domingo, 18 de abril de 2010
Pedro Paulo diz que poder não o envaidesse
Pedro Paulo: “Não tenho qualquer vaidade pelo poder”
PEDRO PAULO - Dizendo-se comprometido coma geração de emprego e renda, chega a duas semanas no poder
Mesmo com o anunciado acirramento da disputa eleitoral pela cadeira de governador do Estado, o atual ocupante do Palácio do Setentrião, o médico Pedro Paulo Dias de Carvalho tem dito que pretende dedicar-se ao exercício da governabilidade do Estado até as últimas conseqüências. Apesar do ritmo frenético de sua agenda, ele vai compondo gradativamente não apenas sua equipe de governo, mas a estrutura de poder de sua gestão, seja agregando aliados de primeira hora, como o Partido dos Trabalhadores, ou mesmo lideranças comunitárias ou quadros de partidos e até do governo Waldez Góes. Exige, para isso, compromisso com o Estado, vocação e aptidão técnica. Pedro Paulo recebeu o Diário do Amapá ontem, na Residência Oficial, para onde mudou-se no meio da semana. O que ele tem achado destes primeiros dias como titular do Governo você acompanha a seguir.
Diário do Amapá - O senhor tem se referido ao período em que governa o Amapá detalhando o número de dias corridos e o de dias úteis. Isso é sinal de que está debruçado sobre o planejamento das ações? A agenda está apertada?
Pedro Paulo - É verdade. Desde que assumimos o governo, no sábado, dia 3 de abril, imprimimos um ritmo muito acelerado, muito forte, na administração pública, por conta de que você está assumindo um governo em que simultaneamente tem que fazer uma transição. Por mais que você tenha conhecimento do mecanismo de funcionamento da máquina administrativa, você precisa dos números, dos dados, enfim, se aprofundar na máquina e fazer algum tipo de ajuste, um monitoramento, ou se tem que avançar, que se potencializar. São tantos caminhos que você tem que dar celeridade.
Diário - Além disso, tudo ainda há que se fazer política, não é mesmo?
Pedro - Você não pode deixar de listar, pois elas estão sempre lincadas.
Diário - Mas durante a semana o senhor fez questão de dizer que poderia separar a necessidade de continuar governando o Estado, cuidando das demandas, deixando a política para um segundo momento. Como isso vai se dar na prática, levando-se em consideração um período relativamente curto até as convenções?
Pedro - Depois do expediente... (risos). Mas é verdade mesmo, estou dormindo três ou quatro horas por dia, devido essa dedicação de corpo e alma ao processo administrativo, para fazer com que o Estado tenha sua normalidade, afinal, querendo ou não, quando há uma troca de gestor sempre há certo desequilíbrio da dinâmica que vinha sempre imprimida, afinal todos nós somos diferentes uns dos outros. Com relação às conversas políticas, não tenho dúvida de que elas têm que ocorrer, mas estou deixando em segundo plano, como se fosse um lazer, pois a parte administrativa tem me consumido muito, por conta da minha responsabilidade de colocar todos os serviços públicos com qualidade para a população. Isso é fundamental para todos nós.
Diário - Conforme o senhor havia anunciado, não foi editada nenhuma caça às bruxas, com relação a substituições na equipe de governo anterior. Alguns auxiliares do ex-governador Waldez permaneceram em sua equipe. Qual o critério para as substituições?
Pedro - O critério é extremamente técnico, mas que observa uma repercussão política. Evidentemente que você não vai conseguir agradar a todos, mas tenho a consciência, a responsabilidade de colocar técnicos em nossa equipe que pensem acima de tudo no Estado e por conta disso é o que mais pesa na hora da escolha, ou seja, a pessoa que vai conduzir uma pasta tem a responsabilidade de dizer que ela está fazendo por prioridade ao Estado. Isso é fundamental e é isso o que eu tenho cobrado.
Diário - A visita do ministro Alexandre Padilha representou o que para esse período em que se inicia seu governo?
Pedro - Ele é um grande amigo nosso, uma pessoa por quem temos o maior carinho e respeito, até por conta da sua atenção para a região Norte. É um ministro que tem uma relação muito forte com todos os governadores da Amazônia e com os demais governadores do Brasil também. O ministro Padilha nos convocou para uma reunião lá em Brasília envolvendo cinco partidos, que foram o PR, o PDT, o PT, o PP e o PCdoB e essa reunião veio se fechar agora, aqui em Macapá. Nós oferecemos um almoço para o ministro e conversamos sobre essas questões políticas. Mas eu não poderia deixar de conversar com o ministro sobre as questões pendentes do Estado, como por exemplo, o empréstimo junto ao BNDES, que para nós é estratégico, pois se obtivermos teremos condições de fazer com que o Estado do Amapá possa tocar as obras que estão paralisadas e as outras com ritmo lento possam ser alavancadas.
