sábado, 27 de junho de 2015

TURISMO - Uma nova chance para Mazagão

A Festa de São Tiago, que ocorre no mês de julho, é uma fiel reprodução dos anos em que Mazagão era do outro lado do Oceano Atlântico, em uma fortaleza no Marrocos.
A festa de São Tiago é o maior acontecimento cultural, religioso e turístico do interior do Amapá e atrai a cada ano uma multidão de visitantes para a pequena e histórica vila interiorana.

Por Cleber Barbosa, para a Revista Diário.

O mês de julho é sempre muito aguardado pelos moradores da bucólica vila de Mazagão Velho, pois é quando a população mais que dobra de tamanho para que os turistas possam assistir a um verdadeirio espetáculo a céu aberto: a retratação da batalha entre mouros e cristãos, como ocorrera em 1769, quando a Mazagão africana, uma fortaleza no Marrocos, foi transferida para a Amazônia, uma bela, mas terrível história de dor e sofrimento.
Muita gente na realidade não conhece os detalhes dessa aventura que atravessou o oceano para que os moradores pudessem ter uma nova chance, distante do continente africano. Construída em 1513 com fama de inexpugnável, a cidade fortificada de fato resistira a sucessivos ataques muçulmanos por mais de dois séculos. Mas naquela fatídica década, estava com os dias contados, o que acabou por se consolidar com a invasão comandada pelo sultão Sidi Mohamed. “Era o fim da ocupação. Mas não o fim de Mazagão. Desfeita na África, a cidade atravessaria o Atlântico para ser reerguida em outro extremo do Império português, carente de povoamento em suas fronteiras: a Amazônia”, narra o historiador Laurent Vidal.
A festa pelo Dia de São Tiago, é em 25 de julho, que a lei agora diz ser feriado estadual. O atual prefeito, Dilson Borges (PMDB), diz que todos os esforços estão sendo envidados para que esse acontecimento cultural e religioso, possa ser ainda mais divulgado e assim o turismo local possa ser alavancado. “Não vamos inventar a roda. O turismo é isso, cultura, gente para recepcionar, história para ser contada”, diz.

CURIOSIDADES
Até 1778, cerca de 1.800 pessoas foram transferidas da Mazagão africana para a Nova Mazagão, como ficou conhecido o povoado no Amapá. E apesar de receberem durante um ano uma ração alimentar, poucas famílias conseguiam se sustentar na nova morada. Acabaram passando fome. Fragilizados, eram vítimas de doenças e epidemias. O fracasso da experiência amazônica é reconhecido oficialmente no dia 19 de setembro de 1783. Poucos permaneceram. E pereceram.

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