Nos últimos três anos, a
produção de grãos cresceu no estado do Amapá pela alta produtividade das áreas
agricultadas alcançada através das tecnologias de ponta aplicadas nas fazendas,
trazendo significativos efeitos no desenvolvimento de cadeia produtiva e
impactos na economia da região.
O aumento da escala da
produção de grãos ocorre com a organização de seus processos de maneira a
maximizar os recursos disponíveis e reduzindo a extensão territorial
agricultada, proporcionando um resultado elevado por área ocupada com a
atividade agrícola.
Os produtores amapaenses
investiram milhões de reais em equipamentos e tecnologias para obter mais grãos
em uma menor área possível, para isso, introduzindo gradativamente o que chamam
de agricultura de precisão, que consiste em um conjunto de
ferramentas avançadas para a agricultura, a exemplo do GNSS (Global Navigation
Satelite System), do SIG (Sistema de Informações Geográficas), de instrumentos
e de sensores para medidas ou detecção de parâmetros ou de alvos de interesse
no agroecossistema (solo, planta, insetos e doenças), de drones para
georreferenciamento e aplicações, de geoestatística e da mecatrônica.
A aplicação da agricultura de
precisão, além significar a maximização do potencial da área produtiva, também
se torna essencial para a diminuição do uso de defensivos agrícolas e,
consecutivamente, um menor impacto ao meio, além da economia ocasionada pela
racionalização do uso de diversos insumos que passa a acontecer conforme a
necessidade de cada pequena parte do solo.
Segundo dados do IBGE, em 2016
a produção de soja no estado foi de 42 mil toneladas, enquanto a de 2017 será
de 49 mil toneladas, representando uma variação positiva de 17% de um ano para
o outro. Isso se deve ao estado ter alcançado índices de produtividade
similares aos das regiões agrícolas tradicionais do país, onde se colhe uma
média de 50 sacas por hectare em uma área que variou, de acordo com dados da
Aprosoja-AP, de 14.040 Ha para 19.000 Ha nos anos de 2016 e 2017,
respectivamente.
Ao contrário dos grãos de
milho, que são totalmente consumidos no mercado amapaense, a soja tem seu maior
volume exportado para países da Europa e para a China, respectivamente 80% e
20%. No entanto, das 14.040 mil toneladas produzidas em 2016, uma pequena parte
começa a ser utilizada no estado na produção de ração para suínos e avicultura.
A verticalização da produção
dos grãos de soja é a fase mais esperada pela economia do estado do Amapá, onde
o grão colhido em estado in natura passa pelo processo de esmagamento,
neutralizando as enzimas e dando origem a subprodutos como a glicerina,
destinada à fabricação de cosméticos, o óleo de soja, para indústria de
alimentos, e o farelo, destinado à fabricação de rações para a indústria de
proteína animal.
A indústria de proteína animal
é um dos pontos principais para a economia do estado Amapá, pois,
possibilitaria a criação de animais para corte gerando horizontes ao comércio e
à implantação de frigoríficos e indústrias de processamentos, resultando em um
mercado de trabalho mais aquecido e a elevação do poder de compra pela
mão-de-obra absorvida, e da atingida indiretamente como desdobramentos, a
exemplo das empresas de diversos insumos como peças, máquinas, combustíveis,
alimentos e outras.
Segundo o Centro de Estudos do
Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, a cada 80 hectares de soja plantados, é
gerado 01 emprego direto no campo que, por sua vez, possui uma proporcionalidade
de 10 gerados indiretamente na cidade. Neste sentido, os 19 mil hectares
plantados no Amapá geram 237,5 postos de trabalho no campo e 2.375 na cidade, totalizando
uma projeção de 2.612,5 empregos diretos e indiretos.
Estudos desenvolvidos por
instituições como a Unifap e a Aprosoja-AP, apontam que o estado possui a
capacidade de plantar os grãos em uma área aproximada de 400 mil hectares, e
isso geraria algo em torno de 5.000 em pregos no campo e 50.000 na cidade, perfazendo
cerca de 55.000 vagas de trabalho, representando uma considerável ampliação do
mercado consumidor capaz de fazer movimentar a economia em todos os seus setores,
fazendo o Amapá subir a uma outra categoria de comércio.
Mas o aumento da escala da
produção de grãos possui um grande obstáculo a ser superado que já perdura há
três décadas, a regularização fundiária. Pois a mesma impede a criação de um
ambiente juridicamente seguro para que o produtor possa fazer o investimento
necessário à indústria de grãos, e a limitação de financiamentos voltados à
produção devido ausência de titulação das terras, necessária para garantir os
mesmos, o ocasionando lentidão ao desenvolvimento da região.
Para o Amapá alcançar avanços
na qualidade de vida de seu povo, necessita promover o crescimento econômico e
o desenvolvimento socioambiental através da aplicação uma política pública
clara e bem definida para este setor, de maneira a equacionar as contradições
existentes e encontrando um caminho equilibrado na construção de um estado
melhor para todos.
Juan Monteiro
Administrador e Jornalista
Especializando em Marketing do
Agronegócio pela USP
Muito boa as informações parabéns...
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