sábado, 5 de março de 2016

ENTREVISTA | Papo reto com o deputado Kaká Barbosa, presidente da ALAP.

Presidente em exercício da Assembleia Legislativa, deputado Kaká Barbosa (PTdoB)
Um rápido bate-papo com Kaká Barbosa, que como vice-presidente da Assembleia Legislativa, teve que dirigir a casa em sua mais grave crise. Mas ele rechaça centralizar o poder.

Fonte: Revista Diário


Ele teve que assumir as rédeas da Assembleia Legislativa em meio a uma enorme crise, com salários atrasados e dívidas com fornecedores e até com contribuições e encargos. Mas Kaká Barbosa, deputado estadual em seu quarto mandato, optou pela discrição e pela descentralização. Diz que hoje tudo é decidido de forma consensual e grupos de deputados organizam e controlam os setores, desde as finanças, a gestão, o plenário e até a comunicação. Esses e outros temas palpitantes foram esclarecidos pelo presidente em exercício do Parlamento.

“Quando se decide em conjunto as chances de se errar são muito menores”


Revista Diário – Como está sendo esse desafio de presidir a Assembleia num momento tão delicado?
Kaká Barbosa – Olha, quando se entra para a política é preciso estar preparado para toda situação. Fui eleito o vice-presidente, que regimentalmente é o substituto eventual em caso de impedimento do titular. A situação assim o exigiu e estou exercendo a presidência com o apoio de meus pares e isso vale muito nesse novo momento da Assembleia Legislativa.

Diário - E como está sendo esse novo momento?
Kaká - Olha, é uma fase de organização, estamos tomando conhecimento de todas as situações para colocar em prática um modelo de gestão compartilhada. Na verdade isso vem acontecendo paulatinamente, com os integrantes da Mesa Diretora e os demais deputados podendo participar das decisões, seja por formação, área de atuação ou afinidade, eles tem ajudado bastante. Quando se decide em conjunto as chances de errar são muito menores. Neste sentido preciso reconhecer o apoio dos demais deputados e deputadas, pois com eles fica muito mais fácil a governança.

Diário - E como esse movimento nasceu?
Kaká – Além de legislar para a coletividade, um parlamentar também tem papel de fiscalizar os outros Poderes, a começar pela própria Casa. Esse grupo de deputados percebeu que algo não ia bem, quando os nossos servidores ficaram sem receber seus salários, a casa praticamente parou, sem combustível, água para beber, enfim, desacelerando uma legislatura que vinha, aliás, que vem fazendo um grande trabalho.

Diário – Muito se comentava mesmo sobre essa nova legislatura.
Kaká – Sim, com um volume recorde de produção legislativa e debatendo abertamente os problemas com a sociedade. Todos imprimindo um ritmo muito diligente em seus mandatos e colocando as comissões técnicas para atuar. Deu muito resultado.

Diário - E como as decisões são tomadas?
Kaká – Como devem ser tomadas em todos os parlamentos, através de discussão e voto. Nada é colocado em votação sem que antes seja discutido com os deputados.

Diário - O presidente afastado centralizava muito o poder?
Kaká - Olha, a forma como estava sendo administrada a Assembleia gerou uma insatisfação na maioria dos deputados que se agravou com os problemas de gestão, resultando em seu afastamento.

Diário – E o que pode acontecer com ele?
Kaká – Foi criada uma Comissão Parlamentar Especial para apurar o objeto da representação que o afastou da Presidência e nesse processo serão garantidos a ele todos os direitos para apresentar sua defesa e responder o que entender de direito.

Diário – E como fica a situação de outros parlamentares que também passam por cobranças, acusações e processos?
Kaká – Cada deputado dentro da sua esfera de competência deverá responder a todos os questionamentos judiciais ou não, pois vivemos num estado democrático de direito e cada instituição deve cumprir o seu papel, seja o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e o Ministério Público. Ninguém está imune de responder a qualquer questionamento, o que se deve, no entanto, é assegurar que todos possam realizar suas respectivas defesas e justificativas. Até porque a nossa Casa é um parlamento aberto, onde todos podem ter acesso.

Diário - Como assim aberto?
Kaká - Sim, todo mundo pode entrar em nossas sessões. Diariamente os cidadãos estão lá no prédio, acompanhando as reuniões, fiscalizando mesmo. E para quem não vai ainda tem o recurso de assistir pela tv ou ouvir pelo rádio, ao vivo, sem edições ou censura.

Diário - Como está esse negócio de investir em comunicação? Há quem fale em autopromoção.
Kaká - De maneira alguma. É para garantir ainda mais transparência, pois existe um princípio que norteia o serviço público que fala em publicidade, todo agente público deve dar publicidade de suas ações. Nós estamos trabalhando fortemente para evitar é a caducidade da concessão das emissoras legislativas, pois o Senado e a Câmara Federal iniciaram um processo de popularização dos canais legislativos, pois antes só o público das tv’s a cabo acessava. Nossa luta é colocar no ar já e com isso garantir que todos tenham acesso em tempo real sobre o que é discutido no Parlamento, até porque decisões tomadas nesta casa têm implicações diretas e indiretas na vida dos amapaenses.

Diário – Quais as metas para o ano de 2016?
Kaká – Os organismos oficiais projetam um ano de dificuldades ainda maiores do que 2015, para todos os estados. Podemos dizer que um grande passo para o enfrentamento da crise foi a redução em R$ 33 milhões do nosso orçamento e dessa forma devemos administrar mais com menos recursos. A prioridade será a redução total de despesas, como, por exemplo, obedecer irrestritamente a Lei de Responsabilidade Fiscal no que refere a gastos com pessoal, além de economizar em tudo, energia elétrica, material de expediente, enfim, qualquer gasto que possa impactar as receitas previstas para este ano.

Diário - Obrigado pela entrevista.
Kaká - Eu que agradeço, em nome de todos os meus pares e gostaria de dirigir uma mensagem aos cidadãos que vivem no Amapá, que estamos trabalhando para colocar à disposição de todos um Parlamento forte e atuante, pois a população precisa e merece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contribua conosco!

PUBLICIDADE