Waldez Góes. Para o ex-governador, a experiência acumulada vai ajudar no convencimento do eleitor nessa disputa. |
Ele está de volta à cena política amapaense em meio a uma das mais acirradas disputas pela sucessão estadual dos últimos tempos, quando até 11 pré-candidaturas a governador chegaram a ser anunciadas. O presidente regional do PDT, Waldez Góes, confirma o desejo de voltar a comandar as rédeas do Setentrião e encara com franqueza a nova rodada de entrevistas que o programa Conexão Brasília, da Diário FM, vem fazendo com aqueles que se habilitam às eleições para o Governo do Estado este ano. Waldez fala sobre o cenário da disputa, o mote de sua campanha e sobre as costuras para amealhar apoio politico e partidário em torno de seu projeto de voltar a governar o Amapá. Um resumo do que ele disse no rádio o Diário do Amapá publica a seguir.
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Depois das eleições de 2010, quando o senhor deixou o governo para concorrer ao Senado está de volta à cena política agora para uma nova disputa ao Setentrião. Quando decidiu sair candidato novamente?
Waldez Góes – Nós começamos uma frente de oposição ainda no ano passado, depois das eleições municipais, quando nós preservamos aquele período, aquela quarentena que a gente chama, pois os próprios prefeitos têm planos de 100 dias para realizar [ações]. Nós disputamos aqui em Macapá voto a voto do Roberto com o Clécio e depois não era natural que fôssemos fazer política no dia seguinte. Tinha que desarmar os palanques e deixar que aqueles que a população escolheu montassem suas equipes e começassem a trabalhar. A bem da verdade, em meados do ano passado nós nos posicionamos, mais precisamente em agosto.
Waldez Góes – Nós começamos uma frente de oposição ainda no ano passado, depois das eleições municipais, quando nós preservamos aquele período, aquela quarentena que a gente chama, pois os próprios prefeitos têm planos de 100 dias para realizar [ações]. Nós disputamos aqui em Macapá voto a voto do Roberto com o Clécio e depois não era natural que fôssemos fazer política no dia seguinte. Tinha que desarmar os palanques e deixar que aqueles que a população escolheu montassem suas equipes e começassem a trabalhar. A bem da verdade, em meados do ano passado nós nos posicionamos, mais precisamente em agosto.
Diário – Como foi?
Waldez – Fiz uma reunião grande com a minha militância lá no Zico 10 [escolinha] disponibilizando meu nome para a militância e para o partido e em seguida montamos uma frente de oposição liderada por mim, pelo senador Gilvam e pelo deputado Jorge Amanajás. Denominamos essa frente de Caravana do Desenvolvimento e percorremos todos os municípios do Amapá e com o meu nome, do Gilvam e do Jorge à disposição do pleito. Fizemos esse tipo de entendimento, que era natural até porque os nomes e as candidaturas só são conhecidos após as convenções. O Jorge já tinha disputado a eleição para governador, ficou com 28% dos votos e por menos de 1.000 votos não passou para o segundo turno, poderíamos agora até tê-lo como governador. O senador Gilvam é um abridor de portas, um lutador pelas causas do povo amapaense lá em Brasília, sempre esteve muito envolvido nas principais conquistas do povo, sob a liderança do presidente Sarney, que todos nós conhecemos sua força. Aliás, a cada dia, a cada ano, a cada hora esta força é colocada a serviço do Amapá, como agora recentemente com a PEC 111.
Diário – A frente foi formatada para eleição?
Waldez – Sim, não uma coligação, porque nem tinha essa permissão, mas uma frente de oposição, com partidos unidos, com o mesmo objetivo, o mesmo discurso e o mesmo posicionamento. A gente ainda mantém conversas permanentes, com cada um discutindo a viabilidade de cada candidatura.
Diário – E as demais costuras partidárias?
Waldez – Além dessa frente temos buscado um diálogo permanente com outras lideranças, outros partidos políticos que posso destacar o PTB, o PP, o PPS, o PSL, o PSC e o PT mais intensamente.
Diário – E recentemente.
Waldez – Sim, mais recentemente. Tive conversas com todas as lideranças do PT aqui. Conversei individualmente com a Dora, com o Joel, vice-governadora e o presidente do partido; conversei com o prefeito Nogueira, com a ex-candidata a prefeita Marcivânia, com o Lourival Freitas, com a deputada Dalva e também conversei com o GTE, que é o Grupo de Trabalho Eleitoral, com a presença de todas as facções, as frentes, as alas que compõem o partido aqui e também conversas a nível nacional.
Diário – Visando aliança do PDT com o PT?
Waldez – Sim, pois o PDT foi o primeiro partido a nível nacional a tirar posicionamento de apoio à presidente Dilma. Só tivemos posicionamento contrário do senador Pedro Taques que pediu para adiar um pouco essa decisão e do senador Cristóvam Buarque que defendia candidatura própria. Mas nós que apoiávamos de antemão a presidente Dilma vencemos aquela prévia com mais de 80% dos votos internos do partido, quando o presidente Lupi saiu imediatamente de lá para comunicar essa decisão à presidente Dilma. Depois veio a convenção do PMDB que também ratificou o apoio à ela. E como esses foram os dois primeiros partidos a fechar em torno da reeleição dela é muito natural que aqui a gente intensifique as conversas com o PT. Eu realmente tenho prioridade nessa relação pois entendo que seria a coligação mais legítima, diferentemente aqui com relação à aliança com o PSB que tem candidato a presidente da República.