Diário - Mesmo já tendo dito que está concluindo o segundo período de um governo que também é seu, afinal foi o vice de Waldez desde então, o senhor tem tentado imprimir uma marca toda própria à sua gestão. É proposital dissociar seu go-verno da gestão anterior?
Pedro - Tenho uma visão muito clara, objetiva e honesta com relação a essa pergunta. Penso que estou no governo há sete anos e três meses na qua-lidade de vice-governador, quando acompanhei e procurei contribuir da forma como podia na gestão do Estado e digo com toda convicção de que tudo aquilo que foi conquistado no governo Waldez como titular, vou potencializar e aquilo que eu achar, ou que achei, afinal todo e qualquer projeto tem que ter monitoramento para se ter a possibi-lidade de corrigir. A minha conduta tem sido nesta linha: todas as ações do governo que foram po-sitivas, que trouxeram resultados para a população, nós vamos potencializar e as que precisarem ser corrigidas vamos corrigir.
Diário - Ainda sobre a visita do ministro Padi-lha, o comentário nos meios políticos foi de que o senhor buscou garantir um palanque amapaense para a ministra Dilma na corrida pela sucessão na Presidência da República. É verdade?
Pedro - Com certeza. O ministro Padilha foi muito feliz quando disse que dentro do PT sempre antes das convenções existem muitas teses, muitos questionamentos, com os vários grupos existentes lá. Então o ministro disse que também tinha uma tese dele lá, de que o PT como vinha participando do governo Waldez e que continua participando do governo Pedro Paulo tem que acompanhar a candidatura do Pedro Paulo.
Diário - Depois da visita que o senhor fez ao canteiro de obras da ponte binacional sobre o Rio Oiapoque que sentimento aquela obra emblemática lhe passou?
Pedro - Meu sentimento sobre a ponte que li-gará o Brasil à comunidade européia, especialmente o Amapá à Guiana Francesa, Oiapoque a São Jorge, é uma sensação muito boa porque se você observar vários conflitos foram registrados nos últimos anos e todos eles provocados pela falta de uma política definida de desenvolvimento econômico e social, passando pela questão da defesa, então com essa ponte nós vamos fazer com que aquelas pessoas que decidem em Paris sobre a vida das pessoas que moram em Caiena, assim como as pessoas de Brasília que decidem sobre a vida das pessoas que moram em Oiapoque, serão estimuladas a tomar iniciativas e decisões para que todos encontrem uma atividade econômica forte que garanta cidadania, soberania para essas pessoas, para que possam desempenhar suas funções, que possam ter sua renda ou que possam ter o seu trabalho.
Diário - Desde os dias que antecederam a sua posse o senhor sempre disse que o Estado precisava garantir emprego para a população. Como isso vem sendo trabalhado em seu governo desde que assumiu as rédeas do Amapá?
Pedro - Tenho algumas prioridades no meu go-verno que são questões fundamentais. A geração de emprego e renda, a questão da água, da energia, da pavimentação de estradas, enfim, isso é uma obrigação do Estado, é obrigação, não é nenhum favor. Eu tenho buscado esses entendimentos, pois não vejo outra alternativa a não ser que estado e prefeituras não tem condições de suportar a quantidade de pessoas que estão sendo preparadas pelas faculdades aqui do Estado, que são inúmeras, tentando colocar no mercado de trabalho muita gente a cada seis meses e este não absorve. Então eu na qualidade de governante tenho que me dedicar sim, para buscar investidores, para que venham fazer negócios aqui, gerando empregos, gerando renda, mas para isso tenho criar um grupo seleto de pessoas para que possam receber esses investidores. Não posso tratar de forma desigual os desiguais.
Diário - E para isso há um mote, alguma indicação de área estratégica a receber os investimentos?
Pedro - O Amapá tem um potencial enorme, com suas florestas, com seu potencial de produção de energia, na área do pescado, na área de minérios, na área do turismo, enfim, como Deus nos oportunizou ter um Estado com todas essas riquezas na-turais, temos que utilizar nossa inteligência para transformar essas riquezas em algo que venha fazer com que a nossa população tenha esse benefício direto porque hoje nós somos ricos para quem nos vê, mas no dia a dia temos muitas dificuldades financeiras.
Diário - O que dizer aos amapaenses que acompanham todos esses fatos neste período de transição e de expectativas para uma nova eleição?
Pedro - Quero dizer ao povo do meu Estado que eu não tenho qualquer vaidade pelo poder. Estou governador porque foi uma missão dada por Deus para que eu pudesse vir a ajudar o povo do Amapá a encontrar oportunidades para todos. Entendam que não é o poder, a liturgia do cargo que me envaidece, o que me deixa alegre e orgulhoso é a vontade que eu tenho de produzir mais e todas as vezes que vou a um município, a uma localidade e que sou bem recebido, cada vez mais as minhas responsabilidades aumentam. Esperem do Pedro Paulo o compromisso cada vez maior de fazer políticas públicas que ve-nham melhorar a qualidade de vida do nosso povo.
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