky atrasou a viagem em cerca de três horas. A parada foi em Paragominas, onde também foi feita a substituição dos rolamentos da roda do carro de Otávio Neto. O grupo almoçou no sábado em Açailândia (MA) e seguiu viagem pelo Tocantins. A previsão é que cheguem a Brasília na quarta-feira, quando farão uma visita ao Comando do Exército Brasileiro.
Outra parada obrigatória será em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, onde visitam a fábrica da distribuidora de combustíveis e lubrificantes Ipiranga, a principal patrocinadora da expedição. A chegada ao Arroio Chuí, no ponto mais extremo sul do Brasil, está programada para o dia 23 de janeiro. Mais sobre a expedição no perfil JeepOiapoqueChui, no Facebook. Para a volta ao Amapá, os jipeiros irão despachar os Willys de carreta e voltarão pelo ar, ou seja, de avião (que ninguém é de ferro...)
Saiba um pouco mais sobre as duas cidades nos extremos do país
OIAPOQUE
Por conta da divisa com a Guiana Francesa, território que pertence à França, brasileiros e franceses convivem juntos na cidade, aprendendo a língua alheia e, inclusive, criando um novo jeito de se comunicar, juntando os dois idiomas. A cidade possui um aeroporto. Tribos indígenas também vivem no Vale do Rio Uaçá e sua reunião anual é um dos principais atrativos culturais da cidade: a festa do Turé. O artesanato indígena também merece destaque. Ao visitar Oiapoque, você perceberá o trânsito intenso de “catraias”, um tipo de canoa que transporta passageiros (foto que ilustra este texto). A cidade também possui atrações naturais com vegetação densa e oferece passeios pelo rio Oiapoque e suas cachoeiras. A festa religiosa da padroeira do município, Nossa Senhora das Graças, atrai moradores da região.
CHUÍ
Em 1997, Chuí foi emancipado do município de Santa Vitória do Palmar. Como maiores curiosidades, apuramos que por conta de sua localização ao extremo sul do país, o Chuí possui o menor índice ultra violeta (radiação emitida pelo Sol e nociva, principalmente, à pele humana) do Brasil e também possui a praia mais fria, a Barra do Chuí, que é um prolongamento da praia de Cassino, a maior do mundo. A principal atividade econômica da cidade é o comércio de fronteira com o Uruguai. A Avenida Internacional separa a cidade de Chui, brasileira, e Chuy, uruguaia e consequentemente é um trecho da fronteira entre os dois países.
Colaborou: Site As Boas Novas
CURIOSIDADES
- A distância em linha reta entre Chuí (Rio Grande do Sul) e Oiapoque (Amapá) é 4180.41 km, mas a distância de condução é 5.577 km.
- O Chuí é a cidade mais meridional do país, a qual faz fronteira com a cidade do Chuy, no Uruguai.
- Possui uma população de 5.919 habitantes, constituída por brasileiros, uruguaios e árabes palestinos (estes últimos muito ligados ao comércio).
6.000Km
Estimativa da distância a ser percorrida ao Chuí.
"Tenho certeza que este é o sonho de muitos. A gente cresceu ouvindo falar que o Brasil vai do Oiapoque ao Chui".
Manoel Mandi, jipeiro.
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NA ESTRADA
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