terça-feira, 18 de junho de 2013

AUGUSTO ANTUNES: Resgate da memória de um grande brasileiro

O empresário Augusto Antunes faleceu em 1996. Nesta imagem, ele visita as cachoeiras de Santo Antônio, no Jari, onde também atuou para ajudar a salvar o projeto de produzir celulose em plena floresta amazônioca.
CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO

No último dia 2, os brasileiros que vivem no Amapá puderam reviver um capítulo importante da história desse pedaço do Brasil. Trata-se do lançamento do filme biográfico sobre Augusto Trajano de Azevedo Antunes, fundador da Indústria e Comércio de Minérios S.A., a Icomi. Esta empresa teria sido responsável por alavancar os negócios dele no Brasil e no mundo.
 O Diário do Amapá teve acesso ao filme a partir dele a um universo de informações que ajudam a entender o porque de passados 60 anos desde a assinatura do contrato de lavra das jazidas em Serra do Navio e quase vinte anos do falecimento de Augusto Antunes, ele ainda é reverenciado como um empresário diferenciado, alguém além de seu tempo, bem sucedido, mas também com ligações sentimentais com seus projetos, em especial o do Amapá, onde pode turbinar seus negócios e se tornar mais respeitado.
A concessão da exploração quase foi parar em mãos estrangeiras, mas foi Antunes com seu discurso nacionalista quem convenceu as autoridades a dar essa oportunidade a um brasileiro. O capital para isso ele conseguiu nos Estados Unidos, aliás, um investimento tão alto que a implantação do projeto, com a edificação de duas cidades consideradas por décadas um modelo de urbanismo e saneamento, se deram em tempo recorde, de 1954 a 1957.
A paixão que ex-empregados ainda nutrem por ele é explicada por gestos como garantir que os benefícios dados a grandes técnicos importados dos quatro cantos do país fossem estendidos também aos mais humildes colaboradores, como operários e serventes. Isso rendeu a este projeto vários prêmios nacionais e internacionais.
Muita gente em Serra do Navio passou uma vida sem saber o que era ser importunado por moscas ou pernilongos, decido ao grau de eficiência dos programas sanitários e controles de zoonozes existentes no projeto Icomi. Tornar o lugar aprazível era uma forma de segurar no projeto os engenheiros, técnicos, médicos, enfermeiras e professoras que trabalhavam para a empresa.
Augusto Antunes (à direita), cumprimenta o presidente da República Juscelino Kubitschek
A saga vitoriosa de Antunes talvez não tenha precedentes no Amapá, onde muitos até chegaram a questionar o projeto. Ocorre que a retidão de Antunes e o cumprimento de todas as obrigações contratuais e fiscais não tiraram o brilho do empreendimento. O Amapá virou outro depois de sua chegada ao Território. Uma bela história relembrada.

Augusto Antunes e seu encontro com o manganês

Cena do filme biográfico "Dr. Antunes" mostra a escola em Serra do Navio
“Depois de uma jornada a pé pelo cerrado, subimos os rios contra a corrente, a bordo de um desses troncos de árvore cortados pelos índios, aparelhado com um motor de cinco cavalos. A primeira hora, insuportável. Prisioneiro dessa embarcação, imponente para mudar o curso dos acontecimentos, tomava consciência da decisão irreversível.

Maior era a minha resignação. Invadido por uma calma profunda pude perceber então, a beleza da paisagem. Sobre a cabeça, árvores de mais de cinquenta metros. A floresta. O silêncio. Vivi um sentimento de humildade, de ironia diante do que somos. Vulneráveis, efêmeros. Avançávamos através de uma muralha vegetal. De repente, um afloramento mineral. Deslumbrado com os veios que jorravam do solo, precipitei-me sobre a montanha. Estava convencido de que milhões de toneladas da mais alta qualidade se entendiam sob meus pés”.

(Le Nouvel Economiste, 1985)

Antes do filme, um livro começou o resgate à memória de Augusto Antunes

O primeiro livro da série "Mineração no Brasil:  História e seus grandes vultos" resume a vida, riquíssima sob vários aspectos, de Augusto Trajano de Azevedo Antunes.

Mais que um resgate da memória do "Doutor Antunes", é uma justa homenagem ao pioneiro da moderna indústria da mineração brasileira. Há mais de meio século, ele teve a audácia de empreender, com inabalável pertinácia, um grande projeto na ainda hoje inóspita Amazônia, provando ao País e à comunidade internacional ser possível, com todo o sucesso, minerar naquela que é a última vasta região da Terra com grande potencial mineral.

Este livro é fruto de um trabalho de compilação de centenas de documentos e depoimentos, obtidos por muitos colaboradores que conheceram o Dr. Antunes, trabalharam nas suas empresas e nutriam por ele sincera admiração. Não conseguimos abandonar o costume de chamá-lo cerimoniosamente de Doutor, porque era também assim que nos tratava. O fato de ser ele muito discreto tornou-o menos conhecido do que merecia.

Nosso propósito é não só homenageá-lo no seu centenário, mas também documentar e divulgar seus valores, princípios, qualidades e realizações para que sirvam de modelo à juventude brasileira das gerações vindouras.

MEMÓRIA

2 comentários:

  1. Meu nobre Jornalista
    Ando empenhado em desbravar a fascinante trajetória desse grande nacionalista, exemplo de patriotismo, Dr Antunes. Procuro pelo Documentário que retrata sua vida e obra. saberia me orientao onde posso consgui-lo?
    Obrigado.

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  2. Claro Nicolini, obrigado por sua leitura. A distribuição do filme biográfico de Augusto Antunes é exclusiva da produtora do filme, a empresa Cinefor, no Rio de Janeiro. O contato de lá é (21) 99655-4586, com o diretor Sérgio Santos. Aqui em Macapá apenas a Banca do Dorimar estava comercializando exemplares do filme, não sei se ainda tem algum.

    Espero ter ajudado.

    Um abraço

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