segunda-feira, 24 de março de 2014

FORTE E SOBERANA: Motivos para apostar na Fortaleza São José

Quando veio a Macapá para inaugurar outra de suas obras, o Relógio dos 500 Anos do Brasil, o designer Hans Donner chamou a atenção para o fato de que anualmente cerca de meio milhão de turistas estrangeiros vêm ao Brasil só para visitar fortificações. E pelo fato de Macapá abrigar a maior do período colonial, a Fortaleza de São José, Donner sugeriu uma maior divulgação sobre o monumento que isso representaria um incremento no turismo receptivo local. “Se 5% desses turistas vierem pra cá o turismo local dará um salto”, disse o mago das vinhetas. E agora, em plena festa pelo aniversário do Forte, na próxima quarta-feira, o tema volta a ser discutido.
"Se 5% dos turistas estrangeiros que vêm ao Brasil visitar fortificações vierem pra cá o turismo local dará um salto".
Hans Donner, designer
A Fortaleza de São José de Macapá, é um dos pontos turísticos mais visitados e importante Patrimônio Histórico Cultural do Amapá e completa 232 anos dia 19 de março. Em comemoração à data, uma extensa programação cultural foi preparada, no período de 19 a 22 deste mês, nas dependências interna e externa do monumento.
O evento traz como tema “Fortaleza de São José de Macapá: Memórias e Identidades Culturais”, e tem como objetivo chamar a atenção da classe estudantil e da sociedade sobre a oportunidade de refletirem a respeito da qualidade de suas relações com o patrimônio, oportunizando a real necessidade de entender o que é e o que significa.
Artes - De acordo com a gerente do Museu, Aldinéia Machado, a programação de aniversário reúne exposição de artes plásticas, mesa-redonda, palestras, rodadas de Marabaixo e grupos de hip hop, além da apresentação da obra “O Velho Graça” (de Graciliano Ramos), por Nilson Moulin, e um passeio ciclístico que vai do Museu Fortaleza ao Monumento Marco Zero do Equador, com retorno à fortificação. “O evento torna-se importante porque oportuniza o reconhecimento do valor significativo desse prédio memória na formação histórica e cultural da sociedade amapaense, com destaque às particularidades do povo da Amazônia e do Brasil”, pontuou.
A abertura oficial da programação será em grande estilo, aliás, em clima nostálgico. Haverá alvorada festiva com salva de tiros de canhão, às 6 horas da manhã. “Convidamos a comunidade a estar presente nesses quatro dias de programação para olhar a nossa Fortaleza de uma maneira diferente, como uma obra de arte que é o Museu, e perceber a sua importância. Porque isso não é meu, é nosso e precisamos valorizar", salientou a diretora da Fortaleza.

Uma história de muito simbolismo e estratégia

A Fortaleza de São José foi construída para garantir a segurança das terras conquistadas por Portugal, refugiar e abastecer tropas aliadas e proteger a população da Vila de São José de Macapá.

O Museu foi edificado em alvenaria de pedra e cal na margem esquerda do Rio Amazonas. A obra teve início em 1764, mas foi inaugurada ainda incompleta em 19 de março de 1782. No ano de 1997, entrou em processo de revitalização.

O Governo Federal, em 22 de março de 1950, reconheceu a fortificação através de sua inscrição no livro do Tombo Histórico da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Atualmente, o monumento dispõe de atividades educativas, científicas e de lazer com o objetivo de valorizar, preservar e conservar o patrimônio.

Ela ganhou um concurso da revista Caras, pela internet, sendo eleita como uma das Sete Maravilhas do Brasil e ganhou ainda mais fama e importância.

A construção usou mão de obra índia e negra e demorou 18 anos para conclusão

A sua construção empregou, além de oficiais e soldados, canteiros, artífices e trabalhadores africanos e indígenas. Eram pagos 140 réis diários aos primeiros contra apenas quarenta réis para os segundos. Os trabalhos distribuíram-se entre as pedreiras da cachoeira das Pedrinhas, no rio Pedreiras, a cerca de 32 quilômetros de distância de Macapá (extração e cantariação), os fornos de cal, as olarias (tijolos e telhas), a logística (transporte fluvial e terrestre), além do próprio canteiro de obras em Macapá.
O Sargento-mor Galucio veio a falecer de malária durante as obras, a 27 de outubro de 1769, tendo assumido a direção dos trabalhos o Capitão Henrique Wilckens, até à chegada do Sargento-mor Engenheiro Gaspar João Geraldo de Gronfeld. Comandava a praça, à época, o Mestre de Campo do 1º Terço de Infantaria Auxiliar de Belém, Marcos José Monteiro de Carvalho.
No primeiro semestre de 1771 estavam concluídos os trabalhos internos, demorando-se os acabamentos exteriores até depois de 1773. Deste período (dezembro de 1772), existe planta dada pelo Governador e Capitão General do Grão Pará, João Pereira Caldas, ao Ministro Martinho de Melo e Castro (Planta da Fortaleza de S. José de Macapá, c. 1772. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
O falecimento do rei D. José (1750-1777), e a exoneração do Marquês de Pombal por D. Maria I (1777-1816), trouxeram como reflexo sérias restrições orçamentárias, fazendo com que a inauguração da fortaleza só viesse a ocorrer, com as obras complementares ainda pendentes de realização, a 19 de março de 1782, dia do seu padroeiro, São José. Estima-se que foram consumidos nas obras, três milhões de cruzados.

CURIOSIDADES

- A Fortaleza de São José de Macapá localiza-se numa ponta de terra à margem esquerda do rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, atual cidade de Macapá, no estado do Amapá, no Brasil.
- Ela é testemunha do vasto projeto de defesa da Amazônia desenvolvido pelo marquês de Pombal, as suas dimensões são comparáveis às do Real Forte Príncipe da Beira.

1.764
Este foi o ano do início da construção da Fortaleza de São José de Macapá.

CARTÃO-POSTAL

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