terça-feira, 3 de maio de 2011

"Algumas pessoas vulgarizaram o que é autoajuda"

GENI FROTA - A pedagoga que virou “show-woman” e uma talentosa “coach”

Entre as diversas profissões da modernidade, está uma de nome diferente, a o "Coach", que seria uma espécie de treinador em tempo integral, pois atua no assessoramento desde famílias em busca de uma aptidão profissional para um filho adolescente, até autos executivos de grandes corporações, com pro-blemas de relacionamento, de liderança ou até para esquecer uma desilusão amorosa. No Amapá existem alguns profissio-nais fazendo a direfença na vida de muita gente, como a Coach de Vida Geni Frota, uma pedagoga formada pela Universidade Federal do Amapá e que atualmente é uma verdadeira "show woman" em palestras motivacionais ou na discrição do traba-lho de coach, pois muita gente não fala abertamente que contrata os serviços desse tipo de profissional. O Diário do Amapá entrevistou Geni Frota que falou mais sobre esse ofício.


"Hoje a nossa estrutura educacional não ajuda essa criança e digo criança porque ele sofre mesmo. Tem uma turma que já caiu na minha mão que diz sofrer porque está num vazio"


Diário do Amapá - A função de Coach é tida como uma das modernas profissões. Para que você explique melhor o que ela representa podemos começar pela tradução, vem de treinador mesmo?


Geni Frota - É isso mesmo, é um treinador. Ocorre é que quando o Coach veio para o Brasil não se encontrou uma palavra adequada para fazer a tradução, inclusive até hoje os termos de coach quando a gente trabalha o protocolo puro eles ainda são carentes de uma tradução que remeta realmente ao que de fato você está fazendo.


Diário - E como surgiu essa função tão valiosa do Coach?


Geni - Ele surgiu dentro do contexto esportivo americano, portanto é uma profissão oriunda dos Estados Unidos, iniciada dentro do processo do desenvolvimento dos atletas pelos coach's ame-ricanos, daí a permanência da palavra.


Diário - Você tem muita ligação com o empreendedorismo, atuando como palestrante e tudo o mais, mas em que áreas o profissional coach pode atuar?


Geni - É bem amplo, ele ser um coach de vida, pode ser um coach de equipes, pode trabalhar com coach executivo, mas o coach de vida e o coach executivo são os mais utilizados. O coach executivo é aquele que trabalha para uma empresa desenvolvendo pessoas dentro dessa empresa, então quem nos contrata é a empresa, por exemplo, identificando um potencial entre os colaboradores para ser um gerente, ter uma excelente liderança. Já o coach de vida, que é o que eu trabalho, é minha praia, o que eu gosto, é o trabalho feito diretamente com uma pessoa que me contrata.


Diário - E com qual objetivo acontece essa busca por auxílio, ou treinamento?


Geni - Pelos mais diferentes objetivos que se possa imaginar. O coach de vida trabalha com objetivos pessoais, já o coach executivo trabalha com objetivos profissionais.


Diário - Como se dá o processo para uma pessoa, um executivo, por exemplo, para que admita ter uma determinada fragilidade em uma área que não está bem desenvolvida daí julgar necessário contratar um coach?


Geni - Primeiro se ele está em inferioridade dentro de uma empresa e aí a empresa acena para ele através de um feedback ou de uma avaliação de competência, quando ele recebe da empresa uma avaliação do tipo "olha meu amigo você precisa melhorar o teu relacionamento com teus subordinados" ou a sua visão de planejamento, ou coisa parecida. Outra situação PE quando a própria pessoa decide, por algum insight, porque alguém falou para ele ou chegou a um limiar de sua vida, ele detecta que tem algo que precisa trabalhar. Eu já vi casos em que a pessoa sabia que precisava me-lhorar, mas não sabia precisamente aonde.


Diário - Interessante, tem que haver um objetivo então?


Geni - Bem, você precisa ter um objetivo, mas nós também chegamos a ser procurados porque a pessoa não tem um objetivo. No filme "Hitch - Conselheiro Amoroso", o ator Wiil Smith interpreta um coach que ajuda as pessoas em suas conquistas amorosas. Eu já fui contratada para o inverso, ou seja, tive dois clientes que me contrataram para esquecer outra pessoa após saírem de um relacionamento. Graças a Deus os dois estão muito bem obrigado... (risos).


Diário - Existe diferença entre uma palestra motivacional e a autoajuda?


