Fátima Pelaes. A entrevista da ministra concedida ontem nos estúdios da Diário FM, no Conexão Brasília. |
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – A gente chama de secretária, ministra ou deputada?
Fátima Pelaes – [risos] Pois é, Fátima Pelaes tá bem, meu nome é Fátima Lúcia Pelaes, mas por tantos anos no Congresso Nacional ficou Fátima Pelaes, aliás desde o início de nossa vida pública [na extinta LBA], já faz um tempinho, mas continuamos com o mesmo espírito público, a mesma esperança e entusiasmo, trabalhando pelo nosso Amapá e agora pelo Brasil, né?
Diário – Pois é, uma agenda muito concorrida a sua não é? A gente acompanha a senhora percorrendo o país inteiro mesmo, pois a sua jurisdição, por assim dizer, é em todo o território nacional.
Fátima – É sim, estamos hoje como secretária especial de Políticas para as Mulheres, na Presidência da República, uma representação com a responsabilidade de coordenar as políticas públicas do Brasil, mas também temos muitos acordos internacionais que o país é signatário, o que nos leva a também ter que fazer viagens ao exterior, o que tem feito o Brasil avançar muito nas políticas públicas das mulheres, o que tem sido uma referência também a nível nacional. Mas nós também estamos sempre aqui no Amapá, trabalhando pelo nosso estado também.
Diário – Uma oportunidade de aproveitar essa sua liderança, claro.
Fátima – Sim, tivemos agora durante a semana reuniões com o governador, com o prefeito [de Macapá] e vamos estar inaugurando agora um curso de capacitação para os professores na questão da política de gênero, uma parceria também com a Universidade. Nós também estamos preparando o Agosto Lilás, uma comemoração pelos 11 anos da Lei Maria da Penha. Será algo intenso em todo o Brasil e vemos incluir o Amapá nessa programação, com um TED que nós fizemos, que é um recurso descentralizado que nós passamos para a Universidade do Amapá e foi aberto o período de inscrições e eles já vão realizar o curso, com a gente participando da aula inaugural, sobre a questão de capacitar esses professores a trabalhar na rede municipal já com essas crianças. Afinal sabemos que a questão da discriminação, do preconceito, dessa diferença que ainda temos entre mulheres e homens começa na infância.
Diário – Ah é? Como funciona?
Fátima – Sim, são alguns pontos que começamos a trabalhar inconscientemente.
Diário – Daí a senhora dizer da necessidade de trabalhar lá na origem, no nascedouro?
Fátima – Isso, nós estamos trabalhando muito a questão da violência, o enfrentamento à violência contra a mulher, mas também trabalhando essa prevenção da violência, mas também buscando a questão da igualdade entre homens e mulheres.
Diário – E nessa questão internacional, a interlocução com as Nações Unidas é algo que a própria imprensa especializada vem reconhecendo.
Fátima – Pois é, já estivemos em alguns países, da própria América Latina, como também representando o Brasil na ONU [Organização das Nações Unidas], como na CSW [Comissão sobre o Status da Mulher], que é um encontro mundial que nós temos.
Diário – Na China também?
Fátima – Não, não fui à China. Quem foi lá me representando foi minha substituta, a secretária-adjunta, que é a Érica Felipelli; foi uma agenda de seis dias em que ela representou o Brasil lá, falando entre outras coisas sobre a Lei Maria da Penha, que tem sido um marco mesmo no Brasil e fora dele.
Diário – O que tem dado essa relevância a esse legislação secretária?
Fátima – Maria da Penha é uma mulher que lutou muito, incansavelmente, daí a gente estar preparando essa grande comemoração agora no mês de agosto os 11 anos da Lei que leva o nome dela.
Diário – Por falar em mulher que se destaca havia uma expectativa grande quando do anúncio do ministério do presidente Michel Temer sobre quem seria a primeira mulher no time e a indicação de uma amapaense foi uma grata surpresa. E hoje, como é sua atuação? Como responsável pela política nacional da mulher existe uma transversalidade com as outras pastas?
