FÁTIMA PELAES - Aponta a fé e a experiência para renovar-se na política e na vida |
A deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP) está completando nesta segunda-feira (13) seus 53 anos de idade, o que até parece pouco afinal acaba de se tornar a segunda mulher com maior longevidade na Câmara Federal, pois está em seu quinto mandato parlamentar. Ela decidiu falar um pouco da carreira iniciada muito cedo, na extinta LegiãoBrasileira de Assistência, nos tempos do Território Federal do Amapá, quando uma socióloga recém formada tinha tudo para crescer profissionalmente. Acabou tornando-se popular e entrou para a política. Ela também quebra o silêncio e decide falar sobre o rumoroso caso no Ministério do Turismo, quando recursos alocados por ela foram suspeitos de fraudes por terceiros.
CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO
Diário do Amapá - Deputada, essa foi a primeira semana completa, digamos assim, desde a retomada dos trabalhos no Congresso Nacional então quais são as suas perspectivas para o ano de 2012?
Fátima Pelaes - São as melhores possíveis, pois sou uma mulher que tem esperança, que me move a cada dia, pois Deus é minha fonte de fé, de esperança. Estou retomando este mandato para buscar o melhor para nossa gente.
Diário - E por falar em mandato, a senhora está completando vinte e um anos na Câmara dos Deputados, o que lhe move a continuar voltando a cada semana para Brasília?
Fátima - O que me move é a vontade de ver meu povo melhor, de ver o desenvolvimento do meu Estado, isso me move a trabalhar. Mas você falou em vinte e um anos e eu nem me dei conta de como passa rápido o tempo, mas eu me renovo a cada dia, por acreditar que cada dia é um novo tempo que se inicia. Cada dia eu aprendo mais e a cada dia procuro inovar.
Diário - Como assim inovar, deputada?
Fátima - Sim, é como se eu estivesse começando, sabendo que sempre é hora de aprender mais. Mas também é importante usar a experiência adquirida, aplico isso no meu mandato como também na minha vida pessoal, procurando agir com serenidade, humildade e respeitando principalmente o outro.
Diário - A senhora começou a vida pública na antiga LBA [Legião Brasileira de Assistência] quando as políticas sociais eram bem diferentes, tanto que depois que virou deputada atuou na regulamentação da LOAS [Lei Orgânica da Assistência Social]. E hoje, como a senhora analisa as políticas sociais do país?
Fátima - Quando eu entrei na LBA, na década de 80, nós trabalhávamos já a assistência social de uma forma inovadora, procurando ver assistência social como direito de cidadania. Mas também foi minha passagem pela LBA que me fez hoje estar no Congresso Nacional porque nós precisávamos regulamentar os artigos 203 e 204 da Constituição, e aí nós tivemos a oportunidade de discutir esse projeto com os técnicos e com a população, o que me entusiasmou a vir para a Câmara e aprovar esta lei.
Diário - E que vigor até hoje, não é?
Fátima - Sim, graças a Deus. A Lei Orgânica da Assistência Social rege toda a assistência social no país, mas nós também conseguimos colocar um salário mínimo para idosos e deficientes. Só que o mais importante é você ter esse novo olhar da assistência social como direito da cidadania, como o Estado tendo uma política pública, isso faz diferença.
Diário - E depois, o que isso tudo acrescentou em sua carreira política?
Fátima - A partir daí nós conseguimos também ampliar nossa linha de trabalho no Estado e no Brasil também e hoje estou aqui procurando pensar também de uma forma macro, procurando desenvolver o Estado pensando nos eixos estratégicos de desenvolvimento do Amapá, como portos, aeroportos, as estradas como a BR-156 e a BR-210, além da questão da energia. Nós procuramos fazer um Amapá de trabalho, desenvolvimento e paz.
Diário - Depois veio sua passagem pela Secretaria Estadual do Turismo quando sua experiência na área social acabou dando ênfase ao fato do turismo também ter apelo social, por gerar emprego e renda. Como foi essa experiência?
Fátima - Sem dúvida foi algo novo e diferente para mim, mas isso me deu muito entusiasmo afinal gosto de desafios. Por ter realmente formação na área social nós procuramos fazer o turismo como inclusão social.
Diário - Por essa característica de gerar emprego, não é mesmo?
