quarta-feira, 2 de maio de 2012

Composição da Estrada de Ferro do Amapá descarrila

          Texto e fotos Cleber Barbosa
Foto feita na terça-feira, feriado do 1º de maio, às margens da Estrada de Ferro do Amapá
Sem comemorações oficiais pelo Dia do Ferroviário, transcorrido na segunda-feira, e em pleno feriado do Dia do Trabalhador, os funcionários da Estrada de Ferro do Amapá (EFA) cumpriram ontem a dificílima missão de colocar os trens na linha, literalmente, pois mais um descarrilamento foi registrado, à altura do quilômetro 35 da linha férrea, no trecho Santana/Porto Grande.
As imagens feitas pelo Blog no local do acidente mostram aquilo que ferroviários antigos e moradores do entorno da EFA já constataram há tempos, ou seja, a manutenção das linhas é deficiente. Nada explica os trilhos abrirem e a composição de vagões de minério ruir, tombando perigosamente para fora da linha.

Com o acidente parte do carregamento de minério de cromo vazou para o meio ambiente
No acidente do feriadão, os vagões carregavam toneladas e toneladas de minério de cromo, um serviço extra que a atual controladora da EFA, a mineradora Anglo American, presta a outras empresas do ramo. A extração de cromita vem da região da mina de Vila Nova, em Porto Grande. A Estrada de Ferro do Amapá tem pouco mais de 50 anos e foi construída pelo consórcio formado entre a Indústria e Comércio de Minérios S.A. (Icomi) e a norte-americana Bethlehem Steel Company. A Anglo passou a administrar os trens em 2008, depois de ter adquirido os ativos da MMX, em uma transação liderada pelo bilionário Eike Batista, no valor de U$ 5,5 bilhões.

O inesquecível Ralph Medellin em sua segunda casa, o escritório na EFA, em Santana (AP)
Foi para aquela empreitada, de abrir uma linha férrea em plena floresta amazônica, que surgiu a figura de um californiano de origem hispânica, Ralph Medellin, que atuara em grandes obras nos Estados Unidos e que se voluntariou vir para o Amapá pela paixão em conhecer o Rio Amazonas. Atuou na EFA desde a construção e só parou depois de morrer, aos 86 anos, tendo sido responsável pela manutenção e funcionamento dos trens até seu desenlace, em 2007. É considerado um dos mais dedicados ferroviários do Amapá.



A história da Estrada de Ferro do Amapá

        Fotos Google Imagem; Texto Wilipedia
Foto histórica da chegada das primeiras locomotivas da EFA no Porto de Santana
A Estrada de Ferro Amapá foi construída para transporte de minério de manganês na década de 1950, possui e extensão de 194 quilômetros e locomotivas diesel-elétrica, sendo a única ferrovia de carga de bitola standard (1,435 m) no Brasil. Foi inaugurada em 1957, tem por principal objetivo o transporte do minério de manganês extraído e beneficiado na Serra do Navio, Estado do Amapá, que é embarcado para exportação pelo Porto de Santana, em Santana (Amapá).
Augusto Antunes e o presidente da República Costa e Silva, durante visita à EFA
Em 1947 a Empresa Indústria e Comércio de Minério S.A. - ICOMI venceu a licitação para exploração do manganês na Serra do Navio, noTerritório Federal do Amapá. Em 1950 a empresa norte-americana Bethlehem Steel Company, se tornou sócia com 49% do empreendimento, sob a alegação que o projeto carecia de maiores investimentos e conhecimentos técnicos. A ferrovia começou a ser implantada em março de 1954 e foi concluida em janeiro de 1957.
Em 1980 a Bethlehem vendeu sua participação para a Caemi, sendo a exploração de manganês encerrada em 1997. O trem continuou a circular transportando modesta quantidade de cromita e o passageiros.
Concessão Inicial - Outorga de concessão pelo Decreto n.º 32.451, de 20 de março de 1953, que tem como objeto conceder à Empresa Indústria e Comércio de Minério S.A. - ICOMI, a construção, uso e gozo de uma estrada de ferro que, partindo de Porto de Santana alcance as jazidas de manganês existentes na região dos Rios Amapari e Araguari, no Amapá.


