sábado, 17 de setembro de 2011

“Não vamos pautar nosso governo pela mídia”

A ex-governadora do Amapá, Dalva Figueiredo, hoje deputada fe-deral pelo PT, em segundo mandato, é tida como a maior liderança da legenda no Amapá e, como tal, fiel defensora das medidas que vem sendo adotadas pela presidente Dilma Rousseff na condução das denúncias contra ministros de seu governo. A parlamentar amapaense foi ontem ao rádio, conceder entrevista ao programa Conexão Brasília, da Diário FM, ocasião em que falou não apenas do que acha a respeito do que a imprensa nacional está chamando de “Faxina da Dilma”. Mais que isso, Dalva Figueiredo também discorreu sobre os grandes projetos em curso no Amapá com a ajuda de recursos federais, como a pavimentação da BR-156, que ela diz estar otimista que fique pronta em dois anos. Dalva também anuncia que está em curso uma série de medidas para tocar a pavimentação do trecho Sul da BR-156, que liga Macapá a Laranjal do Jari. Os principais trechos acompanhe a seguir.

CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO


Diário do Amapá
- Deputada, um dos eventos de sua agenda foi a audiência com o ministro dos Transportes quando obteve dele garantias de que a pavimentação da BR-156 está com tudo contratado e que vai sair, não é?
Dalva Figueiredo - Olha, nós fomos acompanhar o go-vernador do Estado, juntamente com o secretário Sérgio La Roque, eu, Janete [Capiberibe], Milhomen [Evandro], re-presentando a nossa bancada e lá nós tivemos uma conversa muito positiva com o ministro. E lá eu pude elogiar o trabalho do secretário La Roque, que deu um grande salto. O engraçado é que essa audiência deu para ver as diferenças de estilo.
Diário - Entre os ministros?
Dalva - Isso, pois o ministro Alfredo Nascimento era sempre muito atencioso e sempre recebia, encaminhava também as coisas, mas ele sempre chamava os técnicos para dar as informações. Agora nós chegamos lá com o ministro Paulo [Sérgio Passos] e ele tinha todas as informações, fez grandes questionamentos ao secretário [La Roque] e é por isso que eu o elogio porque respondeu a todas as perguntas, todos os questionamentos e nós sentimos um grande avanço.
Diário - A ponto de estar otimista, é isso?
Dalva - Sim, pois não é fácil a situação da BR-156, tem as questões indígenas, tem as questões ambientais que nós, tecnicamente, temos que resolver para ter uma obra com resultados políticos corretos, socialmente justos, ninguém tem o que reclamar. O potencial econômico da BR para a integração e o desenvolvimento do Estado é grande, todo mundo tem essa avaliação, mas ambientalmente falando, nós temos também que fazer uma obra responsável, daí a demora, daí a dificuldade, técnica, financeira do Estado.
Diário - Mas o importante é que está saindo, não é?
Dalva - Eu devo dizer que no Governo do Waldez nós chegamos até Calçoene, portanto tivemos um grande avanço. Mas a gente está conseguindo agora, nesse pouco tempo do Governo Camilo Capiberibe, dar um avanço grande também, superando esses problemas que empacaram a obra. Nós che-gamos a cogitar que essa obra ficasse sob a responsabilidade do DNIT, a bancada fez isso, eu mesmo dei entrevistas fazendo essa defesa e informei isso à época ao governador Waldez, que era lamentável, mas que infelizmente quando eu cheguei no Jari, onde sou uma das deputadas mais bem votadas, assim como em Oiapoque, as cobranças eram muitas. A gente faz o nosso papel do ponto de vista político e estou vendo esse salto agora, superando esses problemas.
Diário - E o que ficou acertado sobre a retomada dos outros trechos do asfaltamento da BR-156?
Dalva - Eu acho que o ministro virá aqui, até outubro, para o lançamento do segundo e do terceiro trecho. O go-vernador o convidou e ele acenou, diante de todo esse movimento do Governo do Estado, a respeito do trecho sul, essa é a novidade, pois o trecho norte está andando, mas o trecho sul não. O ministro acenou com essa possibilidade e o governador deu garantias de todas as gestões que precisam ser feitas e com isso veio essa manifestação receptiva.
Diário - Essa é uma obra que precisa, portanto estar baseada no tripé da sustentabilidade, ou seja, economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente sustentável?
Dalva - Exatamente, nós precisamos ajustar a nossa fala política, nossa proposta política, à nossa capacidade técnica dos especialistas, então nós temos que fazer exatamente isso, uma política pública que contemple esse tripé, pois em toda a nossa BR-156 nós temos áreas indígenas, áreas de preservação. O trecho sul não pode ser visto como um problema, nós temos que nos adequar a toda essa situação em que a BR-156 está contextualizada.
Diário - Qual é a previsão para que as obras iniciem no trecho sul, deputada?
