Fátima Pelaes. A deputada faz uma avaliação da vida parlamentar, dificuldades e vitórias alcançadas. |
CLEBER BARBOSA
Da Redação
Diário do Amapá – Quanto tempo de mandatos consecutivos no Congresso Nacional?
Fátima Pelaes – Eu cheguei lá em 1991, no meu primeiro mandato. Depois eu concorri ao Governo em 2002 e fiquei aqui, quando tive a oportunidade de ser secretária de Turismo e depois voltamos para o Congresso Nacional, onde estou no meu quinto mandato. Mas eu me sinto com o mesmo entusiasmo do primeiro mandato, com uma diferença, hoje com muito mais experiência para tirar os problemas, as dificuldades, correr atrás dos projetos e o nível de conhecimento que a gente passa a ter lá, tanto nos ministérios como no Congresso Nacional. Isso de certa forma facilita a luta, as vitórias, pois tenho muita fé em Deus e tenho trabalhado.
Diário – Muita gente diz que a senhora conquistou seu espaço lá com muita simpatia e diálogo, além de uma característica de conhecer dos ascensoristas dos ministérios aos chefes de gabinetes, o que lhe garante muito trânsito na Capital...
Fátima – É importante você ter esse trânsito para você batalhar, eu acho que a persistência é fundamental também. E você acreditar nos seus projetos, pois quando você acredita é muito mais fácil para você lutar por aquilo, então a gente tem procurado. Primeiro respeitar as pessoas, em todos os níveis, em todos os lugares, por isso dizem que você conhece uma pessoa, como ela lhe trata, sem ela precisar de você. Então procuro tratar todo mundo bem.
Diário – É uma coisa que a senhora tem como meta?
Fátima – A gente coloca em prática no dia a dia, no trabalho também, na nossa luta, por acreditar.
Diário – Por falar em trabalho em que a senhora tem se dedicado atualmente?
Fátima – Além das rotinas normais, hoje a gente tem a questão do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] então a gente está engajada em uma luta que é para o município de Santana que é a Baixada do Ambrósio, uma luta grande, que não é para hoje, não é para esse mandato, pois falta um ano e meio para terminar. Na verdade essa é uma luta que não vem de hoje, é de muitos anos, mas que é importante começar. E continuar, pois é uma luta da bancada, de outros mandatos. É que agora veio a questão do PAC 3 que vai ser aberto agora pela Presidenta Dilma e nós estamos querendo colocar esse projeto lá.
Diário – Como está esse projeto agora?
Fátima – O projeto tem dez anos e o prefeito vai ter que reformular. O prefeito Robson [Rocha] inclusive esteve comigo lá com a secretária Inês [Ministério das Cidades] onde nós temos uma linha de financiamento nessa área, mas é uma luta árdua. Só para você ter uma ideia não sou uma pessoa que foca apenas no mandato, até a próxima eleição, nós trabalhamos para o nosso Amapá e pelo Brasil, então eu sei que é um projeto importante e a gente vai estar lá. Há um compromisso de que ela [Dilma] vai colocar entre as prioridades do Governo Federal. São mais de mil famílias que moram hoje na Baixada do Ambrósio e com esse novo momento que o Porto de Santana vai viver é preciso pensar na urbanização também.
Diário – O prefeito diz que quer resgatar essa vocação portuária de Santana.
Fátima – É, tem a questão do petróleo, que daqui a três anos nós já vamos ter a possibilidade de estarmos produzindo alguma coisa, os grandes projetos de mineração, então você tem uma perspectiva boa para lá.
Diário – Tem também o projeto de embarque de grãos.
Fátima – Sim a questão do transbordo dos grãos do Centro-Oeste, que é um projeto grande também, privado, do outro lado do rio e que nós conhecemos o projeto, pois tivemos a oportunidade de ir conhecê-lo e levamos até o governador as pessoas que são do Mato Grosso. Ele acreditou no projeto e juntos fomos ao governador de Mato Grosso, nessa relação de parceria. Hoje o Governo deu todo o apoio necessário para que eles se instalassem, conseguiram financiamento e já iniciam o projeto. Fico muito feliz de saber que o nosso mandato contribuiu decisivamente para isso, pois não temos um aviário porque não temos grãos, daí sermos hoje apenas um importador de frangos. Daqui a alguns anos essa realidade vai ter mudado, certamente e vamos viver um novo momento no Estado, com a geração de empregos, isso garante qualidade de vida, pois dignidade se faz com emprego e salários justos.
