segunda-feira, 27 de setembro de 2010
"Este voo é uma segunda ponte entre Amapá e Guiana"
JEAN-FRANÇOIS - Observações so cônsul francês sobre a economia e a política do Amapá em livro
Uma das demandas reprimidas que operadores do turismo, empresários, agentes públicos e turistas de um modo geral mais esperavam ver resolvidas era a falta de um voo regular entre Macapá e Caiena, o que acaba de acontecer, segundo anunciou durante a semana o cônsul honorário da França no Amapá, Jean-François Le Cornet, que recebeu o Diário do Amapá para falar desses últimos acontecimentos envolvendo a cooperação regional entre o Brasil e a Guiana Francesa. Ele também fala da expectativa em torno da inauguração da ponte binacional sobre o Rio Oiapoque e da Feira de Negócios e Lazer da Guiana Francesa, a ser aberta no dia 8 de outubro próximo, sendo que no dia seguinte, o diplomata lança um livro sobre suas observações à respeito dos trinta anos de Amazônia, sendo quinze deles vividos no Amapá.
"Eu acredito que depois da implantação dessa linha aérea entre Macapá e Caiena a partir de novembro só pode melhorar as coisas nesse sentido, pois as nossas dificuldades vinham muito dessa dificuldade de deslocamento"
Diário do Amapá - Esta semana que passou as comunidades do Amapá e também da Guiana Francesa comemoraram o anuncio da retomada de voos na rota Macapá - Caiena, então como foi essa novidade para o senhor?
Jean-François Le Cornet - Bem, eu fiquei sabendo disso na semana passada que vai ter um voo novamente entre Caiena e Macapá. Será um vôo por semana, por enquanto, toda segunda-feira, começando no dia 1º de novembro o que entendo ser uma boa notícia para a população de Macapá. Além disso, esse vôo poderá trazer tu-ristas e passageiros não apenas da Guiana Francesa, mas também da Martinica e de Guadalupe.
Diário - Isso pode representar um incremento importante para o turismo local e também regional, como será esse voo?
Jean-François - Esse voo vai começar em Pointe-a-Pitre, em Guadalupe.
Diário - Qual é a empresa que vai operar os vôos nesse trecho Jean?
Jean-François - A empresa que vai operar nesse trecho será a Air Carabien, uma empresa que já opera vôos entre Belém e Caiena, mas dessa vez vai vir até Macapá, aliás, esse voo vai terminar em Macapá.
Diário - Essa é uma empresa francesa, é isso mesmo? Onde fica a sede administrativa dela?
Jean-François - É uma empresa francesa sim, mas que opera voos regionais na região do Caribe, mas a sua sede mesmo fica em Guadalupe.
Diário - Nesse vôo que ela já opera na rota entre Belém e Caiena não sofrerá nenhuma alte-ração, ou seja, ao terá ligação com o voo para Macapá, será mais um vôo então?
Jean-François - Exatamente, será um vôo a mais. Nós já temos os vôos para Belém, que continuarão acontecendo normalmente, mas esse voo é um específico para Macapá.
Diário - Qual é a peridiocidade do voo para Belém, é diário ou semanal?
Jean-François - Para Belém que eu saiba são dois voos semanais, talvez três, eu não estou bem ao par, mas eu acho que são dois voos semanais.
Diário - O senhor já declarou que o Amapá e a Guiana Francesa não podem acalentar o senhor de atender um a demanda do outro afinal não existe produção suficiente para isso, mas a notícia de um vôo ligando as duas capitais pode representar o que para a cooperação regional e até possibilitar conexões para a Europa?
Jean-François - Olha, eu não sei se para esse vôo de Macapá será possível pegar uma conexão para o mesmo dia para Paris, pois isso evoca o problema da exigência do visa (visto), como ocorre quando tem conexão com o voo que vai a Belém. Na rota Belém, Caiena e Paris durante a parada de pouco tempo em Caiena não há exigência de visto. Agora do caso de Macapá, como disse, não tenho certeza de que exista vôo no mesmo dia, mas infelizmente vai ter que recorrer ao visa se tiver que ficar um dia em Caiena, por exemplo.
Diário - Então vamos explicar melhor, quer dizer que é possível para os passageiros que saem de Belém embarcar para a Europa, passando por Caiena e para isso não há a obrigatoriedade de se tirar o visto no Consulado da França?
