segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Superintendente da Infraero diz que novo aeroporto sai em 2011


Em meio a tanta turbulência causada pela longa paralização das obras do novo aeroporto de Macapá, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, a Infraero, decidiu quebrar o silêncio para esclarecer essa e outras dúvidas que permeiam o inconsciente coletivo dos amapaenses, seja para quem sonha com um lote de terras na imensa área de entorno do terminal, seja para pautar acalorados discursos de políticos e autoridades locais. Manoel Campos, superintendente da Infraero, relata em duas entrevistas ao Diário do Amapá, como a empresa pretende retomar as obras do novo terminal, minimizar os efeitos do estrangulado e atual terminal e ainda lidar com a pressão para ceder parte da área de expansão do aeroporto para que o Poder Público possa urbanizar e abrigar novas estruturas urbanas e sociais na cidade. No domingo que vem a segunda parte.

Diário do Amapá - O atual aeroporto de Macapá está passando por obras de recuperação da pista de pouso. Em que fase está essa obra?

Manoel Campos - Na realidade a gente costuma di-zer que o aeroporto começa pela pista, então a pista assim como toda a edificação tem uma vida útil e a pista do Aeroporto Internacional de Macapá estava necessitando de uma intervenção.

Diário - Como só temos uma pista imagina-se que deve ser uma grande engenharia tocar essa obra não é mesmo?

Campos - A operação das aeronaves, grandes e pesadas, requer uma determinada segurança da pista. Mas também temos um outro fator que é o climatológico, pois aqui a temperatura na pista chega a quase 60 graus em determinadas horas e aí de repente chove e há uma mudança muito brusca dessa temperatura.

Diário - É o que se costuma chamar de choque térmico, não é mesmo? Isso é preocupante?

Campos - Isso. E o asfalto acaba sentindo muito tudo isso, o que é uma particularidade das regiões Norte, Nordeste e Noroeste.

Diário - Essa obra está restrita apenas à pista de pouso ou poderá contemplar outras estruturas do aeroporto?

Campos - Na verdade há todo um planejamento de revitalização não só da pista como também dos outros equipamentos que fazem parte do complexo aeroportuário. A pista nós planejamos e começamos o trabalho ainda em agosto do ano passado para concluir em fevereiro deste ano. Mas nós sofremos uma intervenção muito forte principalmente por parte da meteorologia.

Diário - Choveu mais do que o esperado?

Campos - Principalmente no ano passado nós tivemos muita chuva o que dificulta muito o trabalho e com isso uma boa parte do trabalho teve que ser replanejada. A obra iniciou em agosto e foi até final de dezembro e início de janeiro deste ano e com isso não foi possível terminar.

Diário - E quando os trabalhos foram retomados?

Campos - Agora em agosto. Na verdade era para começat logo no início do mês, mas como era término de férias e o fluxo operacional de passageiros entrando e saindo de Macapá é muito grande a Infraero em consenso com as companhias aéreas decidiu alterar a data, para o dia 4 de agosto.

Diário - E como vão as coisas agora na execução dos trabalhos, já dá para definir uma data de conclusão?

Campos - Esse trabalho está planejado para terminar no dia 30 de setembro, o que é apenas uma previsão, pois nós sofremos ainda a intervenção do meio ambiente, mas nós estamos cumprindo o planejado e espe-ramos que esse trabalho possa terminar no dia programado.

Diário - A gente imagina a mão de obra e o planejamento necessário para adaptar o andamento dessa obra, afinal de contas os vôos diurnos tiveram que ser cancelados em alguns dias da semana, com efeitos em outras partes do país não é mesmo?

Campos - Com certeza. É bom esclarecer que esse é um trabalho muito bem planejado. A Infraero na verdade apresentou esse planejamento para as empresas aéreas, para os órgãos públicos e todos aqueles que têm interfase direta com a aviação para buscar a melhor forma possível de se operacionalizar tanto a obra como os vôos, pois o aeroporto de Macapá funciona 24 horas.

Diário - Qual o tempo necessário para que isso tudo seja realizado até a nova liberação da pista para as ope-rações?

Campos - Para que a gente pudesse realizar esse trabalho, e é bom que se esclareça que para isso é precisa de determinadas condições, pois é necessário fazer topografia, colocar as máquinas na pista, lançar o cabeamento para a delimitação de onde vai ser feita a obra, você tem que fresar, jogar um produto chamado baider, que é uma espécie de cola, depois sentar a massa, além de passar o rolo para nivelar.

Diário - E quanto tempo leva para fazer tudo isso?

Campos - É um trabalho muito custoso e você não tem condições de entrar para a pista e fazer um traba-lho desses se você não tiver a pista fechada por pelo menos seis horas. É o tempo para você colocar o maquinário, fazer todo o procedimento e depois tem que retirar, limpar para deixar a pista livre para que o avião possa pousar ou decolar.

Diário - Qual é a extensão da pista de pouso do Terminal de Macapá?

Campos - Ela tem 2,1 mil metros de extensão por 45 metros de largura.

Diário - Pelo que a gente sabe o trabalho começou pelas extremidades ou cabeceiras como vocês chamam, então agora a obra se concentra na parte central da pista?

