Dona Isa, em seu observatório da vida social da cidade, a pequena venda de café e almoço em Macapá |
Sem comemorações oficiais para o importante dia de hoje – promulgação
da Constituição da República – que criou o Estado do Amapá, o Blog localiza uma
personagem que sabe muito bem a importância daquele distante 05 de outubro de
1988. Na verdade dali em diante foram todos os acontecimentos sociais e políticos que esta
protagonista silenciosa testemunhou bem ali atrás das avenida mais importante
de Macapá, praticamente nossa Praça dos Três Poderes.
Ela é do tipo “despachada” como se diz por aqui. Maria de
Nazaré Cordeiro Pereira, 67, a “Isa”, não é de passar recibo, diriam outros.
Mas o fato é que esta paraense que chegou ao Amapá aos seis anos de idade é o
que se pode dizer “uma figura”, com seu jeito falante e valente, em que pese o
metro e meio de estatura. Mais antiga moradora da Rua Machado de Assis, entre
as Ruas Leopoldo Machado e Jovino Dinoá, no Centro de Macapá, ela é uma
testemunha ocular das mudanças que a cidade já passou.
"Vi gitinho"
Fala com desenvoltura das pessoas importantes da cidade que
ele viu ainda crianças, "vi gitinho", como o ex deputado Lucas Barreto, os atuais deputados Júnior Favacho, Fabrício Furlan, o advogado Charles Bordalo, além de outras que ela trata na
intimidade apenas como “vizinha”, como a promotora de justiça Andréa Guedes.
Também conviveu com empresários, magistrados, médicos e gente da noite. Sua
pequena casa de madeira fica ao lado de mansões e empreendimentos como bares
requintados e, claro o prédio do Parlamento Estadual.
Dona Isa – que nem gosta de ser chamada assim – ou
simplesmente Isa, enumera os governadores que ela viu tomar posse nas viradas
de ano (anteriormente a posse ocorria à meia-noite do dia 1º de janeiro), um
deles o atual Waldez Góes. “Quando ele assumiu o cargo a primeira vez, em 2003,
não saiu pela frente, mas aqui pela rua de trás onde aconteceu a festa com a
militância dele”, recorda Isa, que raramente vai à Assembleia Legislativa.
Mas ela conta fatos mais antigos, quando foi praticamente
uma das primeiras moradoras a chegar ali, até então uma área de mato alto no entorno da pista de pouso de Macapá. “Não tinha nem asfalto na pista, os aviões
pousavam na terra mesmo”, diz Isa, mãe de seis filhos (um já falecido) e que
teve que se virar para cria-los só após a separação do marido, chamado
Protázio, então funcionário da Prefeitura.
Aprendeu a bordar, tricotar, cozinhar e até chegou a
trabalhar como faxineira por alguns anos para órgãos públicos, mas logo
deixando de lado para empreender. Vendia tacacá, chopp, vatapá, bolos e criou
nome vendendo comida caseira, fornecendo para trabalhadores de empresas
próximas e principalmente para servidores públicos, pois por muitos anos foi
vizinha também de um cartório eleitoral.
Hoje ela mantém o que gosta de definir como sua “baiuca” em
frente à sua casa. Abre cedo para fornecer café da manhã e fecha lá pelas duas
da tarde, quando “os meninos” e “as meninas” já almoçaram sua comida caseira
que ela anota o “fiado” num velho caderno de arame. Na verdade nem precisaria, pois sabe de cabeça quanto cada um deve...
Que figura!
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