Diário – Além dessas tratativas a nível nacional as costuram locais continuam?
Waldez – Sim, esta semana teremos um encontro com a direção nacional do PT e com o presidente Lula e depois retomamos as conversas a nível local. Já temos data marcada para uma convenção em conjunto com o PMDB que será na sexta-feira, 27 de junho, no Ginásio do Santa Inês, a partir das 17 horas. E os outros partidos que formos conversando vamos chamando para fazer parte dessa convenção, mas nada impede que os partidos façam suas convenções separadamente.
Diário – Nas últimas duas décadas a gente tem tido uma polarização entre o PSB e o PDT no Governo do Estado, com o senhor passando 7 anos de 3 meses à frente da gestão e agora está de volta à disputa. O que entende ser preponderante no seu argumento para convencer o eleitor do Amapá a voltar a acreditar em uma proposta encabeçada pelo senhor?
Waldez – Olha, sou uma pessoa infinitamente mais centrada, mais madura, experimentada. Se você pegar a primeira eleição que disputei, em 1996 para prefeito, minha primeira eleição majoritária, isso por si só já demonstra nossa maturidade, apesar de me considerar ainda jovem, aos 50 anos, mas com a vivência do mundo político, da experiência do parlamento, da experiência de vitórias e derrotas, de perseguições sofridas e de ter a chance de prestar um serviço à sociedade. O próprio reconhecimento da sociedade é uma demonstração de aprovação do trabalho que eu realizei. Eu entendo que um dos motes é isso, resultado. A sociedade quer resultado, o jovem quer resultado, o servidor público quer resultado, o usuário do serviço público também, assim como o empresário, que quer um ambiente menos hostil, menos inseguro. Uma das coisas que é importante para um estado como o Amapá precisa é de investimentos da indústria então é preciso criar regras mais duradouras, pois manter essas regras por decreto, elas são de governo e não de estado e regras de governo muitas vezes não servem de incentivo para que o empreendedor coloque seu dinheiro no mercado.
Diário – O que está mudando na política?
Waldez – A tolerância. Antes você tomava posse e passado um anto todinho se você fizesse uma pesquisa o povo dizia “não ela ainda está organizando a casa”. Hoje o povo não dá mais essa tolerância, porque na campanha o candidato diz que tem solução pra tudo, que conhece os problemas e alguns dizem até que resolvem em 100 dias. O povo quer é resultado e o povo está certo de cobrar resultado já no primeiro ano.
Diário – Sobre a operação Mãos Limpas, o senhor pensa em administrar como se os adversários usarem isso contra o senhor na campanha?
Waldez – Nunca fui ouvido sobre essa operação. Sou o principal interessado que esses esclarecimentos sejam feitos e a sociedade é quem tem o maior direito de ver isso resolvido também. Certamente esse não deve ser o ponto principal da campanha, mas sim os problemas da saúde, da educação que está terminando a série no ano subsequente, os direitos dos servidores, o apoio do governo aos municípios, da economia que o dinheiro não está circulando, que as indústrias não chegam, da juventude que está sem seu programa, então a sociedade está bem focada na solução desses problemas. Sobre sua pergunta digo que tenho minha consciência tranquila com relação aos atos que pratiquei e das orientações que sempre dei aos meus colaboradores, no sentido de fazer tudo com base no que manda a legislação.
Diário – Para fechar, qual a nota que dá à administração de Camilo Capiberibe?
Waldez – Isso vou deixar para que o povo do Amapá o faça. A população é quem está mais habilitada para isso pois é ela quem recebe ou deixa de receber os serviços públicos. Mas as pesquisas que a gente tem visto nos últimos seis meses tem variado a rejeição, a desaprovação ou a direção errada do governo entre 75% a 81%. Isso não é o Waldez que está avaliando, é a avaliação científica das mais diversas matizes políticas têm feito no Amapá.
Perfil...
Entrevistado. Antônio Waldez Góes da Silva foi extensionista rural e tornou-se popular. Foi eleito para a primeira composição da Assembleia Legislativa, em 1990. Já no segundo mandato de deputado concorreu à Prefeitura de Macapá, em 1996. Também disputou o Governo do Estado por duas vezes até ser eleito governador em 2002 e reeleito em 2006. Desincompatibilizou-se do mandato em março de 2010 para concorrer ao Senado. Mas acabou dragado na Operação Mãos Limpas em plena campanha. Ficou detido por três dias e retomou a campanha mas não conseguiu reaver a liderança que tinha segundo as pesquisas da época. Diz jamais ter sido ouvido e que nada foi provado contra ele e agora quer retomar a carreira novamente como governador.
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