Campos - É, na realidade no ano passado nós traba-lhamos os 400 primeiros metros das cabeceiras 08 e da 26, sendo que a parte central da pista não foi possível fa-zer o que está sendo feito agora, nesta segunda e final etapa. Nós estamos substituindo o pavimento dos 18 metros centrais da pista, ou seja, removendo o asfalto e colocando asfalto novo, além de recapear toda a extensão da pista, portanto podemos dizer que vamos ficar praticamente com uma pista nova.

Diário - Então durante as etapas anteriores do traba-lho e na atual a gente tinha o encurtamento da pista de pouso, mas nada que ameaçasse a segurança das ope-rações não é mesmo?

Campos - Com certeza. O que aconteceu no ano passado, por exemplo, quando fechávamos os primeiros 400 metros de uma determinada cabeceira, ficávamos ainda com 1,7 mil metros de pista livre e tudo é repassado para as empresas aéreas para avaliarem se aquela determinada aeronave, com determinada carga que ela rotineiramente transporta se ela tem condições de pousar e decolar com segurança. Então quando a gente fecha a pista nessas condições já há sido feito todo um estudo técnico para avaliar essas condições.

Diário - E sobre as obras do novo terminal de passageiros. O senhor tem alguma previsão de quando a obra será oficialmente retomada?

Campos - Esse é um assunto que realmente merece todo um cuidado para a gente comentar, pois o novo terminal já era para estar pronto. A Infraero ensejou todos os esforços para isso, mas infelizmente a gente se deparou com determinadas situações que sugiram ao planejamento, ao querer da Infraero e da sociedade amapaense. Nós carecemos de um novo terminal, isso é claro e evidente, mas o contrato teve que ser reincidido, mas a Infraero está buscando todos os meios para que esse novo aeroporto seja inaugurado em dezembro de 2011. Prova disso é que nós já lançamos uma nova licitação, mas que está em tr6amite na esfera judicial, o eu não obstou que a Infraero buscasse outras alternativas.

Diário - Que alternativas seriam essas superintendente?

Campos - Uma delas foi fazer uma parceria, um termo de cooperação técnica com o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) que já foi assinado e o ITA vai fazer agora todo o trabalho de elaboração dos projetos executivos, uma fase da obra que está dentro do planejamento, repito, que continua sendo dezembro de 2011.

Diário - Mas enquanto isso não acontece há traba-lhos para minimizar o fato do antigo terminal já estar realmente obsoleto, com sua capacidade operacional ultrapassada já há algum tempo para as demandas que se tem hoje?

Campos - A gente na realidade olha os dois horizontes: um novo terminal, e a Infraero foi competente para planejar um grande terminal, com 17 mil metros quadrados, o que nos levou a fazer toda uma remodelagem no projeto para que esse terminal tenha duas pontes de embarque. Essa era nossa meta. A gente também entende que o atual terminal está extremamente carente, está fora dos padrões da Infraero e carece de algumas melhorias. Mas nós estamos com licitações para substituir o piso, para substituir o forro, para melhorar a iluminação, reforma de banheiros e também ainda este ano nós vamos colocar dois ambientes físicos para o conforto dos passageiros.

Diário - Mas com o novo terminal, como ficará a estrutura do velho aeroporto?

Campos - Na realidade o projeto do novo terminal ainda é um projeto de expansão. Inicialmente ele vai começar com 17 mil metros quadrados, mas o atual terminal, dependendo do fluxo operacional, está no projeto para abarcar uma ampliação, então o atual terminal, num futuro próximo, ele será absorvido pela nova estrutura.

Diário - Em que pese todos os problemas com as obras de ampliação do aeroporto, como andam as finanças da Infraero no Amapá?

Campos - Este é um assunto importante de se esclarecer a sociedade porque a Infraero é uma empresa que tem a responsabilidade de administrar e explorar a área aeroportuária. Vale aqui registrar que praticamente todos os aeroportos da região Norte são decifitários. Para se ter uma idéia, Macapá fechou o ano passado com quase R$ 3 milhões de déficit. A Infraero administra 67 aeroportos, a grande maioria deficitária e o que acontece é que os grandes aeroportos, com maior aproveitamento operacional de passageiros e de cargas, o que acaba minimizando essa situação, ou seja, o lucro desses aeroportos faz frente ao prejuízo dos outros.

Diário - E sobre as discussões a respeito da área de entorno do Aeroporto de Macapá, que vários organismos querem que sejam divididos para projetos de urba-nização da cidade?

Campos - A Infraero na realidade fez um estudo de aproveitamento da área patrimonial do aeroporto, demonstrando aquilo que seria extremamente necessário para a implantação final do Aeroporto Internacional de Macapá, naquilo que de projeta como a sua evolução, a evolução do Estado, a evolução da cidade e os intercâmbios que o Estado vem buscando com outros países e com isso a gente tem que preparar esse aeroporto para uma vida de 50, 60 ou 70 anos, pois investimento de aeroporto é muito alto, então a Infraero tem que ser responsável de fazer um planejamento para que esse aeroporto não venha a deixar de existir com 10, 15 ou 20 anos.

Nota da redação: Continua no próximo domingo.

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