segunda-feira, 24 de março de 2014

“Essa ponte é um marco histórico para nós e muitas possibilidades serão abertas”

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O atual secretário estadual dos transportes, Bruno Mineiro, retornou de uma viagem à Brasília mais otimista com os avanços nas tratativas com autoridades do governo federal com relação a acabar com os últimos entraves para a entrega da ponte binacional sobre o rio Oiapoque. Ele compareceu a uma entrevista ontem na Rádio Diário FM, ocasião em que falou desses e de outros temas importantes de sua pasta, como a volta às operações de um avião Bandeirante, de fabricação nacional, que poderá ajudar muito no atendimento à saúde da população. Acompanhe a seguir os principais trechos da conversa com o jornalista Cleber Barbosa, durante o programa Conexão Brasília.


Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – A sua pasta, a dos Transportes, vai além dessa questão das estradas, tem os portos e também aeroportos, não é? Como anda a questão da volta às operações do avião Bandeirante do Governo do estado?Bruno Mineiro Exatamente, nós temos lá também essa questão da aviação e temos sim este avião Embraer que temos toda a boa vontade de poder resgatá-lo para poder operar novamente. Quando eu assumi a Secretaria ele estava no Hangar, mas tinha que fazer algumas revisões, pois os aviões voando ou não tem um determinado número de horas para fazer essa manutenção preventiva. Mandamos para Uberlândia para fazer algumas dessas revisões vencidas e ele se encontra lá até hoje. Era preciso fazer alguns contratos para pagar essa manutenção e garantir as demais revisões constantemente e não havia esses contratos. Começamos a agir neste sentido, mas a burocracia muita vezes não ajuda a gente...

Diário – Daí a demora?
Bruno – Isso. Só esta semana conseguimos finalizar todo o processo e agora já temos os contratos tanto para pagar a revisão que foi feita como para as revisões futuras. Eu conversei com o responsável pela empresa que faz esse procedimento então os contratos já estão sendo assinados e na próxima semana vamos a Uberlândia ver se a gente consegue retornar com essa aeronave para Macapá o quanto antes.

Diário – Com ela aqui o que será possível fazer em termos de operações com ela?
Bruno – Temos muitas demandas, principalmente atendimento à saúde e essa aeronave tem toda uma estrutura completa para atender esse tipo de socorro, já tudo homologado e com os tripulantes capacitados. Nossos pilotos poderão fazer esses atendimentos até para fora do Estado, devido a capacidades dessa aeronave.

Diário – De espaço e autonomia de voo, é isso?
Bruno – Sim, segundo o nosso Comandante Carlão ela pode transportar quatro pacientes, quatro acompanhantes e dois médicos. Nós podemos instalar equipamentos a bordo como desfibriladores e transferir esses pacientes para Brasília e até São Paulo, com um custo operacional bem baixo para o Estado e com eficiência, o que é mais importante.

Diário – É uma aeronave antiga, mas pelo que se sabe fazendo as revisões fica em perfeitas condições.
Bruno – Ah sim, com certeza, segundo os nossos comandantes ele é o Bandeirante menos voado do mundo e tem duas turbinas novas. Então é assim muito positiva a nossa expectativa com relação a essa aeronave.

Diário – Mudando um pouco de assunto a gente tem notícia de que o senhor esteve durante a semana em Brasília para mais uma rodada de entendimentos com a ANTT [Agência Nacional de Transporte Terrestre] para debater o transporte de cargas e passageiros pela ponte binacional de Oiapoque. Como foi o encontro?
Bruno – Vamos constantemente a Brasília desde que assumi a gestão da Secretaria de Transporte, pois o Governo do Estado precisa muito do Governo Federal para avançarmos nos grandes projetos. O governador Camilo tem tido um bom diálogo com a Bancada Federal com esse objetivo e nós realizamos esses contatos permanentemente com o DNIT [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte] e ANTT, assim como os demais órgãos federais, pois isso é fundamental para que possamos ter grandes avanços. Uma dessas demandas é essa que você falou da ponte binacional, que já é um anseio muito grande do Estado do Amapá, já que a ponte está construída há mais de dois anos.

