terça-feira, 11 de junho de 2013

“A União tem uma dívida centenária com o nosso estado e nós temos pressa”

Emanuel Moura. O reitor do Ifap concede entrevista nos estúdios da rádio Diário FM sobre formação profissional.
Com mais de vinte anos de atuação na rede federal de educação tecnológica, o professor Emanuel Moura virou o primeiro reitor do Instituto Federal do Amapá (Ifap), uma entidade ainda nova que a sociedade amapaense aos poucos vai descobrindo sua importância. Em tempos de retomada do setor mineral e de revelações sobre potencial para petróleo no Amapá ele fala sobre como a mão de obra que poderá ser empregada na indústria local está sendo preparada. Emanuel Moura foi ontem ao programa Conexão Brasília, da Diário FM, ocasião em que falou desse e de outros temas importantes, que o Diário do Amapá publica a seguir os principais trechos da conversa com Cleber Barbosa.

Diário do Amapá – Existe muitas discussões hoje no Amapá sobre petróleo e a pergunta que não quer calar é se o Ifap, que é o centro técnico de formação tecnológica, se poderá ter a oferta de cursos para a qualificação dessa mão de obra que essa nova realidade poderá exigir?
Emanuel Moura – Na verdade as instituições da rede federal, os institutos federais, estão presentes em todo o país com a preocupação exatamente sendo essa, ou seja, a formação de profissionais para atender os arranjos produtivos locais e as demandas locais, regionais e nacionais. Realmente é uma grata surpresa, uma coisa muito nova a questão do petróleo e o gás na Costa do Amapá, mas dizer a rede tem expertise na formação de profissionais nessa área, nós temos pelo menos cinco institutos federais que oferecem esses cursos.

Diário – Onde, por exemplo, reitor?
Emanuel - Em Campo do Goytacaz nós temos esse curso há mais de 12 anos, então certamente o Ifap vai buscar nas coirmãs o apoio necessário para iniciarmos essa discussão. É, repito, uma discussão nova, uma demanda recente então nós certamente estamos imbuídos no sentido de buscar uma solução para implantar, clero, dentro das necessidades desse setor a formação de mão de obra qualificada para justamente evitar o que as pessoas falam aqui não é, que toda a mão de obra é importada. Mas ela é importada por quê? Porque nós não tínhamos instituições formadoras de mão de obra aqui. Num recente concurso que nós fizemos para o cargo de técnico em edificações, para atender os laboratórios dos nossos cursos dos nossos cursos, nós não tivemos praticamente candidatos inscritos.

Diário – E com relação ao setor da mineração, outra vocação econômica do Estado?
Emanuel – Também, todos os técnicos da mineração eram importados, porque aqui não existia uma escola formando técnicos, hoje já existe. O instituto, é claro, que as demandas são muito grandes, nós também não temos condições de atender todas as demandas, mas estamos procurando atender as demandas mais emergentes.

Diário – O Governo Federal tem uma tradição muito grande nesse formato de escolas técnicas pelo país, são quantos anos reitor?
Emanuel – É verdade, a nossa rede, de educação profissional e tecnológica nasce em 1909 ainda no governo Nilo Peçanha, então ela chega no Amapá depois de 100 anos de sua existência, então ela fez com que a gente em nossas discussões no Ministério da Educação, no qual vamos buscar recursos e propor a ampliação da nossa rede aqui no estado é dizer que a União tem uma dívida centenária com o nosso estado e nós temos pressa, não podemos mais esperar, temos que ter um tratamento diferenciado no sentido de compensar esses 100 anos perdidos. Tanto é que a meta do governo federal é que em 2022 nós termos para cada cinco municípios do nosso país um campus dos institutos federais. Mas a nossa meta é que em 2015 nós tenhamos pelo menos um campus para atender três municípios. Nós temos um campus já implantado em Macapá e estamos indo para o interior.

