Esta imagem do velho trem da EFA agora só em fotos ou pinturas. | Ilustração: Wagner Ribeiro |
EDITOR DE TURISMO
Quando esteve ameaçada de virar sucata, ninguém acreditou. Virou objeto de conflitos políticos e depois entrou para o noticiário mundial dos negócios quando o [então] bilionário brasileiro Eike Batista assumiu o seu controle. Trata-se da Estrada de Ferro do Amapá (EFA), que outrora foi o mais charmoso meio de transporte para passageiros no Estado. Mas agora o fantasma do ostracismo e do abandono estão de volta.
Segundo dados da antiga controladora dos trens, a holding OGZ, o contrato de arrendamento de 20 anos firmado com o Estado previa um investimento de R$ 40 milhões na revitalização da linha férrea, mas pelas contas do grupo Batista esse valor ultrapassou os R$ 81 milhões. O fato é que os trens ficaram sim de cara nova.
Uma viagem entre o quilômetro zero da EFA até a estação no município de Serra do Navio, nos quilômetro 193, durava em média 5 a 6 horas. A viagem cortava os municípios de Santana, Macapá, Porto Grande, Pedra Branca e Serra do Navio. Durante o trajeto, observação nítida de todos os ecossistemas do Amapá, considerado o Estado mais preservado do país. Campos, cerrados, florestas, rios e igarapés iam surgindo pela janeja dos vagões encantando os observadores mais etentos e sensíveis para essas coisas.
Atualmente, os trens estão sob a responsabilidade do Governo do Amapá, que está em busca de interessados em arrendar a ferrovia. Depois da MMX, já passaram pelo controle da EFA a inglesa Anglo American e a indiana Zamin Ferrous.
Calendário – Os trens de passageiros faziam três viagens semanais entre Santana e Serra do Navio, às segundas, quartas e sextas-feiras. Outra característica importante da viagem era a interação com quem mora às margens dos trilhos, em localidades interioranas que possuem casebres isolados e simples. É só dar um aceno que as crianças e até adultos respondem com um sorriso e um “tchauzinho”.
Especialistas em turismo ferroviário já visitaram a Estrada de Ferro do Amapá e apontam essa via como tendo grande potencial para o incremento dessa atividade. Ferrovias muito mais antigas, como a Estrada de Ferro Oeste de Minas, com mais de 200 anos, ainda contribuem para a economia de cidades importantes como São João Del Rei e Tiradentes, só com o transporte de turistas. Então ainda está em tempo.
Muitas histórias de vida passadas nos vagões
Até um parto já ocorreu dentro de um vagão, conta dona de casa
Rosemeire Maia |
Jaciguara Cruz |
vem falar dessas histórias e têm vontade de conhecer o trem”, diz.
Jaciguara Cruz, um conceituado fotógrafo, trabalhou como mecânico de máquinas pesadas na Icomi e conta que às sextas-feiras pegar o trem era uma grande felicidade. “A gente corria para tomar banho e se arrumar rápido para pegar uma janela no trem. Mas depois adorava ir até a porta do vagão, onde os degraus eram protegidos e a gente podia olhar o trecho que ficou para trás na viagem”, recorda.
CURIOSIDADES
– A ferrovia começou a ser implantada em 1954
– Sua conclusão ocorreu em janeiro de 1957
– Possui e extensão de 194 quilômetros
– Usa locomotivas diesel-elétrica
– É a única ferrovia de carga de bitola standard (1,435 m) no Brasil
– Em março de 2006 a MMX Mineração e Metálicos assume o controle da EFA
– Em 2005 a Anglo American assume os trens
R$6,50
Era o custo de uma passagem nos trens da EFA.
O TREM HOJE
Foto: G1 Amapá |
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