segunda-feira, 22 de novembro de 2010

“Colocamos o Amapá na rota dos iates de alto luxo”


CAETANO - Com os incentivos da ALCMS transações milionárias com barcos de luxo deixam tributos no Amapá

Depois de uma companhia aérea, a TAM, que passou a comprar seus aviões novos no exterior e decidiu “internar” as aeronaves pelo Amapá para pegar carona nos incentivos fiscais da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana (ALMCS) agora é a vez dos iates de alto luxo darem entrada no país através de Macapá. O Diário do Amapá identificou um dos responsáveis por essa nova modalidade de comércio exterior, o alagoano Caetano Pinto, um sujeito falante como qualquer outro nordestino e que rapidamente se adaptou ao clima e à gente amapaense, tanto que ele mudou-se de mala e cuia para o Estado, onde mora, vota e até já tem time de futebol. Dizendo-se fã do Marabaixo e de Patrícia Bastos, ele falou ao Diário sobre esses negócios milionários e sobre suas impressões a respeito do jeito tucuju.

Diário do Amapá – Você é natural de onde?
Caetano Pinto – Eu nasci em uma cidade chamada Palmeira dos Índios, no interior de Alagoas, onde lá mora a minha família, a minha mãe, mas aqui tenho aminha filha, aliás, tenho a minha esposa... (risos) é porque eu a chamo de minha filha. Mas aqui tenho a minha esposa, meus negócios e meu voto, sou eleitor daqui, o meu time é o São José e o meu coração é daqui. Eu amo essa terra.
Diário – Fale um pouco dessa atividade comercial que o senhor realiza em Macapá?
Caetano – Na verdade a gente começa um trabalho no inverso. Nós trouxemos empresas de São Paulo para operar o Corredor de Importação aqui. Agora, uma empresa daqui vai operar o Corredor de Importação para levar para o Nordeste fisicamente os equipamentos importados por aqui. Quer dizer que o tributo vai ficar aqui. A máquina vai para o Nordeste mas o tributo vai ficar aqui, fica conosco.
Diário – Esses iates, pelo que a gente sabe, são de alto luxo, coisa de primeiro mundo mesmo, como essa empresa operacionaliza as vendas, afinal não deve haver mercado na região?
Caetano – Na verdade são duas empresas. A Master Marine trabalha com barcos, iates e Jet-skis, além dos veleiros Benetton. Já a Prince, na verdade YB, que no Brasil tem também a Unidas Ret a Car, pois é do mesmo grupo português, se instalou no Brasil aqui em Macapá, sob a nossa coordenação. Trata-se de uma bandeira dos maiores iates do mundo, feitos na Inglaterra.
Diário – A fábrica é na Inglaterra, é isso?
Caetano – Exatamente. É uma fábrica centenária na Inglaterra, que é do grupo Lui Vitton. Para se ter uma idéia esses iates todos possui seus estofados com o couro Lui Vitton.
Diário – A gente então se pergunta sobre o preço final de um iate desses?
Caetano – O menor barco deles tem 42 pés (pouco mais de 12 metros) e vai até 240, sob encomenda. Mas são barcos com preço inicial na casa de 500 mil libras esterlinas o menor. Com a cotação de 2,75 de real isso significa mais de R$ 1 milhão (de reais).
Diário – E um barco considerado top de linha, o mais caro mesmo, chega a custar quanto?
Caetano – Ah, um top de linha de 240 pés, vai custar mais ou menos 30 milhões de libras esterlinas, vai dar mais de R$ 80 milhões, mas tudo depende do que você coloca dentro em termos de equipamento, como radar, sonar, enfim os acessórios que você coloca é que forma na verdade o preço final do barco.
Diário – O senhor fala em “depende do que você quiser colocar” e a gente se imagina fazendo uma encomenda dessas...
Caetano – Pois é... (risos) É por aí mesmo, é isso. Mas a felicidade é que além de, lógico, aqui tem o benefício fiscal, legal, que hoje briga com Santa Catarina, mas eu tenho lutado muito e apresentado que em relação a Santa Catarina geograficamente nós estamos bem melhor posicionados.
Diário – Briga porque Santa Catarina também tem incentivos fiscais?
Caetano – Sim, lá tem um incentivo ainda maior que aqui, pois no Amapá é 4% de ICMS Importação e lá é 3%. Mas, repito, geograficamente nós estamos melhor situados, em relação aos mercados internacionais. Por exemplo, se eu convenço um empresário a montar um estaleiro aqui ele vai vender para o Caribe e não vai se virar para São Paulo, pois lá é um mercado dez vezes maior do que São Paulo nessa área náutica.
Diário – Há quanto tempo o senhor está instalado oficialmente no Amapá?
Caetano – Há um ano e meio. Eu moro aqui desde outubro do ano passado. Antes eu fiquei num apart-hotel mas hoje já tenho minha casa aqui.
Diário – E nesse período a empresa já realizou suas operações normalmente? Qual a média de operações envolvendo essas embarcações?
Caetano – Sim, nós começamos a operar oficialmente em outubro do ano passado. Olha, a Prince, dos iates maiores, feitos sob encomenda, para você ter uma idéia, você dá 50% de entrada e espera um ano para receber o barco. É uma jóia na verdade, né? Os barcos Pince são considerados uma jóia no mundo, é como você ter uma Ferrari.
Diário – E os mercados consumidores no Brasil são de que região do país?
Caetano – Ah, Rio e São Paulo, basicamente. Na verdade a maioria dos compradores nem é do Rio e São Paulo, pois eles têm negócios no Brasil, compram esses barcos, instalam geralmente em Angra dos Reis ou Guarujá e quando vêm ao Brasil dão um passeio no barco. Mas naturalmente também fazem negócios.
Diário – A Rede Record de televisão outro dia estava exibindo uma série de reportagens sobre os homens mais ricos do mundo, que possuem até sete desses iates de alto luxo e houve quem torcesse o nariz para a pauta. Mas o jornalista não pode virar as costas para uma realidade que é mostrar quem se deu bem na vida, o senhor concorda?
Caetano – É lógico que sim, pois aí também tem trabalho. A maioria desse pessoal que se apresenta como rico, é gente que trabalhou muito para se tornar milionário. Alguns tiveram herança, tudo bem, mas é muito difícil você saber crescer sem uma herança. Um grupo familiar, geralmente, se não colocar um executivo para administrar, é mais difícil. Veja só o caso do meu ex-patrão né?
Diário – O Silvio Santos foi seu patrão, não é mesmo? Aliás, você tem uma história com a imprensa não é mesmo?
Caetano – Exatamente... (risos). Foi há trinta anos, fazendo televisão, primeiramente em Vitória, no Espírito Santo, na TV Gazeta, fundando essa afiliada da Globo lá. Depois fui para a TV Globo no Rio de Janeiro e depois fui convidado para trabalhar no Grupo Silvio Santos, em São Paulo, quando fundamos o SBT. Só depois fui para a Bahia, onde fiquei na TV Itapoã, realizando um trabalho de dez anos lá, onde lançamos Luiz Caldas, Chiclete com Banana, Mara Maravilha, Sarajane e até a Daniela Mercury, quando eu ainda estava lá.
Diário – Puxa, que time bom esse heim?
Caetano – É, foi um time bom porque à época na televisão da Bahia havia apenas cinco cantores famosos: Gilberto Gil, Caetano Veloso, João Gilberto, Gal Costa e Maria Betânia. Mas nenhum dos cinco morava em Salvador, então quando você queria um cantor famoso para a TV local a gente não tinha, então foi quando começamos a trabalhar esses artistas que falei anteriormente. E foi assim que nasceu toda aquela música, cuja questão da qualidade eu não discuto, pois música é música. Hoje eu amo o Marabaixo... (risos) entendeu? Na verdade o Marabaixo, ouvir Zé Miguel, Patrícia Bastos cantando, já pensou? Que orgulho! Eu acredito, honestamente, que no Brasil existam poucas como ela.
Diário – O senhor visitou o Amapá a primeira vez em 1992 e só voltou em 2009. Deu para perceber muitas mudanças a ponto de decidir virar aqui?
Caetano – É outra cidade. O povo, culturalmente muito mais preparado, mas eu acho que ninguém tem o direito de chegar cobrando se é ou se não é, pois só de chegar e ganhar um lugarzinho que eu ganhei, ser bem tratado, ter amigos aqui, sair meia-noite de casa e andar ali pela orla recebendo aquele vento do Rio Amazonas, depois parar e conversar com alguém, sem susto. Meu amigo, isso para mim é um prêmio, então tudo o que eu fizer, trazer empresas para cá, para recolher impostos, enfim, para mim é pouco para o que eu tenho aqui.