Geni - Na verdade não, são a mesma coisa, pois motivar nada mais é do que você encontrar um motivo para agir. Numa palestra eu posso dar um insight, sugestões, algumas coisas que lhe façam pensar que o que você tem pode ser muito produtivo, como aquele guri que está em casa com um sorriso lindo te esperando é um motivo para que você possa trabalhar melhor. Ou ainda que aquela velha mãe que você tem em casa, que batalhou a vida inteira para que você agora esteja onde está, enfim, e que você mesmo pode ser um bom motivo para se sentir muito feliz, pelo fato de estar vivo, são coisas que às vezes a gente esquece por conta do dia a dia.


Diário - Despertados esses valores fica, mais fácil partir para o que se convencionou chamar de autoajuda, é isso?


Geni - Como a própria expressão diz, é você mesmo se ajudando. Mas algumas pessoas vulgarizaram o que é a autoajuda, porque tem muito livro para isso. Mas é preciso dizer que o livro é só um instrumento para você pensar a sua experiência. A pior coisa que existe é alguém pensar que com a minha experiência pode ajudar alguém, não pode, lamentavelmente. O máximo que a minha experiência pode fazer é lhe dar elementos para que a sua experiência seja muito produtiva, mais nada.


Diário - Um efeito mais imediato é o sentimento de empatia que o relato da experiência do ou-tro proporciona, não é mesmo?


Geni - Exato, porque aí eu posso encontrar elementos na outra história muito parecida dizendo "poxa vida, comigo também foi assim, eu era muito pobre, minha mãe batalhou muito lavando roupa, limpando a casa". Então é possível que o relato da pessoa que está lá em cima (o coach) sobre uma solução encontrada nem sempre se aplica ao seu caso, entendeu?


Diário - Você falou de casos envolvendo pessoas adultas e até executivos, mas e os adolescentes e jovens que vivem o dilema de escolherem uma profissão, é possível encontrar essas respostas sobre aptidão profissional na escola convencional?


Geni - Hoje a nossa estrutura educacional não ajuda essa criança e digo criança porque ele sofre mesmo. Tem uma turma que já caiu na minha mão que diz sofrer porque está num vazio, dizendo ter estudado pra caramba, está no terceiro ano da fa-culdade e não é aquilo ainda, entende? Ele sofre porque o pai e a mãe têm uma profissão e ele se pergunta se tem que escolher a mesma profissão dos pais e indaga se vão ficar feliz com a sua esco-lha. Na verdade sofre a família também, pois há casos em que os próprios pais se esforçam para passar aos filhos o sentimento de que não queriam que ele escolhesse a mesma profissão que ele.


Diário - É que a profissão dos pais é a primeira referência para os filhos ao pensarem sobre que atividade profissional poderão exercer, não é mesmo?


Geni - É mesmo. Normalmente eu converso com os pais que me contratam e eu digo "vocês são o maior e o melhor exemplo para ele", então se o filho quiser escolher a profissão dos pais, o abençoe e deixe. Mas por outro lado já tive casos de uma família de médicos em que o menino queria fazer geografia e ele sofria para saber como dar essa notícia aos pais. Na minha casa, por exemplo, meu fi-lho já perguntou qual a profissão que ele deve ter para ganhar bem para eu ter as minhas coisas, pois a gente conversa muito sobre ter coisas e ser feliz, sabe? Minha resposta é "meu filho não existem profissões que pagam mal ou que pagam bem. Existem profissionais que são bons, profissionais que são excepcionais e profissionais que são medianos", então vai depender muito de cada caso. Eu mesmo vivo um verdadeiro paradigma de ser um profissional mal remunerado?


Diário - Qual é o paradigma então?


Geni - O paradigma do pedagogo, do professor. Eu escolhi outro caminho, pois sou pedagoga formada pela Universidade Federal do Amapá e já tive o privilégio de retornar lá como consultora, aliás, neste dia chorou todo mundo lá quando fui fazer uma homenagem aos servidores. Posso dizer que sou pedagoga por opção escolhi minha profissão, acredite. Mas eu orientei a minha profissão por um caminho que me desse prazer, então hoje eu me divirto e as pessoas me pagam para eu fazer isso.

Perfil

Geni Frota é Pedagoga, especialista em Dinâmica dos Grupos, pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG, Coach de vida, Master Practitioner em Programação Neurolinguística. Ampla experiência como palestrante na área de desenvolvimento humano, experiência em prestação de serviços de consultoria e instrutoria para empresas. Experiência como coach de vida, individual e de equipes. Consultora nas áreas de Desenvolvimento Humano, Empreendedorismo, Planejamento e Negócios.

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