segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Milhomen: "Nós já nos consideramos a terceira via"

MILHOMEN - A pré-candidatura a prefeito de Macapá é pra valer, diz o parlamentar


Um dos primeiros a anunciar sua pré-candidatura a prefeito de Macapá este ano, o deputado federal Evandro Milhomen (PCdoB-AP) acabou por virar alvo preferido das especulações de que essa era apenas umas estratégia de barganha política, que o levaria a recuar e assim garantir vantagens para declarar apoio a outras candidaturas. Mas ele não arreda um centímetro das pretensões de disputar o cargo sem que isso prejudique o trabalho de coordenador da Bancada Federal, que ele acaba de assumir. Como pretende equacionar este problema pode ser observado na entrevista exclusiva concedida ontem ao jornalista Cleber Barbosa e que o Diário do Amapá publica a seguir.

CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO


Diário do Amapá - O senhor assumiu recentemente a coordenação da Bancada Federal e como é a rotina dessa função, existe um calendário periódico de reuniões entre os integrantes?
Evandro Milhomen
- Sim, nós temos um calendário de reuniões e semanalmente nós realizamos nossas reuniões nas quartas-feiras, mas naturalmente quando tem alguma coisa extra a gente sempre transfere para a semana seguinte. Temos um calendário em que a gente discute algum tema que esteja em pauta e que continuam em pauta dentro do Congresso Nacional com relação ao Amapá ou de interesse geral junto ao Governo Federal como é o caso da CEA, que estamos discutindo, assim como a questão dos servidores públicos, a questão das terras, enfim, sempre tem uma questão que interessa a bancada ou a um parlamentar, mas que precisa ser tratado com a bancada.

Diário - Temas comuns, o senhor diria?
Milhomen
- Também existem pautas de interesse do Go-verno do Estado ou aos municípios, então na verdade é uma pauta que varia muito, constantemente, pois vira e mexe tem algum prefeito com uma demanda que precisa ser tratada em algum ministério e a bancada precisa se mobilizar.

Diário - E ainda existem as pautas levadas por sindicatos, não é mesmo?
Milhomen
- Sim, sindicatos então nem se fala, nós temos tido reuniões a todo tempo com as lideranças sindicais que nos procuram, sejam de professores, de servidores federais, enfim. Na sexta-feira de carnaval, por exemplo, eu e a deputada Dalva [Figueiredo] estávamos reunidos às 18 horas aqui com eles, no Sindsep, para tratar com relação à PEC 111, que é de autoria da deputada Dalva Figueiredo e que eu sou o relator, que na verdade foi relatado "a doc" pelo deputado Luiz Carlos também, que é um companheiro nosso na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça]. Isso tudo para dizer como a nossa mobilização é permanente, pois sempre tem um assunto para ser discutido entre os membros da nossa bancada.

Diário - Deputado, costuma-se dizer no Brasil que o ano só começa mesmo depois do Carnaval, mas 2012 é um ano diferente por ser de eleições, quando uma série de obrigações da Justiça Eleitoral faz com que o Congresso Nacional acelere suas atividades até julho, quando ficam proibidos os convênios e as emendas, como é isso?
Milhomen
- Exatamente, a partir de 30 de junho não se pode mais, daí a gente já estar com uma série de audiências já agendadas em vários ministérios para tratar de assuntos diversos, de interesse do Estado do Amapá, com a primeira delas no Ministério dos Transportes agora no dia 1º [de março] assim como o secretário executivo do Ministério de Relações Institucionais para tratar de assuntos de interesse do Amapá.

Diário - Que tipo de assuntos serão tratados deputado?
Milhomen
- No Ministério dos Transportes nós vamos tratar da questão das nossas rodovias que ainda não tiveram a pavimentação definida, como a Perimetral Norte e o trecho Sul da rodovia BR-156.

Diário - O trecho norte da BR-156 está todo contratado mesmo?
Milhomen
- Todo contratado sim, não temos problemas, recursos garantidos pois conseguimos incluir essa obra no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] o que foi extremamente importante pois acabou aquele velho problema de ficar o governo socorrendo a bancada e a bancada socorrendo o governo para liberar os recursos.

Diário - Sobre as estradas que ainda precisam garantir o asfaltamento a estratégia será a mesma?
Milhomen
- Sim, nós queremos colocar a Perimetral Norte na pauta do Ministério [dos Transportes] pois a ligação rodoviária Macapá-Serra do Navio é extremamente importante para o desenvolvimento do Estado porque lá nós temos todas empresas de mineração e uma produção agrícola muito boa. Tem uma população indígena que também está instalada naquela região então temos que tornar viável aquela parte oeste do Amapá através dessa rodovia.

Diário - E no Ministério das Relações institucionais, o que estará em pauta deputado?
Milhomen
- Iremos tratar a questão da liberação das Emendas Parlamentares, pois temos pendências de recursos que ainda não chegaram ao fim a que se destinavam até o final do ano que passou, então há uma tentativa de se fazer uma compensação desses recursos agora, daí nós irmos ao Ministério.