Jean-François - Não há necessidade de vista se você pegar o mesmo vôo que vai para Caiena e uma hora, uma hora e meia depois tem a continuidade dessa voo para a França, pois o passageiro fica na área restrita do aeroporto. Agora no caso do voo que sairá de Macapá eu não posso ainda dar essa certeza, mas acredito que não é um voo que depois tenha continuação para a Europa, pois os vôos saindo de Caiena para Paris não são diários. Por isso disse anteriormente que se tiver que ficar um dia em Caiena para pegar o voo no dia seguinte, neste caso há necessidade de visa, infelizmente.
Diário - O senhor já disse em outra oportunidade que existe também uma empresa brasileira planejando operar voos nessa rota, a Puma Air, mas com relação a essa empresa francesa, ela goza de exclusividade para operar?
Jean-François - Não sei se ela detém a exclusividade, sei que tem os direitos, mas acredito que normalmente se possa compartilhar o setor, com uma empresa francesa e uma empresa brasileira. Até agora nenhuma empresa brasileira está operando, apesar da Puma já ter demonstrado interesse mas ainda não está operando esse vôo. Eu acredito que a Air Carabien para não perder esse direito foi obrigada a voar para Macapá. É uma experiência que deve durar cinco meses e espero que nesse período possamos ter um fluxo que justifique a perenização do voo.
Diário - Ou quem sabe até a colocação de dois voos semanais, como planejam os ope-radores de turismo?
Jean-François - Pessoalmente eu acredito que dois vôos semanais seria o ideal, por exemplo, na segunda e na sexta-feira. Mas por enquanto a empresa só colocou um voo.
Diário - A gente sabe que agora do mês de outubro, no período de 8 a 10, a Guiana Francesa irá promover um grande evento, denominado Feira de Caiena, então como está a programação sobre a participação de uma delegação brasileira nesta feira?
Jean-François - Ah, sim o Brasil vai participar. Acho que a nível nacional e a nível estadual, com o Estado do Amapá, o Brasil vai participar da Feira de Caiena, que será mais uma oportunidade de aproximação entre todos nós. Eu acredito que depois da implantação dessa linha aérea entre Macapá e Caiena a partir de novembro só pode melhorar as coisas nesse sentido, pois as nossas dificuldades vinham muito dessa dificuldade de deslocamento.
Diário - Tanto de um lado como para o ou-tro, não é mesmo cônsul?
Jean-François - Exatamente. As reuniões, por exemplo, é complicado vir de Caiena de carro ou de ônibus, com uma estrada que não está totalmente pronta ainda, daí eu ter dito que o novo voo servir para melhorar muito o relacionamento.
Diário - Mas essa Feira de Caiena para o se-nhor terá um valor especial, pois durante a rea-lização dele, no dia 9, está previsto o lançamento de seu livro "Terra sem mal", não é mesmo? Fale um pouco sobre essa obra?
Jean-François - Bem, o lançamento do livro é um evento bem pequeno dentro da Feira... (risos) Mas a editora que está publicando o livro me convidou para uma noite de autógrafos. Esse livro é uma obra que fala da Amazônia e está escrito em francês, mas fala sobre a minha experiência de vida na Amazônia e no Amapá, da história e da política do Amapá.
Diário - Há projeto para que este livro também seja editado em português e lançado em francês?
Jean-François - Para ser lançado em português tem que haver alguém do mercado editorial brasileiro interessado, mas no momento não há até porque o livro é novo ainda.
Diário - A gente soube que depois do lançamento deste livro em Caiena o senhor também irá a Paris e de lá tirará uma férias em Londres, onde mora sua filha não é mesmo?
Jean-François - É isso mesmo. Gostaria de agradecer pela oportunidade e gostaria de di-zer que acredito que este vôo vai ser mais uma ponte entre o Brasil e a Guiana Francesa, pois já temos uma que vai sair no fim do ano, de concreto, sobre o rio Oiapoque. Então será mais uma ponte entre nós, brasileiros e franceses.
Perfil
O francês Jean-François Le Cornec tem 59 anos de idade, nasceu na cidade de Rennes, na região de Bretagne, no noroeste da França. É formado em Letras e em Inglês, pela Universidade de Haute-Bretagne. Mudou-se para o Brasil em 1976, para atuar na Aliança Francesa, em Belém (PA), onde lecionou, foi auxiliar de direção e produtor de atividades culturais. Em 1996 mudou-se por interesse próprio para o Amapá, onde montou um empreendimento da área de hotelaria, a Pousada Ekinox, bem como passou a tocar a administração de uma Reserva de Proteção Particular. Pouco depois recebeu a honrosa missão de ser o Cônsul Honorário da França no Amapá.
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