segunda-feira, 1 de julho de 2013

EXPOSIÇÃO A CÉU ABERTO: Museu Sacaca quer expandir seus horizontes

TURISMO / O Diário do Amapá mergulha em um dos principais pontos turísticos de Macapá, um museu considerado uma vitrine das raízes amapaenses.

COM SACACA - As jovens tiram fotos na estátua do mago Sacaca, um profundo conhecedor das ervas medicinais que a natureza possui. Ele dá nome ao Museu que recebe anualmente 34 mil turistas e 17 mil estudantes em suas dependências.
CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO

Para quem não conhece o interior do Amapá ou não anda com tempo para viajar até lá, uma boa dica é visitar o Museu Sacaca, um pedaço da floresta amazônica dentro da cidade de Macapá. São retratados em uma exposição a céu aberto os cenários da vida interiorana, sejam os ribeirinhos, os índios, os extrativistas, os negros e até os viajantes dos barcos de madeira. Mais que isso, o museu é também voltado à pesquisa científica e seu acervo dá vazão aos anos de muita dedicação e estudos dos técnicos do Iepa (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá).
O Diário do Amapá encontrou no lugar a estudante Rayce Alfaia,17, tirando fotos ao lado da estátua de Sacaca, com a ajuda de uma amiga. Este é um dos gestos mais repetidos pelos cerca de 34 mil turistas que visitam o lugar anualmente. “Depois que ele foi reformado esta é a primeira vez que venho aqui. Está lindo. Dá vontade de convidar as pessoas de fora do Amapá para também virem visitar nosso museu”, diz a visitante.
Museóloga Simone de Jesus
E a meta no museu é ampliar esse contingente de pessoas que visitam suas dependências. É o que garante Simone de Jesus, a museóloga do Sacaca. Originária da Universidade Federal da Bahia, veio ajudar na inauguração e está de volta ao Museu desde 2011. Ela fala com muita propriedade sobre como o acervo foi sendo formado, desde os tempos do Museu Territorial, passando pelo Museu Industrial, até chegar à denominação atual dentro da proposta museológica e sua concepção pedagógica.
Ela fala com orgulho dos diversos prêmios que o Museu Sacaca já recebeu ao longo de sua trajetória, entre eles os prêmios Darci Ribeiro e Chico Mendes de Preservação Ambiental. “O Museu ficou pequeno para tanta coisa. Estamos trabalhando para que ele cresça mais e possa realizar mais pesquisas”, diz a museóloga.
O museu surgiu em 1997 com o nome de Museu do Desenvolvimento Sustentável e teve o nome de Sacaca agregado após seu falecimento, em 1999. Ele era um símbolo marcante do conhecimento popular das ervas e plantas medicinais, daí ter sido agregado ao museu reunir e retratar os saberes e os fazeres das comunidades tradicionais.
Para o futuro, os projetos de ampliação são de também retratar a saga da mineração no Amapá, para isso, o pensamento é acomodar melhor os setores técnicos da instituição, valorizando e ampliando os trabalhos de pesquisas. Entre os projetos estão a instalação de um planetário fixo e inserir o Amapá no circuito nacional de exposições.


O Amapá retratado em seus mínimos detalhes

Um dos principais destaques do projeto museológico é o circuito expositivo a céu aberto, desenvolvido em parceria com as comunidades tradicionais do Amapá e que tem por objetivo retratar os principais ambientes e formas de organização social da região amazônica. São ainda atributos do museu a realização de palestras, seminários, debates, atividades culturais, exposições temporárias, visitas guiadas e oficinas pedagógicas sobre temas como ecologia, patrimônio e identidade cultural. Destacam-se, nesse contexto, uma série de atividades de alta qualidade direcionadas ao público infantil, sendo comum a visita de caravanas escolares.
Compõem o circuito expositivo: a Casa dos Índios Waiãpi, a Casa dos Índios Palikur, o Barco Regatão, o Sítio Arqueológico do Maracá, a Praça do Pequeno Empreendedor Popular, a Praça do Sacaca, a Casa da Farinha, a Casa da Fitoterapia e a Casa dos Ribeirinhos. O rio que corta o terreno serve para a criação de peixes da região e estudos sobre recursos hídricos e potencial pesqueiro. Destaca-se também o acervo audiovisual, formado através de registros realizados pela equipe técnica do museu durante os projetos desenvolvidos pelo IEPA.

O mago das ervas naturais, Sacaca, é homenageado com o nome do museu

Embora tenha sido fundado no final dos anos 1990, seu acervo, entretanto, remonta às décadas de 1960 e 1970, quando foram criados o Museu de História Natural Ângelo Moreira da Costa Lima e o Museu de Plantas Medicinais Waldomiro de Oliveira Gomes. Os dois museus foram posteriormente fundidos e, em 10 de abril de 1997, o Museu Sacaca foi inaugurado, sob a denominação de Museu do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA). Em 1999 o museu foi rebatizado como "Museu Sacaca de Desenvolvimento Sustentável", em homenagem a Raimundo dos Santos Souza (1926-1999), vulgo "Sacaca", curandeiro local de grande importância para a difusão da medicina natural junto à população amapaense. Em 2002, após a criação de um novo estatuto, o museu foi reinaugurado com o nome atual: "Centro de Pesquisas Museológicas Museu Sacaca".
Nos anos seguintes, o museu se estabeleceu como um dos mais importantes centros culturais e científicos do estado, bem como um importante ponto turístico da cidade de Macapá. Na condição de órgão oficial de divulgação das pesquisas e atividades do IEPA, bem como herdeiro de acervos científicos pré-existentes, o Museu Sacaca tornou-se uma referência regional em tópicos como biodiversidade, desenvolvimento sustentável, medicina natural, etnologia, organização sócio-econômica e cultura dos povos amazônicos. 
O museu também realiza pesquisas próprias sobre temas que lhe são caros e desenvolve produtos a partir de matéria-prima regional, sobretudo produtos naturopáticos, de sabonetes a pomadas para dores musculares, disponibilizados ao público por meio de uma farmácia mantida pela instituição.

CURIOSIDADES

- O museu desenvolve suas atividades em um conjunto de edificações dispersas por uma área verde banhada por um pequeno rio.
- Está localizado no bairro do Trem, na zona centro-sul de Macapá;
- O acervo do museu, bastante diversificado, reúne peças de interesse científico, abrangendo zoologia (com destaque para a coleção entomológica), botânica e microbiologia. 

12mil
Metros quadrados. Essa é a área total do Museu Sacaca, cercado de muito verde e cenários naturais.

BARCO REGATÃO



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