Diário - Por falar em Emendas, o anúncio do tal contingenciamento do Governo Federal deve atingir em cheio as Emendas Parlamentares, como se prevê?
Milhomen
- Sempre foi assim, o governo quando faz o contingenciamento, que este ano será de R$ 50 bilhões, sempre tentam buscar no corte das emendas, mas como no Parlamento nós temos também as emendas individuais e as emendas coletivas, chamadas emendas de bancada, eles vão sempre naquelas que ficam mais dispersas, digamos assim.

Diário - Sem querer colocar o senhor em uma saia justa, mas já colocando, seu colega Bala Rocha disse outro dia que existe uma manobra por parte do governo para privilegiar os integrantes da Comissão Mista de Orçamento, com a liberação das emendas deles. O que o senhor acha disso?
Milhomen
- Eu não tenho informações concretas desse fato, mas o deputado Bala pode ter alguma informação que possa considerar. Se isso realmente aconteceu é extremamente grave porque não pode se tratar diferentemente aqueles que têm o mesmo papel dentro do Congresso Nacional. Quando se faz isso há uma preocupação de que algo pode estar acontecendo de muito errado nessa relação do Poder Executivo com o Legislativo. É como se lá, entre os 513 deputados, tivéssemos uma meia dúzia que considera melhor do que os outros. O parlamento brasileiro é muito laico, diferente, diverso, plural, então os interesses da sociedade têm ressonância dentro do Congresso Nacional.

Diário - A gente falou da proibição da liberação das emendas no período que antecede às eleições, mas depois de novembro é um corre-corre danado de prefeitos para garantir essa ajuda e isso acontecer com o senhor eleito seria um presente e tanto não?
Milhomen
- Com certeza, essa é uma das minhas maiores aspirações, o fato de nós termos uma pré-candidatura pelo PCdoB para disputar as eleições. Mas às vezes as pessoas colocam em xeque essa pré-disposição de termos candidatura própria, mas nós vamos sim, nós vamos participar deste pleito. Nós precisamos mostrar para a sociedade um projeto alternativo, um projeto diferente, de um partido com independência ideológica e política, com um pensamento de construir uma nova cidade, pois Macapá está precisando de uma oxigenação política e nós entendemos que podemos ajudar a construir isso.

Dário - Nas eleições de 2008 das sete candidaturas cinco eram da base governista e um de oposição chegou ao segundo turno. Em 2010 a chamada coalizão que governava o Amapá acabou perdendo a disputa ao Governo. E agora, as forças que já governaram o Estado só poderiam se juntar novamente num eventual segundo turno?
Milhomen
- Eu vejo que essa eleição tem uma diferença. São muitos pretendentes ao pleito, mas também uma reeleição de um prefeito que tem alguns partidos hoje aliados a ele, você tem um Governo do Estado recém instalado com algumas dificuldades de solidez na administração e, por fora, algumas candidaturas que correm de forma alternativa, diria como franco atirador com uma proposta diferente de governar.

Diário - Diferente como, e quanto deputado?
Milhomen
- Diferente dos grupos que aí estão para que nós possamos ter a alternância do poder desses grupos que na verdade têm governado por muito tempo o Estado do Amapá. Então essa eleição tem essa característica diferenciada já no primeiro turno, com várias candidaturas que não serão alijadas do processo porque se sustentam dentro de um discurso, de uma militância, de modo que num segundo turno quem tiver melhor articulação para buscar os apoios necessários sairá em vantagem.

Diário - O senhor aponta para três cenários, um apoiado pelo governo, outro representado pelo atual prefeito e por fora as candidaturas alternativas, a terceira via?
Milhomen
- Nós já nos consideramos a terceira via, pois entendemos ter condições programáticas para apresentar algo diferente para a sociedade, fazer política diferente, com grandeza, respeitando o adversário, pois a política é o vetor de desenvolvimento e não do confronto das pessoas, mas o confronto de idéias. A sociedade macapaense precisa dessa transformação e é esse o papel que iremos cumprir.

Perfil

O amapaense Evandro Costa Milhomen nasceu em Macapá no dia 21 de abril de 1962, é casado, formado em Sociologia pela Universidade Federal do Pará (1991). Foi Diretor Municipal de Ação Comunitária, 1990-1994, e Secretário substituto, 1992, Secretaria Municipal de Ação Comunitária, Secretário substituto da Secretaria do Trabalho e Cidadania do Estado do Amapá, 1995; Diretor do Sistema Nacional de Empregos do Amapá, Macapá, 1995-1996. Foi vereador de Macapá (1997 a 1999); eleito deputado federal 1999-2003, sendo reeleito para o período de 2003-2007; Nova recondução para o período de 2007-2011, sendo novamente vencedor para o quarto mandato em 2010. Atualmente atua na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos De-putados e neste segundo período da atual legislatura assumiu a função de coordenador da Bancada Federal do Amapá

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