terça-feira, 16 de novembro de 2010
"A Marinha quer ampliar sua presença na Amazônia"
ALMIRANTE Rodrigo - A Marinha estuda aumentar o efetivo e a estrutura naval para a Amazônia Oriental
Zarpou nas primeiras horas da manhã deste domingo o Navio Auxiliar Pará, que estava atracado no porto da Compa-nhia Docas de Santana. A bordo, um tripulante especial, o Almirante Rodrigo, que é o atual comandante do 4º Distrito Naval, sediado em Belém. Esse militar é o responsável pelas ações de quase 2,6 mil militares da Marinha em quatro Estados da Amazônia Legal, que são o Pará, o Amapá, o Piauí e o Maranhão. E foi exatamente a bordo do navio que veio realizar o apoio às inspeções navais do comandante, mas também realizar ações de cunho social, que o Almirante Rodrigo falou ao Diário do Amapá. Na conversa com o jornalista Cleber Barbosa, o comandante disse que o alto comando da Marinha estuda ampliar a presença da chamada Ma-rinha de Guerra nos rios e na costa desta parte do país.
"No que diz respeito especificamente ao Estado do Amapá, eu não posso antecipar que tipo de novas Organizações Militares possam vir a ser criadas aqui, mas tudo isso está sendo estudado, porque as demandas são grandes"
Diário do Amapá - Almirante, o senhor fez questão de vir a Macapá dessa vez a bordo do Navio Auxiliar Pará, uma embarcação que tem um valor muito grande para a Marinha, qual o objetivo dessa missão ao Amapá?
Rodrigo Hônkis - Eu fiz questão de vir a bordo sim, poderia ter vindo de avião, mas todas as oportunidades que tenho de embarcar eu as aproveito porque primeiro eu prestigio o navio e particularmente me é muito caro isso, gosto muito de estar embarcado, relembrar os tempos de oficial mais jovem e vivenciar o espírito de camaradagem e companheirismo nas diversas atividades que são desenvolvidas quando o navio está em movimento. Eu gosto muito e sempre que posso eu me desloco de navio.
Diário - Fale um pouco desse navio, pois pelo que se sabe ele tem possibilidades de emprego tanto estratégico, operacional, como também tem esse braço social dentro das atividades da Marinha?
Rodrigo - É verdade. O Navio Auxiliar Pará, que é o navio que nós estamos embarcados, é um navio com muita capacidade de emprego, pode levar um helicóptero embarcado, pois tem ponto para pouso e decolagem de helicóptero, que não é o caso agora, pois está sem helicóptero a bordo. Mas ele tem uma ampla gama de instalações médicas, como consultório odontológico, equipamentos de radiografia e, mais recentemente, foi instalado um mamógrafo a bordo que inclusive foi utilizado no último final de semana para atender algumas mulheres aqui da região que estavam com recomendação de fazer o exame. Nós fizemos contato com a Secretaria de Saúde e desta forma tivemos o prazer a satisfação de poder prestar esse apoio.
Diário - O senhor diria que a instalação desse mamógrafo foi um "plus" para esse navio ou realmente houve alguma demanda, indicativo ou incidência de doenças nessa área médica para motivar a Marinha a fazer esse investimento?
Rodrigo - Na verdade foram várias coisas que convergiram para isso. Esse equipamento foi instalado fruto de uma parceria com uma Ong chamada Américas Amigas e teve uma interveniência da esposa do comandante da Marinha [do Brasil], dona Sheila, teve também a interveniência da ex-embaixatriz norte-americana no Brasil, além dos Voluntários Cisne Branco, uma entidade que é dirigida pela Dona Sheila e regionalmente as esposas dos comandantes de Distritos têm as suas atividades, enfim, tudo isso concorreu para que esse equipamento fosse instalado. É um "plus" como você disse, porque era uma lacuna no atendimento da população ribei-rinha. Na parte de mulheres ficava sempre essa lacuna do exame de mamografia, que é um exame bastante sofisticado e inclusive nas grandes capitais não é um exame que está acessível a todo mundo a qualquer tempo e a qualquer hora, então esse equipamento a bordo veio sim trazer uma capacidade maior de prestar o apoio que é devido à nossa população ribeirinha.
Diário - Agora do ponto de vista estratégico almirante, a gente sabe que a área de jurisdição digamos assim, que o seu comando do 4º Distrito Naval é muito ampla, então o efetivo da Marinha tem que se desdobrar para fazer frente às demandas de patrulhamento da Amazônia Oriental não é mesmo? Como é essa missão?
