Coronel Pinheiro. O comandante do Exército no Amapá fala das mudanças na estrutura da tropa na Amazônia. |
Cleber Barbosa
Da redação
Diário do Amapá – Recentemente aconteceu uma mudança importante na estrutura do Exército Brasileiro no Amapá, que alterou a subordinação do Comando de Fronteira do Amapá e do 34º Batalhão de Infantaria de Selva, saindo do Comando Militar da Amazônia e indo para o Comando Militar do Norte, que acaba de ser criado não é?
Marcelo Pinheiro – É isso mesmo. Desmembramos a Amazônia em ocidental e oriental. A chamada Amazônia Ocidental ficou com o Comando Militar da Amazônia e a Amazônia Oriental ficou com o Comando Militar do Norte. Este novo Comando tem a jurisdição dele nos estados do Amapá, Pará, norte de Tocantins e o estado do Maranhão.
Diário – Quem comanda o Comando Militar do Norte?
Pinheiro – Nós temos um general de quatro estrelas, um general-de-exército, que é o General Ferreira, oriundo de engenharia, serviu em Manaus, inclusive já trabalhei com ele no Comando Militar da Amazônia, onde ele foi o chefe do Estado-Maior e também chefe do Centro de Operações. Ele foi tenente no 8º BEC [Batalhão de Engenharia e Construção] em Santarém, portanto um militar vocacionado aqui para a área Amazônica que vai trazer muita contribuição.
Diário – Um militar de muito prestígio portanto.
Pinheiro – Isso também demonstra também a importância dessa região que está crescendo muito. A abertura da ponte [binacional], tudo isso aí vem demonstrando que a região está ganhando muita importância, então esse Comando Militar do Norte estava se fazendo necessário.
Diário – Com possibilidades de crescimento da estrutura do próprio Exército por aqui também?
Pinheiro – Sim, provavelmente nós teremos também a criação de uma Brigada, provavelmente instalada aqui no Estado do Amapá. Estamos torcendo para isso, fazendo gestões mostrando a importância da região, a qualidade da cidade de Macapá para que esse comando venha para cá. Há uma tendência muito grande que ele venha se instalar aqui.
Diário – Se tudo correr bem isso pode levar quanto tempo coronel?
Pinheiro – O Comando Militar do Norte está se formando, foi designado um general, mas ainda não tem nenhuma instalação definitiva, pois o QG [Quartel General] está funcionando onde é o QG da 8ª Região Militar ali em Belém, então ele deve levar uns dois anos para se configurar, montar toda a estrutura e a partir daí com certeza deve se voltar para a criação desta Brigada, que vai incorporar o nosso 34º BIS, o 2º BIS de Belém e o 24º BC de São Luiz.
Diário – O comandante militar da Amazônia, o general Vilas Boas, é então seu ex-comandante, não é mesmo?
Pinheiro – É, ele inclusive se despediu da gente, falou comigo pessoalmente da tristeza de ver o Amapá deixar de integrar o seu comando. Mas ele sabe da importância dessa nova criação e por isso ficou satisfeito com a novidade.
Diário – Quais as principais vantagens para o Amapá em ser subordinado agora a um comando militar mais enxuto, digamos assim?
Pinheiro – A nossa Amazônia é muito grande, com uma fronteira também muito extensa, então isso faz com que o Comando Militar da Amazônia tenha uma relevância muito grande no cenário nacional. Devido às extensões ele acabava não tendo uma atenção total da fronteira. Essa redução também se adapta às novas políticas de fronteira que se instalam, com a criação de outros Pelotões Especiais de Fronteira aqui mesmo no estado do Amapá, o que faz com que a região seja atendida de melhor forma, com um Comando Militar mais próximo, em Belém.
Diário – Esses investimentos também significam mais empregos para a nossa juventude não é mesmo?
Pinheiro – É, nós teríamos um aumento muito grande do efetivo aqui. Hoje é bem acanhado, pois dos 8 mil jovens que se alistam aqui no estado nós só conseguimos incorporar 250 recrutas, um efetivo bem pequeno para a quantidade demandada. Com a vinda da Brigada com certeza isso vai triplicar ou quadruplicar porque a estrutura da Brigada incorpora mais de 3 mil militares, logicamente que vem um efetivo profissional, de carreira, que são militares que incorporam em qualquer parte do país. Mas nessa parte temporária, que seriam esses jovens incorporados no estado com certeza aumentaria bastante.