Fátima – Sim, nosso papel é de coordenação e as políticas para as mulheres trabalham de forma transversal, nós estamos agora preparando um grande programa que envolve diversos ministérios, já realizamos inclusive diversas oficinas envolvendo não só o nosso governo, mas também a sociedade civil e também a iniciativa privada. É o programa Rede Brasil Mulher, que vamos fazer essa ação dentro do próprio governo, com cada ministério assinando, pactuando conosco, trabalhando ações específicas nos seus ministérios, os movimentos sociais e, como disse, a iniciativa privada para fazermos uma grande mobilização para que todos possam ter essa preocupação de buscar a igualdade.
Diário – Pois é, infelizmente um tema recorrente, mais ainda necessário, não é?
Fátima – Pois é, nós entendemos que não tem diferença entre mulheres e homens, a não ser as biológicas, claro, até porque a mulher tem a função social da maternidade, se ela assim o desejar, ser mãe. Mas na questão dos direitos nós temos essa igualdade, então é preciso que façamos essa grande mobilização nacional que vamos fazer agora esse mês de agosto, com a presença do presidente Michel já nesse evento da Rede Brasil Mulher. Agora essa semana ele me ligou querendo mais detalhes dessa programação da chamada Rede Lilás, que agora também irá inaugurar mais uma Casa da Mulher Brasileira, lá em São Luís, portanto na gestão dele, assim como outra que já está praticamente pronta em São Paulo; e brevemente queremos assina a daqui com o nosso governador a Casa de Macapá. Já estamos articulando com a secretária Aline Gurgel [de Políticas para a Mulher do Amapá] e as nossas deputadas estaduais também. Pelo fato de eu ter convivido no Parlamento também, por muito tempo, isso facilita para fazermos essa articulação e agora na Presidência [da República] ficou melhor ainda, pois essa capacidade de articulação ficou melhor ainda, daí acharmos que vamos deixar esse grande legado, das políticas públicas para as mulheres terem essa transversalidade.
Diário – Não poderíamos terminar essa entrevista sem perguntar à senhora sobre a questão política. A gente percebe o governo federal tentando tocar a gestão, avançando nas reformas e no trabalho em prol de uma agenda positiva, mas não dá para esquecer que na quarta-feira que vem o Congresso pode definir a continuidade ou não do governo. O que a senhora acha que vai acontecer?
Fátima – Sim, nós temos números já certos que vão, que acreditam no Brasil; nós sabemos que o presidente Michel é o homem certo neste momento de dificuldades do nosso país e quem acredita no Brasil vai votar com ele. Hoje nós já temos uma grande possibilidade de isso acontecer e vários parlamentares daqui são congressistas que estão acima dos movimentos daqueles que estão apenas querendo aparecer, mas que tem responsabilidade. Eu sempre digo que quem é eleito é porque tem uma liderança, então tem que ter a oportunidade de mostrar, de trabalhar, ter a confiança daquelas pessoas, então o presidente Michel vem trabalhando, independente da crise, daí a aprovação das reformas como a trabalhistas que ainda vai mostrar o que pode acontecer de bom para o trabalhador. Então é só deixar o homem trabalhar!
Perfil
Entrevistada. Fátima Lúcia Pelaes é amapaense, casada, mãe de um filho. Socióloga, formada pela Universidade Federal do Pará (UFPA); Especialista em Planejamento e Administração de Projetos de Geração de Renda, Universidade Federal do Ceará; Foi superintendente da LBA (1985-1989); Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Belém, 1981; Pastoral Carcerária do Amapá (1982-1986); Secretaria de Trabalho e Cidadania do Amapá - SETRACI (1983-1985); Secretaria de Turismo do Amapá (2004-2006); Mandatos de deputada federal: 1991-1995, 1995-1999, 1999-2003, 2007-2011, 2011-2015; em todo esse período filiou-se apenas a três partidos, PFL, PSDB e, desde 2005, no PMDB.
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