Diário – Ou seja, saímos atrás, mas poderemos ser os primeiros a alcançar essa meta dos institutos a cada cinco municípios?
Emanuel – Exatamente, por isso eu disse que temos pressa e por isso mesmo solicitamos apoio da bancada federal, inclusive hoje mesmo [ontem] o deputado Milhomen já se comprometeu em colocar R$ 1 milhão no orçamento do próximo ano, como Emenda Parlamentar. Mas é preciso dizer que a bancada tem sim dado esse apoio, talvez um pouco tímido por ainda não conhecer o trabalho que já começa a fluir, pois estamos em processo de implantação, e é bom que se diga que tivemos o apoio da deputada Dalva Figueiredo com emendas parlamentares individuais, da então deputada Lucenira Pimentel, faço questão de divulgar isso porque foram pessoas que acreditaram. A deputada Janete Capiberibe também já nos ajudou com emenda parlamentar e recentemente o deputado Luiz Carlos que por dois anos consecutivos tem contemplado o nosso instituto com emendas parlamentares. O senador Sarney colocou uma emenda para Santana no ano de 2011, mas como não tínhamos ainda o terreno ela ainda não pode ser utilizada. Então a bancada ela tem sim nos apoiado e peço mais uma vez que nos apoie ainda mais, porque a nossa intenção do instituto é entrar em todos os municípios do nosso estado, não digo um campus, porque independe da nossa vontade, mas nós entrarmos com ações de educação à distância, via Pronatec, via Curso de Formação Inicial e Continuada em todos os municípios.

Diário – Já que o senhor falou do senador Sarney, a gente sabe que ele é um entusiasta desse projeto, foi decisivo pelo trânsito que tinha com o então presidente Lula e agora com Dilma Rousseff, mas desde o projeto dele trazer escolas técnicas quando da efetiva implantação já foi como Institutos Federais. Qual a diferença básica entre as duas?
Emanuel – A diferença da Escola Técnica para o Instituto Federal é que a escola técnica tinha a atribuição de formar apenas técnicos de nível médio. O Instituto Federal é uma instituição de ensino superior, mas que tem por obrigação reservar 50% de suas vagas para o ensino técnico de nível médio. Então ele não é só uma escola técnica, é uma instituição de ensino superior, equiparado com as universidades federais.

Diário – E quais são esses cursos que hoje são ofertados pelo Ifap?
Emanuel – No campus Macapá nós temos o curso de mineração, informática, edificações e química voltada para alimentos. Temos ainda dois cursos superiores de tecnologia, construção de edifícios e informática. Duas licenciaturas, química e informática. E uma pós-graduação ‘latu sensu’, uma especialização em docência da educação profissional e tecnológica. Então a escola foi efetivamente implantada em 2010 e nós entendemos que avançamos nesses três anos de funcionamento, mas é claro, estamos ainda em implantação, vamos consolidar tudo isso.

Diário – Vocês poderão estar formando os primeiros concluintes de curso quando então?
Emanuel – Já formamos alunos técnicos em informática e técnicos de edificações. Foi no mês passado, quando fizemos a colação de grau desses 36 alunos, técnicos já formados e uma grata surpresa todos já colocados no mercado de trabalho. Lá em Laranjal do Jari também antecipou, pois esses técnicos foram formados em dois anos, pois foi na forma subsequente, pois os alunos já tinham nível médio, então foram lá só para receber a formação profissional. Lá em Laranjal do Jari nós temos o curso técnico em meio ambiente, que vai formar no próximo ano, mas já formamos em informática, secretariado e secretário de escola, então são esses três cursos que nós mantemos lá.

Diário – Então além de Macapá e Laranjal do Jari onde mais o Ifap está em fase de implantação reitor?
Emanuel – Olha, em Santana e Porto Grande, onde inclusive na próxima semana estaremos lançando já o edital para construção do Campus de Porto Grande, depois de um ano e seis meses dês buscas por um terreno, uma obra que está orçada para essa primeira fase da obra em R$ 9 milhões. Em Santana o processo também está em andamento e acredito que em uma semana a dez dias também teremos condições de estar publicando seu edital. Uma novidade, ou seja, uma coisa que não era esperada em curto prazo era a implantação da UEP [Unidade de Educação Profissional], um polo do instituto, um primeiro passo para nós transformarmos em Campus de Oiapoque. Para se ter uma ideia no Brasil todo são 60 UEPs, sendo apenas duas na região Norte, uma em Oiapoque e outra no Acre. Estávamos na busca de um terreno e tivemos a grata surpresa de ver a Assembleia Legislativa autorizar o Governo do Estado a doar o antigo Hotel de Trânsito, que eu soube ontem [sexta] que o governador sancionou a lei e com isso nós estaremos indo a Brasília para apresentar o projeto.

Perfil



Entrevistado. Emanuel Alves de Moura tem 51 anos de idade, nasceu em Boa Vista (Roraima), é casado e pai de um casal de filhos. É formado em Educação Física pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em 1987, com especialização em Educação Profissional pela Universidade Estadual de Oklahoma (Estados Unidos) e mestrado em Educação Agrícola pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Foi vice-diretor por três anos da Escola Técnica Federal de Roraima (ETFRR), onde também cumpriu dois mandatos de diretor-geral e depois foi diretor de Planejamento do Centro Federal de Educação Tecnológica de Roraima (Cefet-RR).

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