Aspecto da reunião da Secção Única do Tjap |
O desembargador Carmo Antônio de Souza proferiu decisão
nesta quinta-feira (24) contra pedido da mineradora Ecometals Manganês do
Amapá, que pleiteava a posse da área industrial da mineradora Icomi S.A. em
Serra do Navio – onde estão estocadas suas pilhas de minério remanescentes dos
anos em que trabalhou na região. O magistrado atua como relator do processo de
embargo de declaração movido pela própria Icomi, contra decisão anterior que
havia permitido a permanência da Ecometals no local.
O voto do desembargador Carmo Antônio foi proferido durante reunião da Secção Única do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP), que esteve reunida para apreciar o processo – mais um dos muitos envolvendo a Ecometals em suas tentativas de ficar com o manganês extraído pela Icomi. Decisões de Tribunais Superiores, entretanto, já pacificaram que a propriedade do minério é mesmo do concessionário que o extraiu, que foi a Icomi.
Técnico
Desembargador Carmo Antônio, relator do processo |
Em um voto considerado detidamente técnico, pesou contra a
Ecometals o fato de que sua única alegação para reclamar eventual propriedade
sobre as pilhas de manganês já ter tido seus efeitos sustados. É que a própria
Justiça, através da 6ª Vara Cível e de Fazenda Pública, reconheceu ser nulo, de
pleno direito, o contrato de ‘joint venture’ firmado entre a Ecometals e a Alto
Tocantins, ainda em 2007. Ele previa condições para a Ecometals embarcar o
minério e auferir dividendos com a venda, desde que cumprisse uma série de
obrigações e compensações ao Estado, coisa que sabidamente jamais aconteceu.
Entenda o caso
O fundador da Icomi, Augusto Trajano de Azevedo Antunes, nos áureos tempos do manganês. |
A mineradora Icomi S.A. marcou época no Amapá, na década de
1950, instalando em Serra do Navio o maior projeto industrial da Amazônia.
Foram anos de glória para o então Território do Amapá e sua gente, por quase 50
anos. As atividades foram paralisadas em 1997, um ano depois da morte do
fundador da empresa, o empresário Augusto Antunes. A empresa alegou que as minas
estavam exauridas. Seus herdeiros, os netos Mário e Guilherme Frering,
decidiram vender a Icomi, que vinha tentando uma saída digna do estado, que
relutada em aceitar.
O negócio foi consumado em 2004, quando a Icomi foi vendida
por um valor simbólico – R$ 1 real – diante de um passivo estimado em mais de R$ 100 milhões. O comprador foi o empresário Jorge Augusto Carvalho.
Mas os herdeiros de Antunes teriam colocado uma condição adicional: que o nome Icomi
fosse preservado e não se utilizasse a marca por determinado tempo. Daí surge a
marca Alto Tocantins. Ocorre que sob a batuta de Jorge Augusto os negócios
definharam e ele não conseguiu tornar viável as operações da Tocantins. Foram
anos e anos de confusões envolvendo disputas judiciais, especialmente após a
chegada da Ecometals, que propôs parceria através do fatídico contrato de Joint
Venture, que jamais saiu do papel.
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Desembargador diz que Ecometals não tem legitimidade para requerer manganês
“Serra do Navio e o Amapá são sim viáveis, por isso a Icomi está de volta”
Recomeço:
Os novos controladores da Icomi S.A. são a Brica do Brasil e a Durbuy Natural Resorce |
Em 2012, um grupo de investidores da Coreia do Sul,
através da empresa Brica do Brasil e da coreana Dubuy Natural Resorce, decidiu que era sim possível salvar o
projeto de ressuscitar os negócios com manganês de Serra do Navio. O caminho
foi a contratação de uma completa auditoria sobre os ativos e passivos da velha
Icomi, para se levantar todas as possibilidades e retomar as atividades. A
Brica do Brasil então assumiu o controle acionário e reassumiu a verdadeira
identidade da Icomi, abandonando a marca Alto Tocantins, passando então a
implementar medidas saneadoras para poder operar. Um acordo judicial foi feito
em 2013, sob a mediação do Ministério Público do Estado, apontando as
condicionantes para a volta da Icomi às suas atividades, entre elas a retomada
do PRAD (Programa de Recuperação de Áreas Degradadas), a revitalização do
Manganês Esporte Clube, apoio para a RPPN Revecom, assim como do Parque
Zoobotânico de Macapá e até a criação do Museu do Manganês.
Mas até hoje a Icomi não teve seus licenciamentos
completamente concedidos. A Ecometals passou a ser a principal pedra no sapato
e editando verdadeiras batalhas judiciais que só protelaram a retomada do
projeto mineral na Serra do Navio. Foi um ganha e perde aqui e acolá, com a
maioria dos litígios sendo dirimidos nas Cortes Superiores, em Brasília, cidade
onde a Icomi também aposta suas fichas para obter o direito de retomar suas
atividades, a partir da regularização do direito minerário, que ela alega
jamais ter renunciado.
O atual presidente da Icomi S.A. é o sul-coreano Yong Il
Chung, que já fala um português bem razoável, mas que mantém uma postura de
discrição, com raríssimas aparições na mídia. O estilo reservado, tipicamente
oriental, para analistas é devido ao foco em resolver todos os obstáculos para
finalmente apresentar as credenciais da Icomi, seus investidores e os planos
que tem para implantar no Amapá.
Importante e Fundamental que a Empresa ICOMI S/A, venha novamente pra contribuir com o desenvolvimento do Estado do Amapá e ofertar geração de empregos, com qualidade de vida aos funcionários, como nas épocas passadas,dos anos 60, 70 e 80, principalmente...
ResponderExcluirComo serrana que sou torço para um desfecho bom para essa novela que se tornou a passagem dessas empresas tentando suceder a Icomi.
ResponderExcluirLi outro dia uma entrevista do novo acionista da Icomi e fiquei feliz em saber que eles pretendem honrar a memória do fundador Augusto Antunes.
Obrigado amigos, pela leitura e pelos comentários, muito edificantes para esse post.
ResponderExcluirÉ de Uma estupidez primária o entendimento da posse deste Mangabes lavrado que fora da Icomr antes dela ir a Londres procurar sócios investidores para exportar o mesmo. De fato que agora após a decisão final do STJ por unanimidade (em 26/09/2018) reconheceu o contrato de Join Venture o qual a Icomi vende o minério a empresa Ecometals, encerrando belissimamente o embrólio judicial instaurado pelos juízes e desembargadores do Estado do Amapá. Um Tribunal de excelentíssima competência como o STJ, de pessoas honestas e muito bem preparadas, nos dá força e serenidade para continuar acreditando na Justiça deste país.
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