Diário – Seu colega de bancada, o deputado Milhomen, disse já ter ouvido uma ponderação bem humorada de um prefeito dizendo que os deputados davam muito trabalho às Prefeituras do interior devido a burocracia exigida para a liberação dos recursos que os parlamentares alocam em emendas ao orçamento. O que a senhor acha?
Fátima – Poderia dizer ao contrário, que na verdade tem alguns prefeitos que dão muito trabalho para nós... [ risos] O que ocorre é que você coloca a emenda e se a Prefeitura não tiver preparada para elaborar os projetos não tem como [liberar] pois o governo federal está muito exigente hoje, então você tem que cumprir todas as exigências, documentação e tudo mais. Eu falava hoje [ontem] com o prefeito de Mazagão, Dilson Borges, que priorizou três pontos: uma equipe de projetos, uma equipe da parte de contabilidade e uma equipe jurídica. Se você tiver essas três equipes bem preparadas a prefeitura vai e deslancha, pois hoje o Governo Federal não são só emendas parlamentares.
Diário – Existem os programas federais, não é mesmo?
Fátima – Isso, inclusive esta semana nós levamos a equipe do prefeito Clécio e o prefeito Robson que estavam lá e fomos até o Ministério da Educação, trabalhando os projetos dessa área, a documentação, os registros, enfim todo o trabalho do dia a dia que precisa ser feito. Vai ter sempre muito trabalho. Por isso a gente cobra muito, pede equipe, liga, todos nós da bancada fazemos isso, pois temos uma bancada de parlamentares muito dedicados.
Diário – O difícil é ver quando esses recursos retornam para Brasília não é?
Fátima – É muito frustrante para o parlamentar chegar no final do ano e fazer um levantamento e ver o quanto foi devolvido. Só para ter uma ideia nós perdemos aqui do Parque do Meio do Mundo R$ 8 milhões, que foi aquele projeto que a Marta Suplicy veio aqui e assinou o convênio, como ministra do Turismo. Agora no Píer Santa Inês o governador Camilo está se propondo a executar tudo com recursos do Estado, pois a Caixa não está autorizando a liberação nem do R$ 1 milhão que restou do convênio que nós havíamos conseguido, que era de R$ 8 milhões junto ao Governo Federal. Se cada parlamentar for colocar na ponta do lápis tudo aquilo que conseguiram vai dar muito. Então agora não só eu, mas creio que todos os nossos colegas têm sido muito mais agressivos no sentido de estar pedindo, estar cobrando para que os prefeitos possam fazer isso, secretários, enfim.
Diário – E para o futuro, quais são seus planos, pois com toda essa longevidade no Congresso, tentou a Prefeitura de Macapá, o Governo do Estado e postulou até virar ministra do Tribunal de Contas da União. O que está por vir?
Fátima – Olha, quero continuar trabalhando pelo meu povo, pela minha gente e sinto que como deputada federal posso fazer. Faço política porque sei que ela pode transformar a vida das pessoas para melhor. Eu quero qualidade de vida para todos, pois vim de uma família muito humilde, que lutou com muitas dificuldades, então eu sei o quanto é difícil para uma família pobre. Isso era o que me movia quando fui candidata a governadora e é o que me move hoje como deputada federal, então quero continuar fazendo isso. A vida pública não é fácil, você faz amigos e inimigos e quando você pleiteia alguma coisa que alguém também está querendo não sabe o que pode vir o que pode acontecer. Eu já tive essa experiência também quando colocaram meu nome para ser ministra do Turismo. Mas tenho muita fé, e a minha fé em Deus me levanta a cada dia e continuo acreditando nos meus sonhos.
Perfil
Entrevistada. Fátima Lúcia Pelaes é amapaense, tem 53 anos de idade, é formada em Sociologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Começou na vida pública atuando na Legião Brasileira de Assistência, a LBA, entidade da qual também se tornou superintendente no Amapá, tocando programas de assistência social que a tornaram popular e depois eleita deputada federal. Está em seu quinto mandato na Câmara dos Deputados, sendo considerada uma campeã na liberação de recursos alocados em emendas paarlamentares. Foi também a primeira secretária estadual do Turismo, disputou o Governo do Estado e por duas vezes a Prefeitura de Macapá. Foi reeleita em 2010 para a Câmara com 17.297 votos (6,06%).
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