Governador que é investigado por peculato e formação quadrilha, foi ouvido durante uma hora pelo relator do inquérito da Operação Mãos Limpas ministro João Otávio de Noronha.
O relator da Operação Mãos Limpas, ministro João Otávio de Noronha, ouviu na tarde dessa terça-feira (24), em Brasília, o governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB). O governador é investigado pelos crimes de peculato e formação quadrilha, quando ainda era deputado estadual.
Camilo teve que dar explicações sobre um suposto esquema de emissão de notas frias em aquisição de passagens aéreas para comprovar os gastos com verba indenizatória.
O depoimento do governador aconteceu um dia depois do STJ acatar a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra a tia dele, a ex-conselheira Raquel Capiberibe, e irmã do pai dele, o senador João Capiberibe (PSB), pelo crime de peculato e formação de quadrilha, com suspeita de participar de um esquema fraudulento – juntamente com outros seis conselheiros e mais quatro servidores – que teriam desviado R$ 100 milhões do Tribunal de Contas do Amapá.
Segundo a assessoria de imprensa do Superior Tribunal de Justiça, as investigações correm em segredo de Justiça, por conta disso a imprensa não teve acesso ao depoimento de Capiberibe. O pai do governador, o senador João Capiberibe (PSB), tem dito que irá apresentar no Senado o projeto de lei para acabar com o segredo de justiça em processos envolvendo políticos e pessoas públicas. O depoimento do filho seria uma ótima oportunidade para dar visibilidade a iniciativa do senador. Mas contrariando o desejo do pai, Camilo Capiberibe preferiu o sigilo e ficar longe dos holofotes da imprensa.
Camilo Capiberibe poderia optar por se manter calado. Não responder a nenhuma pergunta se quisesse. Mas de acordo com a assessoria do STJ, o governador falou por apenas 20 minutos. Na audiência, houve perguntas do Ministério Público Federal, do Ministro Noronha. O delegado da Polícia Federal, responsável pelo inquérito, também, se quisesse, poderia ter enviado perguntas para Camilo por escrito.
Acusação - O governador do Amapá foi intimado pelo ministro João Otávio de Noronha, após análises em documentos apreendidos pela Polícia Federal, na operação Mãos Limpas, em setembro de 2010. Entre o material periciado, havia indícios de que Capiberibe e alguns colegas de parlamento teriam desviados recursos públicos.
Conforme a PF, eles apresentavam notas fiscais da agência de turismo Martinica como se tivessem gastado com viagens aéreas – e recebiam reembolso por isso. Após investigar a Martinica, os policiais concluíram que as notas eram frias.
Os documentos entregues ao ministro comprovam que as viagens eram inventadas para que os deputados recebessem um extra dos cofres públicos.
De acordo com os agentes, as notas fiscais apresentadas tinham valor exato de R$ 8 mil. A quantia foi determinada logo após a verba indenizatória ter passado de R$ 12 mil para R$ 20 mil.
Em recente entrevista a TV Amapá, o governador garantiu que tem como comprovar os gastos. Por outro lado, as palavras de Camilo Capiberibe se contradizem com as da Polícia Federal. Ele limita as investigações – referentes ao uso da verba indenizatória – ao período que oscilou entre R$ 12 mil e R$ 20 mil.
Mas neste trecho do processo onde Capiberibe é citado, contraria o governador.
Os policiais relatam que em outubro de 2010, um mês depois da realização da operação, houve novo aumento da verba de R$ 20 mil para R$ 50 mil, e em apenas uma das notas apresentadas como prestação de contas de Camilo Capiberibe, o governador gastou – somente em passagens aéreas – o valor de R$ 21.500,22.
A equipe de reportagem do jornal a Gazeta tentou contatar o governador Camilo Capiberibe por telefone e por meio se sua assessoria de imprensa sem sucesso. Até o fechamento desta edição as ligações não foram retornadas.
(Emerson Renon/aGazeta)
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