Dalva - O compromisso é que ali pelo segundo semestre de 2012 as obras comecem. Todo esse período até lá vai ser feito o que? Segundo o secretário já está pronto o projeto executivo, a parte ambiental, então é toda a burocracia do projeto que precisa se adequar para contemplar esse tripé que você falou. De sorte que sendo otimista como sou, quero muito que o governo acerte, tanto o governo federal como o governo estadual.
Diário - Dá para se ter unidade da classe política em torno disso?
Dalva - Em que pese todas as divergências políticas, o povo do Amapá espera de nós um bom trabalho e eu vou morar aqui, vou continuar morando aqui, minha família, meus amigos, a população, então o que a gente quer? A gente quer que a BR gere emprego, que a ponte ajude o Amapá a ter novas perspectivas econômicas. Esta semana tivemos o anúncio pelo governo federal de que vamos ter um instituto federal de educação, então é isso que nós queremos, água, energia elétrica e o nosso trabalho é esse, enquanto eu estiver deputada, e espero que por muito tempo... [risos] Vou continuar trabalhando para todos os municípios, com qualquer governo que esteja aí, eu vou trabalhar para que a gente possa fazer a nossa tarefa.
Diário - Com relação ao trecho sul da BR ainda tem a possibilidade de vir a se tornar uma saída do Amapá, uma ligação com o restante do país, não é?
Dalva - Nós esperamos juntos inaugurar a ponte que vai ligar ao Pará, onde se tem outra BR, a 163, e temos uma rodovia estadual, portanto outra frente que nós vamos abrir, que nós queremos que essa obra seja federalizada para que possa interligar com a nossa BR-156 e ainda tema hidrovia.
Diário - E de lá ganhar outras regiões?
Dalva - Isso mesmo, isso significa uma população de 200 mil a 300 mil habitantes, um novo mercado, novas perspectivas.
Diário - Isso aconteceu na região Noroeste do Pará, a partir da ligação rodoviária e construção de pontes.
Dalva - Pois é, esperamos que a ponte faça isso também, mas para isso nós temos que montar os nossos equipamentos, educação, saúde, segurança, ou seja, investimentos.
Diário - A senhora falou que costuma ser cobrada nas viagens que faz aos municípios, seja no Laranjal do Jari ao Oiapoque. Quando foi governadora iniciou a implantação do orçamento participativo e como deputada as emendas participativas, então como se dá essa interatividade do seu mandato com a sociedade?
Dalva - Na verdade, no Executivo dá para ser mais am-plo, então a gente reúne com os movimentos, com as entidades, tirando delegados. Geralmente quem é presidente de associação de moradores, quem participa de associação de mulheres, movimento estudantil, movimento cultural, movimento esportivo, enfim, eles se organizam e participam pois é uma forma deles decidirem o orçamento. Você define quanto você vai investir e você mostra, o governador fez agora com o PPA [Plano Plurianual de Ações], então você mostra quais são as prioridades. É uma forma de você interferir junto aos vereadores, junto aos deputados estaduais que você quer, por exemplo, que o Governo priorize saúde, educação, você define quais são as nossas prioridades.
Diário - Não dá para não pedir um comentário seu sobre os recentes episódios em Brasília, que a mídia nacional chama de faxina da Dilma. Ela tem agido conforme a senhora esperava?
Dalva - Eu acho que sim. Eu tenho uma visão, não posso generalizar, a imprensa faz suas avaliações, mas eu sempre digo: no PT, no Governo, nós não vamos pautar nosso governo pela Folha de São Paulo e nem pelo Estadão. Eles fazem as suas avaliações, analisam a conjuntura, mas parte da imprensa quer cunhar o governo da presidente Dilma como se estivesse sujo, que precisasse de uma limpeza e isso não é verdadeiro. Eu concordo quando ela diz que tarefa do go-verno é combater a corrupção e sempre que houver denúncias de qualquer órgão ela vai investigar, então eu acho absolutamente correto num sistema democrático a denúncia e se não tiver condição de sustentar politicamente vai modificar, então eu acho que ela está no caminho certo.

Perfil

A amapaense Maria Dalva de Souza Figueiredo é natu-ral de Oiapoque, filha de pai militar e dona de casa. Foi professora formada pelo antigo Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA) e depois graduou-se em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Atuou no movimento de classe dos professores, foi dirigente sindical e concorreu como vice na chapa do governador João Capiberibe (PSB), em 1998, que foi reeleito. Quando ele se desincompatibilizou para disputar o senado, Dalva assumiu as rédeas do estado por nove meses. Depois disputou a reeleição no cargo, mas ficou em segundo. Concorreu à prefeitura de Macapá em 2008. Elegeu-se deputada federal em 2006, sendo reeleita em 2010.

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