Cleber Barbosa
Diário do Amapá - Faz algum tempo os senhores falavam na realização de uma Feira Náutica no Amapá, então para um empresário como o senhor, responsável pelo incremento do chamado turismo náutico dá para ter que tipo de expectativa em relação a esse evento?
Caetano Pinto - Macapá e o Amapá necessitam dessa divulgação, desse trabalho nessa área náutica e nós estamos trabalhando muito para que isso de fato ocorra, ou seja, que o nosso Estado tenha essa sua veia náutica dinamizada, o que é muito necessário.
Diário - A Marinha do Brasil fala muito sobre a importância das marinas e dos clubes náuticos, pois muita coisa pode ser administrada por eles como treinamentos e capacitação dos condutores, o que iria desafogar bastante a própria Capitania. O que o senhor acha disso?
Edir Pacheco - Exato, é verdade sim. A Capitania demonstra toda a boa vontade, com todo aquela gás, de quem como bom marinheiro gosta de ver a coisa a coisa acontecer, sempre de forma muito animada, tanto que dias atrás participamos do aniversário da Batalha Naval de Riachuelo, a data máxima da Marinha, onde foi organizou um coquetel que reuniu várias personalidades do Estado, então é uma instituição muito importante e perfeitamente entrosada com nossa sociedade.
Diário - E mobilizar a iniciativa privada, que é quem pode fazer com que tudo vire realidade não é mesmo?
Edir - Isso, ele faz a sua parte e pretende congregar todo o setor náutico do Amapá para que a gente possa conjuntamente apresentar alguns problemas que nós temos, que nós visualizamos e que a Marinha possa de alguma forma equacioná-los. Tanto que nós estamos nos propondo juntamente com o Sebrae, a Associação Comercial, Governo do Estado e Prefeitura a realizar um salão náutico em Santana.
Diário - A empresa que o senhor representa no Amapá começou fazendo a chamada internação de grandes embarcações fabricadas no exterior e que têm clientela no sul do Brasil não é?
Caetano - Não é nem internação. O pessoal usa essa expressão, mas internação é outra coisa. O foco nosso é barco de luxo, usando apenas um decreto estadual, pois a gente usava apenas o benefício do ICMS, ou seja, a gente não usava a Área de Livre Comércio e seus incentivos. Ao chegar ao Amapá e ao vermos essa possibilidade que tão bem, descreve o Edir, vimos que tendo uma loja aqui começaríamos de fato a desenvolver a náutica do Estado.
Diário - Em que pese toda essa mobilização o setor ainda se ressente de uma Marina bem estruturada em nossa região não é mesmo?
Caetano - Sem dúvida alguma. Para se ter uma ideia, se não tem estrada você chega de carro? Nunca! Nunca você vai ter um iate grande aqui porque vai para onde? No Porto do Grego, com todo respeito ao Porto dele.
Diário - Sem ser saudosista, mas antigamente os navios grandes do Estado, que faziam a rota Macapá/Belém atracavam no Trapiche Eliezer Levy, em Macapá, e depois de sua repaginação, digamos assim, nunca mais serviu de atracadouro para grandes embarcações. Dizem até que o píer do Santa Inês foi construído do lado errado. O que o senhor acha disso?
Edir - Olha, o píer do Santa Inês foi construído em uma época diferente, mas a finalidade foi sempre aquela mesmo, ou seja, um atracadouro para as embarcações que vinham das Ilhas [do Pará] e não para essa feira do Igarapé das Mulheres, no Perpétuo Socorro. Foi feito exatamente para que esses barcos que vêm de localidades como Chaves, Anajás, Afuá, Gurupá, enfim, essa região toda. Com relação aos navios do Governo, com a saída do Sest Navegação, como diziam os saudosistas como você falou, pertencia ao antigo Governo do Território Federal do Amapá, depois abriu-se uma lacuna, com a extinção da Senava, a saída do estaleiro que funcionava onde hoje está a Casa do Artesão, enfim toda essa desmobilização fez com que a navegação para Belém passasse a ser feita por Santana exatamente devido a essa questão de calado, pois lá você tem 24 horas de maré para carregar e descarregar passageiros e cargas. O porto de cargas que era todo concentrado no Trapiche Eliezer Levy passou para o Matapi [rio], dentro do Distrito Industrial de Santana.
Diário - O novo capitão dos portos encontrou muitas embarcações no estaleiro, em manutenção e a espera de reparos, mas está conseguindo lançar no mar algumas delas, para o serviço de fiscalização, o que é sempre positivo não é mesmo?
Caetano - Não tenha dúvida. Percebe-se com a chegada dele que vai ser um paradigma com aquela visão meramente de patrulhamento, ele chega para agregar mesmo, mobilizando o setor. Está de parabéns.
Diário - Já que o senhor representa o Sindicato das Empresas de Turismo, uma pergunta inevitável é saber quando vai acabar esse velho problema da falta de oferta de voos no mês julho, além dos altos preços encontrados pelos passageiros?
Edir - Exatamente, estamos vivendo um momento muito crucial e antigo mesmo para os amapaenses e que está coincidindo com a falta de segurança no sistema de comunicação via internet daqui, uma banda larga muito comprometida aqui em Macapá. Você começa a fazer uma operação de emissão de um bilhete pela internet na hora de fechar cai a tua conexão, então isso dificulta muito, atrapalha muito e quando você volta já não existe aquela vaga mais. Além disso os preços para as altas temporadas de julho e início do ano estão muito altos com alguns pontos de pico nas madrugadas quando por vezes consegue comprar por um preço menor, mas não para esse período. Para se ter uma ideia você encontra, por exemplo, o trecho Macapá/Belém em algumas épocas do ano por até R$ 70 ou R$ 100, mas para uma viagem mais urgente em cima da hora por até R$ 1,2 mil, um absurdo. Não tem parâmetro algum.
Diário - Obrigado pelos esclarecimentos.
Edir - Nós é que agradecemos!
Perfil
Entrevistados. O amapaense Edir Pacheco é empresário, mas com grande inserção na atividade política e também da administração pública. Foi diretor da EMTU, secretário municipal e dirigente da Associação Comercial do Amapá. Atualmente preside o Sindicato das Empresas de Turismo do Amapá. Caetano Soares Pinto é natural de Palmeira dos Índios, no Estado de Alagoas, onde mora parte de sua família. Ele chegou ao Amapá em 1992 para uma visita técnica que deveria durar três dias e acabou ficando três meses. Depois disso fez visitas esporádicas ao Estado até decidir fixar residência em Macapá em 2009, quando instalou uma representação da empresa multinacional do ramo náutico.
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