Sede da administração municipal, em Macapá (AP) |
Fonte: Comunicação Firjan
Rio de Janeiro - Apenas 43 cidades em toda a Região Norte apresentaram boa gestão fiscal, nenhuma conquistou o grau de excelência. É o que aponta o Índice FIRJAN de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado nesta quinta-feira, dia 10, pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), com base em dados oficiais de 2016 declarados pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Manaus ficou em primeiro lugar entre as capitais, com nota 0,7651 e Macapá (0,4769), em penúltimo, em situação de crise fiscal.
Rio de Janeiro - Apenas 43 cidades em toda a Região Norte apresentaram boa gestão fiscal, nenhuma conquistou o grau de excelência. É o que aponta o Índice FIRJAN de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado nesta quinta-feira, dia 10, pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), com base em dados oficiais de 2016 declarados pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Manaus ficou em primeiro lugar entre as capitais, com nota 0,7651 e Macapá (0,4769), em penúltimo, em situação de crise fiscal.
O
objetivo do estudo da Federação é avaliar como são administrados os
tributos pagos pela sociedade, já que as prefeituras são responsáveis
por administrar
um quarto da carga tributária brasileira, ou seja, mais de R$ 461
bilhões, um montante que supera o orçamento do setor público da
Argentina e do Uruguai somados. O índice varia de 0 a 1 ponto, sendo que
quanto mais próximo de 1 melhor a situação fiscal do
município. Cada um deles é classificado com conceitos A (Gestão de
Excelência, com resultados superiores a 0,8 ponto), B (Boa Gestão, entre
0,8 e 0,6 ponto), C (Gestão em Dificuldade, entre 0,6 e 0,4 ponto) ou D
(Gestão Crítica, inferiores a 0,4 ponto).
O estudo mostra que 937 prefeituras desrespeitaram a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e não declararam ao Tesouro Nacional como gastam os recursos públicos. Entre os cinco estados menos transparentes, três são da Região Norte. O Amapá lidera essa estatística: 14 de suas 16 cidades não apresentaram suas contas. Em seguida vem o Pará, com quase dois terços das prefeituras sem entrega de dados, e Roraima com quase metade das cidades sem declaração de suas contas. Os municípios que não declararam suas contas até 3 de julho não puderam ser avaliadas no IFGF. Rondônia foi o único estado brasileiro em que todas as cidades apresentaram suas contas.
Manaus
é a única cidade do Amazonas com boa gestão fiscal. A capital
amazonense obteve nota máxima no indicador Receita
Própria graças ao esforço para aumento da arrecadação. Também conseguiu
nota A no quesito Investimentos por ter investido mais de 20% de seu
orçamento, graças a um empréstimo junto ao BIRD (Banco Internacional
para Reconstrução e Desenvolvimento). Todos os
demais municípios do estado estão em situação fiscal difícil ou
crítica. A cidade com pior desempenho foi Urucurituba (0,1650).
Parintins, uma das maiores, não apresentou seus dados à STN.
Macapá
foi avaliada com conceito crítico em Receita Própria, Gasto com Pessoal
e Investimentos. A cidade extrapolou o teto
de 60% da Receita Corrente Líquida (RCL) com pagamento do
funcionalismo, desrespeitando a LRF. Em Custo da Dívida e Liquidez, o
conceito foi A. No conceito geral, a capital ficou Conceito C. A outra
cidade do estado que declarou suas contas foi Vitória do
Jari (0,4758), também em situação difícil.
Tocantins
e Rondônia foram os estados do Norte com mais cidades com boa gestão
fiscal, com 17 e 13 municípios, respectivamente,
nesta situação. No primeiro, a melhor do ranking estadual foi Porto
Nacional (0,7695). Palmas (0,5746) ficou em 23º no estado, em situação
difícil segundo o levantamento da FIRJAN. Em Rondônia, São Francisco do
Guaporé (0,7359) lidera o ranking do estado,
já a capital, Porto Velho, recebeu nota 0,5807, o que a classifica em
situação fiscal difícil.
No
Pará, só nove municípios apresentaram boa gestão fiscal, com destaque
para Tucumã (0,7889), a melhor do estado. Belém
(0,6010) ficou em 8º no ranking estadual. Entre as maiores cidades
paraenses, Ananindeua (0,4451), Santarém (0,4676) e Marabá (0,3268)
apresentam quadro de crise fiscal.
Roraima teve apenas duas cidades com boa gestão fiscal:
Boa Vista (0,6950) e Amajari (0,6532).Enquanto, o estado do Acre teve apenas uma cidade: Rio Branco (0,6854).
Crise fiscal leva prefeituras brasileiras
ao menor nível de investimento em onze anos
Escolas e hospitais, além de ruas pavimentadas e iluminadas, são exemplos de investimentos que, por conta da
crise fiscal, diminuíram de forma significativa no país. Em 2016, em
média, apenas 6,8% do orçamento das prefeituras foi destinado aos
investimentos, o menor percentual em onze
anos. Em comparação com o ano anterior, as
cidades brasileiras deixaram de investir R$ 7,5 bilhões, mesmo sendo o
último ano de mandato dos prefeitos, aquele em que geralmente são
investidos, em média, 20% a mais do que nos três anos
anteriores.