Rodrigo - Você comentou sobre as dimensões da área de jurisdição do 4º Distrito Naval que compreende os Estado do Pará, Maranhão, Piauí e Amapá. Isso é cerca de 23% do território nacional, mas somos ainda poucos em termos de efetivo, não chegando a 2,6 mil homens e mu-lheres. Existem vários planos de crescimento da Marinha de uma forma geral e em particular na área que eu comando, mas são coisas que vão acontecendo aos poucos, tanto na parte de reequipamento de novos meios navais, novos esquadrões de helicópteros, novas instalações de conforto inclusive para o nosso pessoal e é marcar presença mesmo. A Marinha, juntamente com as outras Forças Armadas, ela tem a função de marcar presença nas calhas dos nossos rios, dos grandes, pequenos, dos pequenos afluentes, além de levar ação cívico social à nossa população ribeirinha e também quando necessário, garantir a lei, a ordem e a soberania do país nesse imenso espaço amazônico.
Diário - Existe previsão para o tempo que um oficial-general como o senhor fique empenhado numa missão como a de comandar um Distrito Naval?
Rodrigo - Eu assumi no dia 15 de dezembro do ano passado, portanto há quase um ano. Em média os comandantes de Distritos ficam dois anos, então imaginando que isso venha a acontecer eu tenho ainda mais um ano e um mês, uns treze, quatorze meses de comando.
Diário - O Amapá já chegou a abrigar até três Organizações Militares (OM) da Marinha, como o Serviço de Sinalização Náutica, o SSN-41, o Navio Balizador Tenente Castelo e a Delegacia da Capitania dos Portos, que recentemente foi guindada à condição de Capitania. Que futuro o Comando da Marinha reserva para o território do Amapá?
Rodrigo - Como eu disse anteriormente, a Marinha pretende crescer como um todo em todos os rincões do Brasil e não vai ser diferente aqui na região Amazônica. Agora no que diz respeito especificamente ao Estado do Amapá, eu não posso antecipar que tipo de novas Organizações Militares possam vir a ser criadas aqui, mas tudo isso está sendo estudado, porque as demandas são grandes e a Marinha tanto no que diz respeito às suas atividades fim como no que diz respeito às suas atividades como autoridade marítima no que diz respeito a segurança da navegação, são demandas muito grandes e que exigem da parte da Marinha uma atitude proativa, ou seja, ela tem que se antecipar tanto na parte de segurança da navegação e aí incluindo a manutenção preventiva e corretiva de toda a sinalização náutica dos rios e do litoral. Isso tudo é motivo de preocupação por parte da Marinha e isso certamente vai levar a um aumento de meios distribuídos tanto em Belém quanto nas outras capitais dos Estados em que o 4º Distrito Naval tem jurisdição.
Diário - Almirante, obrigado por sua entrevista.
Rodrigo - Eu agradeço a oportunidade e toda vez que isso acontece eu aproveito para levar à reflexão de todos, o problema da segurança da navegação. A Marinha, como autoridade marítima é responsável por isso, mas ela sozinha não vai fazer muita coisa, então cada vez mais há a necessidade de que a população como um todo entenda que todos nós somos um pouco responsáveis pela segurança da navegação, seja denunciando algum problema, denunciando superlotação de embarcações, procedimentos incorretos, enfim, pois às vezes isso tudo salta aos olhos embora a pessoa são seja letrada no assunto marítimo mas ao ver alguma coisa que esteja errada, existem meios de fazer chegar à autoridade marítima para que a gente cada vez mais diminua a ocorrência de acidentes na nave-gação, poupando vidas e evitando acidentes como, por exemplo, o escalpelamento, que é outro evento que nós estamos envolvidos como protagonistas e é preciso que realmente a gente divulgue os preceitos de segurança e que todos estejam imbuídos do propósito de que a segurança da navegação é uma responsabilidade um pouco de cada um de nós.
Perfil
Atual comandante do 4º Distrito Naval, responsável pela chamada Amazônia Oriental, é o vice-almirante Rodrigo Otávio Fernandes de Hônkis, natural do Estado do Rio de Janeiro e com mais de 40 anos de serviço efetivo na Marinha. Ele chegou ao posto de vice-almirante, o penúltimo degrau na carreira de um oficial-general na Marinha, por ato do presidente da República, no dia 12 de agosto de 2008, quando era contra-almirante. Sua designação para servir em Belém e comandar o 4º DN deu-se no dia 15 de dezembro de 2009.
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