Perfil do Entrevistado

Caetano Soares Pinto é natural de Palmeira dos Índios, no Estado de Alagoas, onde mora parte de sua família. Ele chegou ao Amapá em 1992 para uma visita técnica que deveria durar três dias e acabou ficando três meses. Depois disso fez visitas esporádicas ao Estado até decidir fixar residência em Macapá em 2009, quando instalou uma representação da empresa multinacional do ramo náutico. Diz que se considera amapaense de coração e diz gostar de ouvir rádio desde cedo e até já escolheu um time local para torcer, o São José.

9 comentários:

  1. Parabéns tio ! É por isto que acredito tanto no senhor.Bjs do sobrinho LUCAS

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  2. Ei Lucas, de onde você está escrevendo sobre o seu tio?

    Blogueiro.

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  3. Parabéns Caetano e principalmente ao estado do Amapá, por ter cativado esta pessoa extraordinária e empreendedora, que por característica de sua origem é sincero, amigo e trabalhador. Quero lembrar que você tambem é um cidadão carioca porque por aqui você fez grandes amigos. Um abç!!!

    Everton

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  4. Pessoal sou empresário da área maritima aqui no ES.Esse cara é um grande amigo, desde a época em que o conheci aqui quando ele era diretor aqui na CODESA!
    Pessoa de grande prestígio e competência,fez muita pelo ramo marítimo aqui do nosso estado!!

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  5. PRECISO DOSDADOS DE CONTATO COM O SR. CAETANO, TEMOS UMA EMPRESA DE COMERCIO EXTERIOR, ONDE TEMOS CLIENTES DE VÁRIAS PARTES DO MUNDO INTERESSAM-SE POR ESSA LINHA DE PRODUTO.
    CONTACTAR COM SR. CESAR SILVA
    csvencedor@gmail.com
    Skype ID: amacex

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  6. Caro César, passei seu e-mail para o Sr. Caetano que deverá entrar em contato, ok? Caso contrário entre em contato conosco novamente.

    Cleber Barbosa (96) 9972-4544

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  7. Caetano, parceiro e muita proximo.. concerteza as idéias e as vantagens que ele vem trazendo para o estado irá beneficiar muita gente..
    Parabéns "Lider"

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  8. Gente, que sucesso esse Caetano! Que bom ver que sua idéia de mudar-se para Macapá já está frutificando. Eu que o tenho como um grande amigo, fico feliz por ter registrado através do meu trabalho jornalístico essa nova etapa da vida dele. É por isso que o chamam de "líder" mesmo.

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