O IFGF revela que 86% das cidades analisadas registram situação fiscal difícil ou crítica. Apenas 13 apresentaram gestão de excelência. Se não fosse a Lei da Repatriação, que destinou R$ 8,9 bilhões aos municípios, o cenário seria ainda pior. O Sistema FIRJAN destaca que o quadro é tão grave que 2.091 cidades estão ilegais por descumprirem alguma exigência das principais legislações sobre finanças públicas, principalmente a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
A
Federação das Indústrias aponta que um dos principais problemas dos
municípios é o elevado comprometimento do orçamento com despesas
obrigatórias, entre elas o
pagamento do funcionalismo público. Em momentos de queda de receita,
como o atual, essas obrigações dificultam a adequação das despesas à
capacidade de arrecadação, deixando as contas extremamente expostas à
conjuntura econômica. Com isso, os investimentos
são muito afetados. De acordo com o estudo, quatro em cada cinco
municípios brasileiros (80,6%) receberam conceito C (gestão em
dificuldade) ou D (gestão crítica) no indicador de Investimentos. Isso
significa que 3.663 cidades não investiram sequer 12% do
orçamento. Quase dois terços desses municípios estão concentrados nas
regiões Sudeste (33,9%) e Nordeste (31,6%). Além da Bahia, os estados de
Minas Gerais e São Paulo concentram o maior número de cidades com baixo
investimento. No Sul do país, 32% das cidades
possuem conceito A (gestão de excelência) ou B (boa gestão), o maior
percentual entre as regiões.
A
FIRJAN também ressalta que, diante de um orçamento cada vez mais
engessado, as prefeituras têm postergado despesas para o ano seguinte
para ajustar as contas.
Em 2016, 715 prefeitos (15,7%) adotaram essa
estratégia e não deixaram recursos em caixa para cobrir os restos a
pagar, o que é proibido pela LRF. Por isso, essas cidades ficaram com
nota zero (situação crítica) no indicador de Liquidez
do estudo. Ao todo, essas prefeituras deixaram uma conta de mais de R$
6,3 bilhões para os próximos gestores. Neste grupo, estão as capitais
Campo Grande (MS) e Goiânia (GO). A região Sudeste é a que apresenta a
pior situação, com 335 (23,1%) prefeituras que
encerraram o mandato com mais restos a pagar do que recursos em caixa.
Com
relação à Receita Própria, o índice mostra que 81,7% das cidades
brasileiras ficaram com conceito D (crítico), apontando que 3.714 não
geraram nem 20% de suas
receitas no ano passado. Este é o indicador com o pior resultado no
estudo, reflexo da crônica dependência das transferências federais e
estaduais. Além disso, as prefeituras comprometeram, em média, 52,6 % do
orçamento com a folha de pagamento dos funcionários,
sendo que 575 delas ultrapassaram o limite legal para este tipo de
gasto, ficando com nota zero no indicador de Gastos com Pessoal, e 406
já atingiram o limite prudencial de 57% da RCL.
Já o Custo da Dívida
apresenta o melhor resultado entre os indicadores. Do total dos
municípios analisados, 91,9% receberam conceito A ou B. Isso mostra que a
contratação
de dívida não tem sido uma opção para fechar as contas da grande
maioria das prefeituras, até pelo pouco acesso ao crédito, que é mais
facilitado para grandes cidades.
Cinco cidades de SP estão
entre as dez melhores do país
O IFGF apresenta panorama completo e inédito da situação fiscal de 4.544 municípios brasileiros, onde vivem 177,8 milhões de pessoas (87,5% da população brasileira). Não foram analisadas 1.024 cidades que até 3 de julho deste ano não tinham seus balanços anuais disponíveis para consulta ou estavam com as informações inconsistentes.
No
ranking geral, o município de Gavião Peixoto, em São Paulo, apresenta o
melhor resultado do país. Em seguida, estão São Gonçalo do Amarante
(CE),
Bombinhas (SC), São Pedro (SP), Balneário Camboriú (SC), Niterói (RJ),
Cláudia (MT), Indaiatuba (SP), São Sebastião (SP) e Ilhabela (SP). A
líder Gavião Peixoto apresenta pontuação mais de dez vezes superior à
última colocada no índice, Riachão do Bacamarte,
na Paraíba.
Atrás
de Manaus, o Rio de Janeiro (RJ) ocupa a segunda posição no ranking das
capitais, com conceito B no índice. A segunda maior metrópole registrou
grande capacidade de arrecadação, gerando mais de dois terços de suas
receitas – nota máxima no IFGF Receita Própria. Em ano olímpico, mesmo
com a queda real das receitas, a cidade manteve elevado nível de
investimentos, mas à custa de uma redução expressiva
do caixa da prefeitura. Em 2016, foram investidos 18,2% de sua RCL
(conceito A no IFGF Investimentos), mas a relação entre a
disponibilidade de caixa e os restos a pagar atingiu o menor nível desde
2006: 3% da RCL, o que deixou a cidade com conceito C no IFGF
Liquidez.
O pior resultado entre as capitais é de Campo Grande (MS). Já Florianópolis (SC) não divulgou
seu balanço anual
no
prazo estipulado pela LRF. No geral, as capitais registraram menor
dependência das transferências de estados e da União, melhor gestão de
restos a pagar e comprometeram menos o orçamento com gastos de pessoal.
Outro lado
A reportagem não conseguiu retorno das ligações para a assessoria da Prefeitura de Macapá. Informações extraoficiais, entretanto, dão conta de que a administração municipal não teve ainda conhecimento sobre o resultado do estudo, tampouco sobre a metodologia empregada. Ao longo desta sexta-feira é aguardado um posicionamento do governo municipal.
Outro lado
A reportagem não conseguiu retorno das ligações para a assessoria da Prefeitura de Macapá. Informações extraoficiais, entretanto, dão conta de que a administração municipal não teve ainda conhecimento sobre o resultado do estudo, tampouco sobre a metodologia empregada. Ao longo desta sexta-feira é aguardado um posicionamento do governo municipal.
O IFGF, com rankings, análises e dados específicos de cada município analisado, pode ser consultado através deste link:
www.firjan.com.br/ifgf.
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