A Azul Linhas Aéreas Brasileiras acaba de investir aproximadamente US$ 100 milhões em títulos conversíveis em ações preferenciais da TAP Portugal, o que dará à companhia brasileira o direito de deter aproximadamente 40% do valor econômico da aérea portuguesa na ocasião da conversão do título e após aprovação da Autoridade Nacional da Aviação Civil de Portugal.
Esse investimento decorre do acordo de US$ 450 milhões do HNA Group anunciado ao final de 2015, quando o conglomerado chinês concordou em se tornar o mais novo acionista da Azul com 23.7% do valor econômico da companhia. O aporte na portuguesa foi um requisito do acordo entre Azul e HNA Group.
A Azul acredita que este investimento fortalece os interesses comuns entre a companhia, a TAP e o HNA Group e abre espaço para explorar ainda mais acordos comerciais, negociações conjuntas, parcerias para otimização de frota e oportunidades globais de trabalho e carreira para seus tripulantes. Tudo sempre com aprovação das autoridades competentes.
Reportagem de Istoé Dinheiro fala da aquisição da estatal portuguesa por David Neeleman, dono
da brasileira Azul
Nascido em São Paulo, ex-missionário mórmon no Rio de Janeiro e na região Nordeste, e atual morador do Estado americano de Connecticut, onde vive com a mulher os nove filhos, o empresário David Neeleman, dono da companhia aérea Azul, desembarca, enfim, na Europa. Na quinta-feira 11, ele se tornou o controlador da estatal portuguesa TAP, cujo processo de privatização começou a ser desenhado em 1997. Para levar a problemática companhia aérea, que teve prejuízo de € 85 milhões, em 2014, e acumula dívidas de mais de € 1 bilhão, o dono da Azul bateu o empresário boliviano Germán Efromovich, controlador da Avianca.
O negócio foi fechado através da holding Gateway, formada em parceria com o empresário português Humberto Pedrosa, que pagará de € 354 milhões a € 488 milhões por uma fatia que pode variar entre 61% e 66% da companhia lusitana. Neeleman também se comprometeu a comprar 53 novos aviões para a TAP. As tacadas ousadas se constituem em um traço marcante da trajetória de Neeleman, que ficou conhecido pela busca incessante por inovação, como a criação, nos anos 1990, do bilhete eletrônico e da transmissão de TV ao vivo nas aeronaves de sua frota.
Desde a década de 1980, ele já fundou quatro companhias aéreas nos Estados Unidos (JetBlue e Morris Air), no Canadá (WestJet) e no Brasil. A JetBlue foi a pioneira no sistema baixo-custo, baixa tarifa. No Brasil, onde desembarcou há sete anos, ele colocou a Azul na terceira posição do ranking, atrás de TAM e GOL, com 15,87% de participação de mercado. Neeleman parece ter dado mais um mais passo acertado, com a aquisição da TAP. “A Azul está fazendo quase tudo certo”, diz Samuel Oliveira, diretor da área de investment banking do banco Indusval & Partners.
“Acertadamente, optou por operar a partir do aeroporto de Viracopos, até pela falta de slots em São Paulo, e agora vai diversificar as moedas de sua receita, num momento que o real se desvalorizou.” A internacionalização da companhia área começou no fim do ano passado, com a criação de voos para Orlando e Fort Lauderdale, na Flórida. A sinergia com a TAP vai permitir, agora, que a Azul tenha acesso a um mercado de 1,8 milhão de passageiros que trafegam entre o Brasil e a Europa, mensalmente. Afinal, Portugal é um importante hub para a entrada de brasileiros no Velho Continente. “Não vai ter uma outra TAP à venda tão cedo”, diz Oliveira.
A escolha do sócio também parece ter sido estratégica. Humberto Pedrosa pode ser um importante interlocutor com os governos europeus. Ele exibe uma trajetória similar às dos brasileiros Wagner Canhedo, que comprou a Vasp, e Constantino de Oliveira Júnor, fundador da Gol, que vieram do setor de transportes terrestres. O empresário português é dono do grupo Barraqueiro, que foi fundado em 1914 e, além de controlar uma frota de três mil ônibus na Grande Lisboa, nos últimos anos, expandiu para as concessões de metrôs do Porto, do Sul do Tejo e para a área ferroviária, com uma linha entre Lisboa e Setúbal.
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