segunda-feira, 5 de março de 2012

"Turma do Chapéu" inclui Macapá na Volta pelo Brasil em 62 dias

Turma do Chapéu/Reprodução
Mapa do roteiro completo do Chapéu na Estrada desse ano, uma jornada de 25.822 km pelo Brasil

Sabrina Abreu - Ragga  

Eles acordaram cedo, em João Pessoa, para ver o Sol nascer no ponto mais oriental das Américas. Em São Paulo e Florianópolis, aproveitaram a noite até tarde. Andaram sobre a Linha do Equador, em Macapá e, lá, experimentaram colocar simultaneamente um pé no Hemisfério Norte e outro no Sul. Verificaram que o Acre existe de verdade. E que o jeito certo de pronunciar Roraima é com o primeiro "a" agudo. Foram recompensados com a vista dos Lençóis Maranhenses, depois de encarar uma estrada difícil. Viram beleza nos fogos de artifício do réveillon carioca e nas formas concretas de Brasília. 

Em 62 dias, sete jovens entre 18 e 23 anos visitaram todas as capitais brasileiras, no projeto Chapéu na Estrada, iniciativa do núcleo jovem do PSDB. A primeira e última parada foi Belo Horizonte, para onde voltaram tendo percorrido 25.822 quilômetros (mais que o suficiente para uma ida e volta à Austrália) e vivido incontáveis histórias, que serão editadas e transformadas num documentário e num livro, com lançamento previsto para setembro. O objetivo é chamar a atenção para os pontos fortes e fracos do país e inspirar mudanças no cenário nacional, catalisadas pelo engajamento dos jovens na política. 
Mateus  Machado/Divulgação
Jane viu o potencial do Norte e do Nordeste
“Não foi turismo. Foi pesquisa”, esclarece o estudante de direito da UFMG Alberto Lage, de 18 anos, participante do grupo. Como ele, Guilhermina Abreu e Ana Carolina Schiavon, também de 18, Marcel Beghini, Jane Paula e Guilherme Castro, de 20, e Felipe Souza, conhecido como Schuvartt, de 23, foram escolhidos para viajar, depois de vencerem o processo de seleção que começou com 512 inscritos. “Essa escolha se deu por mérito. O método para preencher cada vaga foi variado, incluindo uma prova e a votação aberta na internet”, conta Gabriel de Azevedo, subsecretário da Juventude do governo de Minas e um dos idealizadores do projeto.
Por ter sido uma viagem de pesquisa, além dos principais pontos turísticos de cada destino os sete tiveram a missão de chegar onde os visitantes que vão a uma capital geralmente, não chegam. Em Maceió (AL), presenciaram uma cena chocante, citada por todos: “Uma senhora se banhava na água fétida, na qual ninguém deveria sequer pisar”, palavras de Schuvartt, publicitário. Em Rio Branco (AC), visitaram o posto médico que deveria cuidar dos índios, mas não cumpria esse objetivo por conta da estrutura deficiente.
Também observaram atentamente inciativas que deram certo em capitais como Curitiba (PR), “onde o sistema de transporte público funciona de verdade”, como aponta Guilhermina, técnica em administração pelo Sebrae. Ou a Estação das Docas, em Belém (PA), parte revitalizada do porto que se transformou num dos principais atrativos de lazer e turismo paraense, com sala de cinema, restaurantes e lojas. 
DESCOBRINDO O BRASIL
A viagem que “redescobriu” o Brasil, como eles gostam de falar, revelou um país heterogêneo, no qual “as culturas e as demandas vão muito além do que vemos no Sudeste. O Norte e o Nordeste, por exemplo, parecem se sentir esquecidos pelas outras regiões, e isso é uma pena, pois eles têm tanto a oferecer”, compara Jane, estudante de literatura na UFMG.
O grupo também se mostrou diversificado, como a trilha sonora dos dois meses na estrada, que mistura Chico Buarque, The Strokes, Los Hermanos e a banda Calypso. Às vezes, percorrendo longas distâncias de ônibus, avião e navio, as diferenças complicavam o convívio. “Foi importante saber ouvir e ceder, ao longo do caminho, abrir mão da individualidade em prol do grupo. Isso também é política”, comenta Guilherme Castro, estudante de administração pública na Fundação João Pinheiro.
Há diferença, mas a similaridade entre os sete parece ser maior: a paixão pela política. Ana Carolina, aluna do mesmo curso e faculdade de Guilherme, lembra que desde a sétima série tinha o sonho de ir a todos os estados brasileiros. Mas, mais que esse chamariz inicial, a viagem e o processo de seleção foram interessantes porque ela, finalmente, encontrou outros jovens que gostam de conversar sobre política. “Antes, só meu pai falava disso comigo”, recorda.
No navio onde ficaram por três dias e meio, seguindo pelo Rio Amazonas de Manaus a Belém, entre ouvir música, ler ou observar os botos que apareciam ao redor do casco, qualquer conversa acabava em temas políticos ligados à segurança pública – como a greve da PM, em Salvador – ou a queda de mais um ministro do governo Dilma. Foi sentada em algum ponto dessa travessia, deitada na rede, que Guilhermina resumiu: “Os jovens não deveriam ser alienados das decisões que traçam o rumo do país. Precisamos ter poder. Não poder para ter, mas poder para fazer”.
QUER PARTICIPAR?
Neste ano, serão organizadas duas viagens: em julho, um grupo viajará pelas dez regiões de Minas Gerais. E em dezembro e janeiro, outra turma conhecerá as 27 capitais do Brasil. As inscrições serão abertas em março. Fique de olho no @turmadochapeu
Em cada cidade visitada, sete textos foram escritos focando as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), políticas públicas para a juventude, cultura local, entre outros temas (cada integrante abraçou um assunto). Além disso, há um diário de bordo, contando como foi cada dia na estrada. Confira mais informações sobre isso no site deles

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