O crescimento econômico brasileiro tem pela frente um
problema quase intransponível, que demanda tempo e decisão política firme. É
que esbarramos no gargalo de nossa infraestrutura, insuficiente, e a existente
sucateada e sem condições de uma recuperação rápida. Não se estende somente aos
aeroportos, agora na moda com a Copa e a Olimpíada — mas à malha viária que faz
circular a produção. Quando — há quase 30 anos — eu levantei a necessidade de
olharmos para as ferrovias, recebi uma saraivada de leviandades, quase toda de
parte de um retrógrado empresariado de São Paulo, defendendo as rodovias e
afirmando que o sistema de estradas de ferro estava em declínio em todo o
mundo. Essa tese, reverberada por um grupo de políticos que olhava a sucessão e
não a salvação do país, sustentava que a Norte-Sul ligava o nada a coisa
nenhum.
Nunca se construiu tanta ferrovia no resto do mundo como nestas últimas décadas. A Rússia e a China estão sendo cortadas por longas linhas interligando a totalidade de seus territórios e estabelecendo cruzamentos onde o transporte modal agiliza e integra. Ainda há a considerar o avanço da tecnologia nessa área, com os trens de alta velocidade que transportam não somente passageiros, mas mercadorias — commodities, grãos, containeres, carga geral — que, embora não necessitando de 300 quilômetros por hora, andam a cem e até a cento e cinquenta, verdadeiras esteiras rolantes que dão vazão ao escoamento e à circulação do que se exporta, consume e produz.
Antigamente a ferrovia era o transporte mais moderno. Depois de uma longa crise, entrou em declínio, mas hoje todos estão de acordo que é o transporte para o futuro e para o presente, que de sua ausência se ressente.
Pensei e estabeleci duas grandes ferrovias, além de terminar a Ferrovia do Aço e a recuperação de nossos velhos trilhos: eram os sonhos da Norte-Sul, já falada, e da Leste-Oeste, que com acordos com outros países poderia chegar até o Pacífico.
Agora leio que a coordenadora de grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agro-Industrial da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz — famosa e de prestígio internacional —, professora Priscilla Nunes, diz que “o preço do frete tem uma tendência constante de alta, porque a infraestrutura logística não acompanha o crescimento da produção” e o Superintendente da Valec, Mauro Ramos, diz que o “Itaqui é um gargalo para a Norte-Sul e não tem condições de nos atender quando a ferrovia chegar ao Centro-Oeste”. Aí entramos no gargalo dos portos e basta a soma dos dois, de estradas e de portos, para barrar o crescimento do país. Temos de agir. Se não temos tsunamis, temos outras tragédias que estão aí a desafiar nossa capacidade de crescimento sustentável. O Itaqui é o maior porto do Brasil, com projeto de expansão aprovado, mas não anda. O Centro-Sul criou a mentalidade de que só ele existe e todos os olhos nele estão fincados.
Somos todos brasileiros, mas parece que vivemos de costas: o Sul rico e crescendo, o Norte e o Nordeste sofrendo porque não fazem parte do desenvolvimento nacional.
Nunca se construiu tanta ferrovia no resto do mundo como nestas últimas décadas. A Rússia e a China estão sendo cortadas por longas linhas interligando a totalidade de seus territórios e estabelecendo cruzamentos onde o transporte modal agiliza e integra. Ainda há a considerar o avanço da tecnologia nessa área, com os trens de alta velocidade que transportam não somente passageiros, mas mercadorias — commodities, grãos, containeres, carga geral — que, embora não necessitando de 300 quilômetros por hora, andam a cem e até a cento e cinquenta, verdadeiras esteiras rolantes que dão vazão ao escoamento e à circulação do que se exporta, consume e produz.
Antigamente a ferrovia era o transporte mais moderno. Depois de uma longa crise, entrou em declínio, mas hoje todos estão de acordo que é o transporte para o futuro e para o presente, que de sua ausência se ressente.
Pensei e estabeleci duas grandes ferrovias, além de terminar a Ferrovia do Aço e a recuperação de nossos velhos trilhos: eram os sonhos da Norte-Sul, já falada, e da Leste-Oeste, que com acordos com outros países poderia chegar até o Pacífico.
Agora leio que a coordenadora de grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agro-Industrial da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz — famosa e de prestígio internacional —, professora Priscilla Nunes, diz que “o preço do frete tem uma tendência constante de alta, porque a infraestrutura logística não acompanha o crescimento da produção” e o Superintendente da Valec, Mauro Ramos, diz que o “Itaqui é um gargalo para a Norte-Sul e não tem condições de nos atender quando a ferrovia chegar ao Centro-Oeste”. Aí entramos no gargalo dos portos e basta a soma dos dois, de estradas e de portos, para barrar o crescimento do país. Temos de agir. Se não temos tsunamis, temos outras tragédias que estão aí a desafiar nossa capacidade de crescimento sustentável. O Itaqui é o maior porto do Brasil, com projeto de expansão aprovado, mas não anda. O Centro-Sul criou a mentalidade de que só ele existe e todos os olhos nele estão fincados.
Somos todos brasileiros, mas parece que vivemos de costas: o Sul rico e crescendo, o Norte e o Nordeste sofrendo porque não fazem parte do desenvolvimento nacional.
José
Sarney
Ex-presidente do Brasil, senador da República pelo PMDB-AP, presidente do Congresso Nacional e acadêmico da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa
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