"Feliz Dia das Mães"
Ruy Chaves (*)
Mais velho que eu, Millôr Fernandes participou da criação do mundo e, sem jamais ter apresentado provas concretas, ousou contar “Esta é a Verdadeira História do Paraíso”.
Com certeza exausto após ter criado apenas do barro o homem tão feio e imperfeito, Deus descansou e completou a Criação com sua obra-prima que, mais tarde, seria chamada de mulher. Acompanhando todo o processo como cronista da época, Millôr chocou o mundo ao publicar uma carta supostamente do Todo-Poderoso para Eva: “Minha cara, eu te criei porque o mundo estava meio vazio e o homem solitário. O paraíso era perfeito e, portanto, sem futuro... Olha Adão enquanto dorme; é teu. Ele pensará que és dele. Tu o dominarás sempre... É lento, o homenzinho. Mas hás de compreender. Foi a primeira criatura humana que fiz em toda a minha vida. Tive que usar argila”. E assim começou a incrível aventura que nos trouxe a maio de 2016.
O primeiro a pecar não foi o Millôr, nem eu, foi Lúcifer, então o mais poderoso dos anjos, o sol da manhã, a estrela brilhante, que, insatisfeito apesar de tantas honras, desejou ser o Deus Altíssimo. Punido por sua inveja, Lúcifer foi renomeado Satanás e trouxe a tentação para Adão e Eva.
E esta tal de tentação, sem dúvida, se transformou no maior problema da natureza humana. Afinal, todas as dificuldades da vida decorrem de Eva ter cedido à conversa mole da serpente que insistentemente sibilava ao seu ouvido: “Come, Eva. Não engorda. Ficarás para sempre linda como os anjos, serás imortal e derreterás o coração de Adão por tanta paixão”. O resto da história todos sabem: Eva e Adão comeram frutos proibidos e foram expulsos do paraíso onde, com certeza, era sempre verão, e tiveram que cobrir suas purezas com folhas de parreira.
No mundo real, mas sempre desejando o paraíso, as mulheres ficaram cada vez mais lindas, mais sábias, senhoras de seus destinos e a moda iniciou sua longa trajetória. Desde a criação, as mulheres dominam o mundo e usam todas as suas ilimitadas competências e sensibilidades, mas não conseguem tirar do homem as suas muitas impurezas ainda decorrentes da péssima qualidade do barro original de onde foram criados. Os homens continuam impuros, perversos, incompetentes, inábeis, ingratos, insensíveis, arrogantes, rudes, cínicos, falsos, mentirosos, destrutivos, horrorosos, cabeça de barro, pés de barro, coração de barro, alma barrenta, caem em qualquer tentação; todo o tempo famintos e insaciáveis, comem todos os frutos proibidos e roem a vida e a alma das pessoas além da honra e da riqueza das nações.
Mas sempre se prostam diante das mulheres em luxúria, ou em duvidosos arrependimentos pedindo perdão com lágrimas nos olhos, ou... Felizmente, o Todo Poderoso fez as mulheres absolutamente fantásticas e poderosas, além de lindas, e ainda lhes concedeu o privilégio divino da maternidade. As mulheres são tudo de bom, a perfeição da Criação! Nós, os homens? Somos apenas desprezíveis bonecos de barro, sem alma, apenas barro. Feliz Dia das Mães! Panta Rei.
* Ruy Chaves é diretor da Estácio
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