domingo, 7 de fevereiro de 2016

INTERCÂMBIO | Acadêmicos em viagem de estudos à Colômbia

Três jovens amapaenses relatam experiências de vida durante uma viagem de intercâmbio à Colômbia, um ilustre desconhecido para quem chega, mas um país atraente para quem passa a conhecer. 


Por Cleber Barbosa
Editor de Turismo

A decisão de cursar Relações Internacionais, um dos novos cursos implantados na Universidade Federal do Amapá (Unifap), pressupõe que seus alunos tenham pré-disposição a viajar, conhecer novos lugares, novas culturas. Foi o que aconteceu com três jovens acadêmicos que acabam de retornar do que definem como “uma experiência de vida”, durante os seis meses de intercâmbio na Colômbia. Ariane Borges, 21, Jorge Vaz, 22 e Camila Santos, 21, dizem que valeu muito a pena todo o sacrifício da separação da família, dos amigos e também do lugar onde nasceram, mas o que viveram lá os credencia a seguir a carreira.
Jorge é direto quando perguntado sobre qual direcionamento pretende dar à profissão (está no oitavo semestre): comércio exterior. “A gente retorna ao Amapá exatamente quando a Zona Franca Verde está sendo implementada, o que nos motiva a buscar essa qualificação, pois certamente muitas possibilidades se abrem agora, assim como com o estreitamento da cooperação com países vizinhos, do Platô das Guianas e porque não dizer do Caribe e Antilhas”, diz.

ESTUDOS
Os três acabaram ficando em cidades separadas na Colômbia, pois a bolsa era para universidades diferentes. A Unifap ajudava nas despesas com R$ 3,6 mil para todo o semestre; as universidades locais aportavam $ 936 mil pesos colombianos, o equivalente a R$ 700. “A gente acaba contando muito com a ajuda de nossos pais, mas toda vez que precisávamos sacar dinheiro lá saíamos perdendo para o cambio”, conta Jorge. Ele ficou num quarto numa espécie de residencial estudantil, em Tunja, no litoral. Ele já tinha viajado pelo curso para Caiena, Paramaribo e Georgetown, na região do Platô das Guianas, mas diz ter adorado a Colômbia.

“A Colômbia é um país surpreendente”, diz a acadêmica Ariane.

Muita gente pode até se perguntar: “Mas o que tem na Colômbia?” Sim, pois durante décadas o país ficou conhecido mundialmente apenas por ser produtor de drogas e também sede das FARC, as chamadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Só que a acadêmica Ariane diz que  os conflitos armados são bem pontuais e que a Colômbia é um destino turístico com enorme potencial para ser destaque no Continente. “A Colômbia é um país surpreendente, pois é muito rico do ponto de vista cultural e de grande diversidade natural, pois para se ter uma ideia existe neve de um lado e praias quentes de outro”, revela a moça, que lembra também das oscilações de temperatura nas viagens que fez pelo país.
E ela ainda descreve outra vantagem comparativa de lá. “Muita gente não sabe mas a Costa da Colômbia também faz parte do Caribe, possui mar transparente e não custa tão caro como outros países caribenhos, como Bahamas, Jamaica e República Dominicana, que são destinos mais consolidados e que recebem bem mais turistas  durante todo o ano”, compara.
Ela diz que é possível observar que existe uma política de estado voltada ao incremento do turismo, tanto que a receptividade das pessoas é muito grande com os turistas estrangeiros. “Desde o taxista, passando pelos garçons, enfim, as pessoas sabem valorizar o fato de que o turismo é uma atividade econômica e que pode ajudar o país. A gente percebe que todos lá parece querer mostrar o outro lado, uma nova imagem, para que os visitantes saiam falando bem do país deles e que possam voltar ou até mesmo recomendar que outras pessoas viagem para lá”, analisa a estudante amapaense.
Ariane foi destaca para estudar em Bogotá, a capital do país. Ficou hospedada em um pequeno apartamento e disse ter usado o transporte público local que é simples e confiável. “A gente também viajou muito de ônibus, mas as passagens de avião não são tão caras como aqui no Brasil”, compara.

GEOGRAFIA
Ainda sobre a diversidade natural da Colômbia, Ariane explica que a Cordilheira dos Andes também corta o território colombiano e desta forma existem chalés para temporada e até estações de esqui. Perguntada sobre uma dica de passeio, não hesita ao apontar a cidade de Cartagena. “Escondida entre muralhas, a cidade reúne em um mesmo lugar o passado colonial da região, que lhe rendeu o título de Patrimônio Mundial da Humanidade, e um litoral de tons, aromas e sabores que agrada a todos”, derrete-se a estudante. A Colômbia possui voos diários para o Brasil, via São Paulo, com duas a horas a menos que o fuso de Brasília. Sua população é de 48 milhões de habitantes, a moeda é o peso e turistas brasileiros não precisam de visto para entrar.

IDIOMA
Adura rotina de estudos nos seis meses que os estudantes amapaenses tiveram na Colômbia incluía jornada dupla de estudos. Pela manhã, as aulas de idioma que eles frequentavam na companhia de outros acadêmicos estrangeiros e à tarde aulas na Universidade. “Eu até tinha uma base de espanhol que já havia estudado antes de ir para lá, só que o convívio nos proporciona contato com as gírias que usam muito e que atrapalham bastante, como chamar uma semana de ‘oito dias’. Então quando eu tinha que entregar um trabalho, pensava que era no oitavo dia, mas os professores esplicavam que não, era no sétimo dia, pois para eles semana é oito dias. Muito estranho né?”, indaga Jorge.

ÁGATA
O rapaz diz que pretende fazer um mestrado em comércio exterior. Já Ariane planeja se especializar em defesa do estado. Os dois apontam o professor Paulo Gustavo, que é pró reitor de Cooperação e Relações Interinstitucionais da Unifap, como seu grande mestre e incentivador. “Foi a partir de seu trabalho, juntamente com os demais membros do colegiado de relações internacionais, que os intercâmbios começaram e estão se multiplicando. Até a Austrália poderá entrar nessa parceria com a nossa universidade. Foi publicado um edital e todos puderam concorrer. Eu, a Ariane e a Camila fomos os três primeiros colocados e assim pudemos ir para essa viagem à Colômbia”, explica o acadêmico Jorge.

MONTANHAS
Falando à Revista Diário, o professor Paulo Gustavo diz que o processo de internacionalização tem a mobilidade como um dos grandes focos. “Mas você tem a construção de projetos conjuntos, o desenvolvimento de artigos científicos conjuntos, a busca por recursos para pesquisa internacional conjunto, então a ideia é a gente ter uma conexão com outras instituições em duas frentes: a primeira são as grandes universidades que a gente pode se aproximar e ser um espaço para pesquisa, para material, para biblioteca, para fazer doutorado, para pós-doutorado, enfim, mais voltados para essa relação da pesquisa.
A pró-reitoria que Gustavo coordena é algo recente, mas que já produz muito resultados para a academia amapaense. “Foi se percebendo a necessidade de termos um setor na universidade que cuidasse especificamente dessas cooperações, desses tratados, dessas aproximações e a partir da abertura do MEC para a possibilidade de ter novas pró reitorias. Essa foi uma das escolhidas ainda dentro da gestão do professor Tavares”, recorda o professor.
Ariane, Jorge e Camila foram para a Colômbia exatamente no período que uma greve na Unifap fez com que o semestre para quem ficou aqui praticamente se perdesse.

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