Diário – O que realmente compreende uma Brigada em termos de estrutura de batalhões?
Pinheiro – Bem, a Brigada se for instalada aqui viria o Comando da Brigada, a estrutura de comando, sua Companhia de Comando também, o nosso Batalhão e mais as estruturas logísticas também, como um Grupo de Artilharia, que é um efetivo de Batalhão, teríamos um Batalhão Logístico, com seu efetivo parecido com de um batalhão de Infantaria, além de outras estruturas de comunicações e engenharia, para dar o suporte à nossa estrutura operacional, que é a arma base, a arma de Infantaria. Além disso, teríamos um Esquadrão de Cavalaria que também viria a ser criado aqui no estado.
Diário – Isso tudo aumenta a presença do estado brasileiro nessa parte da Amazônia o que lembra a preocupação que o país sempre teve com relação à cobiça estrangeira sobre ela, com combate à biopirataria enfim, isso ainda preocupa mesmo coronel?
Pinheiro – Com certeza, a Amazônia é o futuro, é a salvação, considera-se dessa forma, para o mundo, com muita coisa a ser descoberta, coisas que podem ajudar muito na evolução do homem, o que tem com certeza tem trazido essa cobiça, o que tem aumentado muito a busca por esse tipo de material. Então é uma preocupação constante nossa que estamos sempre atentos, onde nós temos essa incumbência, ali na região do Rio Oiapoque, de Clevelândia do Norte até Vila Brasil, quando se houver algum problema a gente leva aos órgãos responsáveis por esse combate propriamente dito. Ali nós temos a responsabilidade pelo combate ao delito transfronteiriço ambiental, uma missão subsidiária nossa, não é a principal, que é a defesa da pátria. Mas sempre que nos deslocamos naquela região fazemos esse tipo de combate.
Diário – E os recrutas incorporados este ano, estão em que fase da instrução militar coronel?
Pinheiro – Eles terminaram o Período Básico, em que todos os recrutas recebem o mesmo tipo de instrução e agora iniciaram o período de Qualificação, quando ganham a qualificação militar, ou seja, ele vai ser um militar de Infantaria, um soldado Fuzileiro ou vai ser um soldado de Comunicações, trabalhando com os equipamentos de comunicação, ou ele vai trabalhar com as viaturas, na garagem, ser motorista, mecânico e assim por diante, cozinheiro, enfim receber a qualificação propriamente dita para assim integrar definitivamente o nosso Exército e poder trabalhar em qualquer condição. A partir daí a próxima fase é o Adestramento, quando vai trabalhar dentro da tropa.
Diário – Para fechar, existem algumas peças publicitárias sendo veiculadas a respeito do ingresso de interessados nas fileiras do Exército, inclusive atraindo mulheres. Tem um site com mais informações a esse respeito?
Pinheiro – Sim, nós temos o site do Exército Brasileiro, no endereço www.exercito.gov.br e ali tem no alto da página principal tem escrito ‘Junte-se a nós’ onde logo abaixo aparecem os concursos que ainda estão abertos. Se não estou enganado está aberto o da Escola de Formação Complementar do Exército, onde a presença feminina é muito grande, para profissionais formados e que ingressam de acordo com sua especialidade.E no ano que vem haverá concurso inclusive para que as mulheres possam ingressar em nossas Bandas de Música.
Perfil
Entrevistado. O comandante do Exército Brasileiro no Amapá é Marcelo Pinheiro Pinto, casado com dona Michele Pinheiro e pai de três filhos. Filho de militar, ingressou na carreira pelo Colégio Militar, tendo depois cursado a Academia Militar das Agulhas Negras (Resende-RJ). Especializou-se em Operações na Selva através do Centro de Instrução de Guerra na Selva, o CIGS (Manaus-AM), onde também foi instrutor. Concluiu o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, na EsAO (Rio de Janeiro-RJ) e cursou Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (EsCEME). Em 2009 foi compor as Forças de Paz da ONU no Haiti. Antes de vir para o Amapá servia no centro de Comunica-ção Social do Exército - CCOMSEX.
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