N/M Ana Beatriz IV pouco antes de zarpar do Porto do Grego, em Santana | Foto: Bruce Barbosa |
Cleber Barbosa
Da Redação
O que era para ser o início de uma viagem de férias começou
com frustração, estresse e lágrimas, no Porto do Grego, em Santana. É que com
um mês de antecedência, quatro famílias adquiriram as passagens e pagaram o
frete de seus automóveis, para seguir viagem a partir de Belém via estrada, para
diversas capitais e cidades do interior do Nordeste. Mas aconteceu uma venda de
passagens acima do esperado e não houve mais espaço para embarcar os carros,
gerando muita confusão ontem (3) no cais do Porto do Grego, em Santana.
O navio em questão é o BM Ana Beatriz IV, da ENASAL (Empresa
de Navegação Santana Ltda), que faz a rota entre o Amapá e o Pará, por meio da
Estação das Docas, em Belém. O gerente da empresa, identificado como Miranda,
foi quem protagonizou os piores momentos durante a confusão – em que pese o navio
ser considerado o maior e mais seguro na rota. O problema foi como ele
administrou a crise, reagindo com rispidez no diálogo com passageiros e
familiares.
Diante dos questionamentos da dona de casa Nazaré Carvalho, 46,
preocupada com sua mãe idosa que viajava no navio, ouviu do gerente a seguinte
declaração: “Se não está satisfeita não viaje mais em nossa empresa, existem
outras muito melhores”, o que gerou ainda mais indignação em quem assistia ao
diálogo. Nazaré se disse surpresa, perplexa mesmo. “Achei o gerente
despreparado para lidar com o a gente, que é consumidor, ele deveria passar por
um curso de relações públicas”, disse ela.
A sequência de fotos da confusão: donos de carros irritados, a apreensão dos passageiros e fiscais da Marinha |
Compensações
Os passageiros que não conseguiram embarcar seus carros no
navio tiveram a promessa de ter os veículos embarcados em balsas e que teriam
os custos com hotel em Belém reembolsados pela empresa. “O problema é que nossa
viagem vai sofrer um atraso muito grande, pois a balsa chega dois dias depois
do que a gente havia planejado há mais de um mês”, disse um dos passageiros que
viajaria para a Paraíba.
Apesar do alerta da Marinha, gerente acaba mandando passageiros em uma voadeira abordar o navio em plena viagem |
Riscos
Diante dos transtornos e incertezas sobre seguir ou não
viagem, os proprietários do veículos acabaram não embarcando, causando comoção
diante do choro de filhos menores pela brusca separação dos pais. É que
precisaram retirar bagagens e objetos pessoais dos carros e o navio acabou
zarpando sem eles, que precisaram ser levados a bordo em uma voadeira. Mas o
embarque com o navio em movimento é uma operação irregular. Um fiscal da Capitania
dos Portos repreendeu o gerente da empresa, afirmando que se o fizesse seria
por sua conta e risco e que diante de qualquer incidente seria responsabilizado
criminalmente. Depois, por telefone, passageiros confirmaram, que os motoristas foram, de fato, embarcados no meio da baía, com o BM Ana Beatriz IV singrando o
Amazonas, com cerca de uma hora de atraso.
Outro lado
O gerente da Enasal, falou à reportagem, explicando que
houve, de fato, uma falha no planejamento, com a venda de passagens acima do
programado. O navio tem uma capacidade máxima de 700 lugares, segundo ele, e
deixou Santana ontem com cerca de 400 passageiros, sem espaço no porão para os
quatro veículos que tinham tido o frete antecipadamente pago. Ele prometeu providências.
A reportagem apurou que felizmente a viagem até Belém seguiu sem maiores transtornos, chegando à capital paraense por volta das 10 horas da manhã desta quinta-feira.
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