Nova Concessão - Em março de 2006 a MMX Mineração e Metálicos assume o controle da EFAmapá, vencedora do processo licitatório por meio da Acará Empreendimentos e será a nova administradora da ferrovia por vinte anos. O valor da concessão, de 814 mil reais, foi pago no ato da assinatura do contrato. A MMX Logística ofereceu garantias de 7,8 milhões de reais para operar o contrato, e está obrigada a fazer investimentos de 40,7 milhões de reais nos 193 quilômetros de estrutura ferroviária do Amapá nos próximos dois anos. O valor total da operação é de 157,9 milhões de reais.
O contrato prevê que a MMX Logística invista, nos próximos dois anos, na recuperação das estações ferroviárias entre Santana e Serra do Navio, revitalize todo o leito da ferrovia com troca de trilhos, assim como modernização dos vagões e da sinalização em todo o trajeto. A empresa também será responsável por dotar os vagões cargueiros de melhores estruturas para transporte de minérios e produtos agrícolas. Entre os novos investimentos está a compra de 82 novos vagões, junto a Iochpe-Maxion.


Transporte realizado - Em 1997 transportou 84 mil passageiros e um milhão de toneladas de mercadorias (minério de manganês, ferro-silício, dormentes, areia, explosivos, etc.), equivalente a 194 milhões de TKU, empregando 40 funcionários


Locomotivas - A EF Amapá possui cinco locomotivas diesel-elétricas, sendo quatro SW1200 numeradas de 1 a 4, construidas em 1955 (nº1-3) e 1966 (nº4) e uma SW1500 construída em 1971 (nº5) pela GM EMD. Informações divulgadas dão conta da compra de sete locomotivas C30 ou B30usadas no México (ex-Ferrocarriles Chiapas-Mayab), que viriam substituir as velhas manobreiras nos serviços transporte de minérios.

O fundador da Icomi e construtor da Estrada de Ferro






AUGUSTO TRAJANO DE AZEVEDO ANTUNES

(89 anos) Empresário
* São Paulo, SP (29/09/1906)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/08/1996)








Augusto Trajano de Azevedo Antunes nasceu em São Paulo em 29 de setembro de 1906, era filho de Gabriel Oscar de Azevedo Antunes e Maria da Conceição Pereira, foi casado com Sylvia Penteado e tiveram dois filhos, Beatriz e Augusto César.

Juscelino Kubitschek recebe das mãos do Dr. Augusto Antunes, uma placa alusiva ao primeiro embarque de manganês do Porto de Santana, ocorrido em 10/01/1957, transportado pelo navio Areti-XS – Baltimore, que havia chegado no dia 9 e saiu no dia seguinte, levando 9.050,05 toneladas. A cerimônia foi presenciada pelo Dr. Amilcar da Silva Pereira, que na época era o Governador do Amapá.

Formou-se Engenheiro Civil Eletricista pela Escola Politécnica de São Paulo no ano de 1930, iniciando suas atividades profissionais na Secretaria de Viação e Obras do Estado. No ano de 1938 transferiu-se para o estado de Minas Gerais, dedicando-se à área de mineração e fundando em 1942 a empresa Indústria e Comércio de Minérios S/A (ICOMI), assumindo a Direção Técnica.
Decorria o ano de 1946, quando manteve os primeiros contatos com o governador do Território do Amapá, capitão Janary Gentil Nunes, interessado nas pesquisas minerais da região. Augusto Antunes visitou os locais onde foram localizadas as minas de manganês, acompanhado de Homero Charles Platon e Mário Cruz, levando quantidade expressiva de minério para exames laboratoriais.
Augusto Antunes e Janary Gentil Nunes

Em 6 de dezembro de 1947, representando o grupo ICOMI, assina na representação do Governo do Amapá, no Rio de Janeiro o contrato de exploração das minas de manganês da Serra do Navio estando presentes ao ato o governo do Amapá, ministros, deputados e senadores. O início das atividades da empresa no Amapá ocorreu em 1948, com a chegada da equipe técnica, composta de engenheiros americanos, holandeses e ingleses que espantaram a população por nada entender do que falavam ou o que queriam. Em 1949 começaram a chegar a Santana os navios carregados de ferragens e equipamentos. Em 15 de novembro de 1950 o Congresso Nacional referendou os termos do contrato de exploração do minério de manganês pela ICOMI.
Augusto Antunes acompanhou passo a passo a implantação dos trabalhos em Macapá, acompanhando o governador durante a inauguração da vila de Santana, do pier de desembarque, da estrada de ferro da vila de Serra do Navio, do primeiro embarque de minério e outros eventos importantes.
Ficou conhecido do povo amapaense pelo seu apoio à educação, saúde, transporte, lazer e segurança às populações residentes na área de atuação da empresa, começando de Santana até a Serra do Navio, transformando-se em um dos personagens importantes da história do Território do Amapá.
Sua morte ocorreu em 17 de setembro de 1996 e foi sentida por todos os pioneiros que assistiram à epopéia desse eminente paulista no Amapá.

Fonte: Porta Retrato (Macapá/Amapá de Outrora)
Extraído do site: Famososquepartiram.com


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