Fátima - O turismo é a atividade que mais gera emprego, na verdade emprego e renda, além de manter as nossas belezas naturais, daí ser chamada de indústria sem chaminé, então para nós da Amazônia é uma grande alternativa, pois a marca Amazônia é conhecida no mundo todo e todos querem conhecê-la, daí nós defendermos o incremento do turismo.
Diário - E como isso começou a ser desenvolvido, ainda durante sua gestão na Setur?
Fátima - Primeiro nós estudamos bastante com a equipe técnica, partimos para a sensibilização, durante um ano inteiro, nas escolas, percorrendo os municípios e depois lançamos o primeiro Festival de Turismo no Meio do Mundo, que foi uma estratégia de trabalho na verdade, pois nós percebemos que estava muito difícil de trabalhar o que é o turismo, para que as pessoas percebessem a importância dessa atividade.
Diário - E deu certo, as pessoas passaram a entender o que é o turismo?
Fátima - Olha, toda novidade leva um tempo para ser assimilada, claro, mas nós instalamos os Conselhos Municipais [de Turismo], instalando o Fórum Estadual de Turismo, portanto foi um momento riquíssimo e sei que meu papel naquele momento foi tentar sensibilizar a todos de que o turismo é possível no nosso Estado. Nós precisamos tê-lo como uma política pública efetiva, para gerar emprego e renda.
Diário - E depois que a senhora voltou ao Congresso Nacional, já com essa consciência para o turismo, o que mudou em sua atuação?
Fátima - Quando voltei procurei trabalhar nas frentes de infraestrutura, qualificação e também na parte de promoção e marketing. Nós então conseguimos colocar recursos, eu e outros colegas também, como uma obra que está sendo iniciada agora também pelo governador Camilo e que foi empenhada desde 2007, que foi o Píer Santa Inês. Temos recursos também para o Parque do Meio do Mundo, que infelizmente perdeu quase tudo, temos somente um empenho de R$ 1 milhão, quando era de R$ 7 milhões.
Diário - E o interior do Estado, também foi beneficiado com esses recursos?
Fátima - Sim, também, temos obras em Oiapoque, em Cutias [do Araguari] também colocando recursos, assim como em Santana,enfim em todos os lugares com vocação turística e que precisam de obras de infraestrutura. Depois vieram ações de qualificação profissional, seguida da promoção e marketing.
Diário - Deputada, é inevitável lembrar aquele episódio do ano passado quando ocorreu todo aquele problema no Ministério do Turismo e seu nome acabou sendo envolvido por ter destinado emendas parlamentares que depois tiveram a aplicação investigada. Passado esse tempo a senhora retomou sua agenda de compromissos com o turismo. O que ficou desse episódio?
Fátima - Olha, é importante reconhecer a minha história de trabalho, de luta e de respeito com a coisa pública. As pessoas que me conhecem sabem dessa trajetória de de-dicação e compromisso com o Amapá. Eu amo o meu Estado e acredito muito na vocação dele enquanto atividade turística. Mas respondendo à sua pergunta posso dizer que infelizmente nós que estamos na vida pública passamos por várias situações e muitas vezes recebemos acusações de forma leviana, mas como já disse sou uma mulher de muita fé, o que me segura, me levanta. Minha fé me faz ficar firme, pois Deus conhece o coração de cada um e eu fiquei serena, confiante, eu mesma já havia solicitado ao Mi-nistério uma rigorosa averiguação assim que selevantoua possibilidade de haver problema na aplicação dos recursos. Nada foi apresentado para provar aquelas suspeitas contra meu trabalho. Quem me conhece sabe que eu jamais iria compactuar com coisas que pudessem prejudicar o nosso povo, o nosso Amapá e o nosso país.
Perfil
Fátima Lúcia Pelaes ,52, é amapaense, é casada, é mãe de um filho. Socióloca, formada pela Universidade Federal do Pará (UFPA); Especialista em Planejamento e Administração de Projetos de Geração de Renda, Universidade Federal do Ceará, (CETRED); Foi superintendente da LBA (1985-1989); Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Belém, 1981; Pastoral Carcerária do Amapá (1982-1986); Secretaria de Trabalho e Cidadania do Amapá - SETRACI (1983-1985); Secretaria de Turismo do Estado do Amapá (2004-2006); também esidente, Instituto Teotônio Vilela (2003-2004). Mandatos de deputada federal: 1991-1995, 1995-1999, 1999-2003, 2007-2011, 2011-2015; em todo esse período filiou-se apenas a três partidos, PFL, PSDB e, desde 2005, no PMDB.
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