Diário – E como está a negociação para o transporte de cargas?
Bruno – O que está mais atrapalhando é a parte burocrática, pois o que demandava em termos de infraestrutura por parte do Estado, que era o asfaltamento do acesso à ponte nós já fizemos. O DNIT agora está construindo a estrutura definitiva dos serviços de aduana, pois uma estrutura provisória já foi feita e já foi até aprovada em uma nota técnica. Dentro dos acordos binacionais estava uma resolução da ANTT, que é o órgão federal responsável pela liberação do transporte de cargas e de passageiros a nível interestadual e internacional.

Diário – Que é o que estão tratando nesses encontros com a sua secretaria?
Bruno – Sim, pois nessa resolução estarão definidas todas as características dos veículos que vão passar na ponte. Se caminhões, quantos eixos, quantas toneladas, peso total, se ônibus informar se são micro-ônibus, vans, enfim tudo será definido por essa resolução para que os órgãos fiscalizadores instalados na cabeceira da ponte possam avaliar. Eles podem observar, por exemplo, um caminhão bitrem que não está na resolução então não poderá passar.

Diário – E depois de pronta essa resolução o que acontece?
Bruno – Depois vai para publicação e em seguida será encaminhada para o Itamaraty que tem fechado os acordos transfronteiriços para poder o quanto antes liberar a ponte. A ideia em termos de prazo para que isso ocorra é agora no final do mês de março.

Diário – E sobre a possibilidade da contratação de seguro para os donos de automóveis também poderem acessar essa ponte e fazer turismo na região do Platô das Guianas?
Bruno – Esse é o gargalo maior hoje, podemos dizer, pois o restante das tratativas já foi ajustado, está tudo ok. Resta mesmo definir o seguro, que teve que ser retirado da pauta para avançarmos com outros temas e cuidarmos dele em separado. Nessa região toda só temos um caso que é por Roraima, que faz fronteira com a Guiana Inglesa e o Suriname, onde o seguro brasileiro é mais caro que o de lá. Aqui está ocorrendo o contrário, ou seja, o seguro na Guiana Francesa é muito mais caro que o brasileiro, daí a dificuldade de entrar. Quando eles vêm para cá não, pois é mais barato e não tem nenhum problema. Nossa atuação tem sido no sentido de baixar um pouco o seguro deles para atender nossos interesses também.

Diário – Outro assunto da sua pasta são as ligações rodoviárias nas vias do Estado, como a AP-010, que está com a obra da ponte sobre o Rio Matapi. O cronograma está em dias?
Bruno – Sim e eu queria aproveitar para pedir desculpas para a nossa população que passa diariamente por lá naquela área da obra, pois existem transtornos, claro, é natural. Nós tentamos evitar o máximo possível fazendo alguns acessos, mas às vezes a gente fica limitado também. Mas é preciso pensar que ou a gente encara para resolver o problema e tocar a obra ou então vai se resolver primeiro os problemas paralelos e a obra fica esperando muito tempo, que era o que tinha acontecido. Já temos lá um bloco de pilares prontos, são oito estacas concretadas, vai começar um pilar ali. São nove pilares, com cada um levando dezoito estacas, que é aquela parte de fundação ainda. Cada estaca dessa leva vinte caminhões de concreto de 8 metros cúbicos, então é uma quantidade enorme de massa, cimento e ferro de uma grande obra estruturante. Depois de pronta vai melhorar muito não só o acesso a Mazagão, mas para toda a região sul do Estado, desde o Vale do Jari como também Santana que ganhará uma área de expansão para o município, que hoje está estrangulado pelo rio.

Diário – A previsão de entrega dessa ponte é quando?
Bruno
– No final deste ano, se Deus quiser.


Perfil

Entrevistado. Bruno Manoel Rezende é paraense de Belém, tem 33 anos de idade é casado e pai de uma filha, Bruna Letícia. Graduou-se em Engenharia Civil pela Fundação Mineira de Educação e Cultura, em 2002. Começou a atuar profissionalmente em uma empresa do ramo da construção civil, tanto na iniciativa privada como com obras públicas, entre elas importantes prédios públicos como escolas pelo interior do estado e também estádios de futebol como o Queirogão, no Jari. Tornou-se popular e decidiu seguir os caminhos do pai, Altamir Rezende, que foi prefeito de Tartarugal-zinho. Foi eleiro em 2010 deputado estadual, pelo PT do B, com 7.499 votos. No final de 2012 assumiu o cargo de secretário estadual dos Transportes.

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